16/08/2018
O presidente do CRM-PR, Wilmar Mendonça Guimarães, está em Brasília representando o Conselho no evento
O professor da Unifesp Nildo Alves Batista, que falou sobre avaliação para a docência, defendeu um envolvimento maior dos
professores, “que muitas vezes não conhecem o projeto pedagógico da instituição em que estão inseridos”. Para Batista, a docência
tem uma função muito ampla “somos facilitadores, assessores, planejadores, provedores de informações e, principalmente modelos
para nossos alunos”.
As dificuldades para encontrar professores para a Faculdade de Medicina da Universidade Federal
de Rondônia (Unir) foram destacadas pelo professora dessa faculdade Ana Lúcia Escobar, responsável pelo painel “Gestão Acadêmica
e Programas de Desenvolvimento Docente”. “A forma que estamos encontrando para superar este problema é incentivando os atuais
graduandos para que eles depois voltem para a instituição como professores”, contou. Outro desafio é a formação do professor.
“O problema é que a Lei de Diretrizes Orçamentárias não prevê a adoção da formação didático-pedagógica como pré-requisito
para acesso e progressão na carreira e os professores se negam a participar dos cursos de aperfeiçoamento”, argumentou.
O professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)) José Sebastião dos Santos, responsável pelo
painel sobre mérito acadêmico, relatou que a sua instituição também enfrenta dificuldades para atrair professores, principalmente
com dedicação exclusiva. “Tivemos vários editais desertos”, enumerou. Em sua fala, ele explicou quais são os critérios para
a progressão na carreira na FMUSP. “Depois de um grande trabalho de convencimento, conseguimos que fosse aceito o nosso argumento
de que deveriam existir critérios diferentes, pois os critérios de produtividade de um professor que trabalha com ciência
básica e outro que está no centro cirúrgico são diferentes”, explicou.
Os painéis foram seguidos pela apresentação
de uma conferência do ex-reitor da UFC Jesualdo Pereira Farias, que falou sobre o tema “Docente de hoje e visão do futuro”.
Farias criticou marcos regulatórios que impedem a inovação e avanços em sala de aula, como o impedimento de que professores
estrangeiros atuem em mais de uma universidade e as barreiras ao uso do ensino à distância. Também defendeu mudanças no ensino.
"O professor não deve se ater apenas ao ensino. Não adianta apenas ensinar conteúdo ao aluno. É preciso que ele desenvolva
habilidades como criatividade e flexibilidade", defendeu.
À tarde, os participantes do IX Fórum de Ensino Médico vão se reunir em grupos de trabalho para debater os temas discutidos nos painéis.
Amanhã (17), as atividades começarão com a conferência “Desenvolvimento do Projeto Sistema de Acreditação das Escolas Médicas
(Saeme)”, apresentado pelo coordenador executivo do projeto e professor da USP, Milton de Arruda Martins. Em seguida, secretária-executiva
do Saeme, Patrícia Zen Tempski, vai apresentar os dados atuais do projeto. As propostas aprovadas nos grupos de trabalho,
a serem apresentadas pelos coordenadores desses grupos a partir das 10h, vão subsidiar encaminhamentos do Conselho Federal
de Medicina (CFM) para a melhoria do ensino médico. O produto final do IX Fórum será a elaboração do III Caderno de Ensino
Médico do CFM.
Caderno
Durante o IX Fórum de Ensino Médico, foi lançado o segundo número do “Caderno de Educação Médica – Formação em medicina no Brasil: cenários de prática, graduação, residência médica, especialização e revalidação de diplomas”, que faz um resumo dos debates realizados no VIII Fórum de Ensino Médico, promovido em setembro do ano passado. O caderno, que foi elaborado pela equipe de relatores do VIII Fórum de Ensino Médico e organizado pela professora Hermila Tavares Vilar Guedes, está dividido em três eixos: proliferação indiscriminada das faculdades de medicina, residência médica e revalidação de diplomas. O Caderno pode ser acessado aqui.