23/08/2006

Curitiba: Saúde vistoria farmácias que manipulam remédios para emagrecer

Médicos prescrevem e farmácias aviam receitas para emagrecimento em desacordo com a lei, colocando em risco a saúde do paciente

A Secretaria Municipal da Saúde (Curitiba) está de olho nas farmácias de manipulação que preparam fórmulas para emagrecimento e nos médicos de clínicas e consultórios de estética. Para proibir abusos, a Vigilância Sanitária está visitando as 164 farmácias de manipulação em funcionamento na cidade, das quais 117 estão estrategicamente situadas na região central.

O motivo da fiscalização é que, contrariando normas técnicas e éticas, é comum a prescrição e o aviamento de receitas que prevêem a mistura de anorexígenos e outras substâncias de controle especial. "Essas associações colocam em perigo a saúde e o bem-estar das pessoas e são prescritas até para quem não precisaria recorrer a elas", alerta o técnico do serviço de vigilância sanitária da Secretaria da Saúde, farmacêutico Paulo Costa Santana.

A ação da Secretaria Municipal da Saúde começou na semana passada. É educativa e conta com o apoio da Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública de Curitiba, da Vigilância Sanitária Estadual e dos conselhos regionais de Medicina e de Farmácia. "Os médicos e farmacêuticos que não se adequarem e descumprirem a lei serão responsabilizados", avisa Santana.

A abordagem pretende sensibilizar os responsáveis técnicos das farmácias, para que evitem manipular receitas em desacordo com as normas em vigor, e esclarecê-los sob as sanções éticas, cíveis e penais que o descumprimento pode acarretar - tanto para quem receita como para quem avia a formulação. A expectativa é que os médicos também sejam desencorajados a continuar prescrevendo associações de medicamentos.

Alvo - Paulo Santana afirma que a ação da Vigilância Sanitária não pretende banir os anorexígenos. "É importante que as pessoas entendam que, por causa dos riscos que oferecem, eles devem ser indicados apenas em casos restritos de obesidade mórbida, de pessoas que precisam perder peso rápido para superar situações de risco. E os remédios devem ser preparados apenas em fórmulas isoladas".

Isso significa que, ao prescrever um dos três anorexígenos disponíveis no mercado - anfepramona, mazindol e femproporex -, o médico não deve misturá-los a outras substâncias controladas, no mesmo comprimido ou cápsula. Os anorexígenos também não podem ser ingeridos ao mesmo tempo com outras substâncias, ainda que cada uma esteja em formas de apresentação distintas.

Entre as substâncias incompatíveis com os anorexígenos - e que não devem ser formuladas em associação pelas farmácias, ainda que seja apresentada receita médica - estão os ansiolíticos (diazepan, nitrazepan e oxazolan), os antidepressivos (como a fluoxetina) e os diuréticos (como furosemide ou o fitoterápico espinheira santa).

O motivo da restrição é que as substâncias associadas aos anorexígenos podem provocar ou potencializar reações no paciente como irritabilidade, insônia, agitação, aumento da pressão arterial, dependência física ou psíquica e ainda agravar quadros de distúrbios mentais.


Público

Mesmo estando fora do grupo de pacientes com indicação de uso de anorexígenos, o receituário guardado nas farmácias mostra que as mulheres entre 20 e 35 anos, das classes média e alta, fazem parte do público que mais consome essas substâncias.

"Os riscos não justificam o benefício, que se traduz na perda de peso temporária e nos efeitos colaterais", diz Santana. Segundo o farmacêutico, o foco das pessoas insatisfeitas com o peso deve ser a reeducação alimentar, orientada por médicos e nutricionistas.

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