26/07/2018

Orientações para um procedimento estético seguro

Anvisa e conselheiro do CRM-PR esclarecem sobre o uso de substâncias como o PMMA e fazem recomendações de segurança

A morte da bancária Lilian Calixto, após complicações causadas por uma cirurgia plástica feita de maneira irregular, acendeu uma discussão sobre os cuidados e precauções que tanto os pacientes como os médicos devem tomar ao se realizar um procedimento estético. Um dos pontos principais nesse debate é utilização do polimetilmetacrilato (PMMA) e como ele deve ser administrado.

O PMMA é um componente plástico com diversas utilizações na área de saúde, entre elas a aplicação na forma de gel para o preenchimento cutâneo de pequenas áreas do corpo. No Brasil, o PMMA para preenchimento subcutâneo precisa ser registrado na Anvisa, pois é um produto de uso em saúde da classe IV (máximo risco). De acordo com o órgão, há registros de produtos para essa finalidade há mais de 10 anos no Brasil.

Um dos produtos que contém a substância é o Biossimetric, fabricado pela MTC Medical Comércio Indústria Importação e Exportação de Produtos Biomédicos Ltda, que exige aplicação por profissional médico habilitado e está autorizado para as seguintes aplicações pela Anvisa:

  • Correção de lipodistrofia (alteração no organismo que leva à concentração de gordura em algumas partes do corpo) provocada pelo uso de antirretrovirais em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

  • Correção volumétrica facial e corporal, que é uma forma de tratar alterações, como irregularidades e depressões no corpo, fazendo o preenchimento em áreas afetadas por meio de bioplastia.

A concentração de PMMA no produto varia e há indicações claras dos locais do corpo onde as aplicações podem ser feitas. De acordo com o fabricante, o produto pode conter 5, 10, 15 ou 30% de polimetilmetacrilato, apresentado em seringas plásticas de 1,0 mL ou 3,0 mL. Conforme a concentração do PMMA, o produto deve ser injetado nos locais descritos a seguir:

  • Biossimetric com 5% de PMMA: deve ser injetado na derme profunda.

  • Biossimetric com 10 ou 15%: deve ser injetado no tecido celular subcutâneo.

  • Biossimetric com 30%: deve ser injetado a nível intramuscular ou justa periosteal ou pericondrial.

Limite de aplicação

De acordo com as orientações do fabricante, aprovadas pela Anvisa, a dose utilizada é aquela estritamente necessária para a correção de defeitos tegumentares ou da pele. Portanto, depende de avaliação médica.

Nos casos de atrofia tegumentar da face secundária à AIDS, por exemplo, o fabricante do Biossimetric descreve que a quantidade necessária varia de 4 a 12mL para cada lado do rosto. Já em uma sequela de poliomielite com atrofia de musculatura da panturrilha, a dose utilizada se situa em 120mL, dependendo do volume desejado para a correção. Tal volume pode ser implantado de uma vez ou em etapas sucessivas, com 45 dias de intervalo, dependendo da elasticidade da pele de cobertura.

Somente por profissional habilitado

É muito importante ressaltar que o produto deve ser administrado por profissionais médicos treinados. Para cada paciente, o médico deve determinar as doses injetadas e o número de injeções necessárias, dependendo das características cutâneas, musculares e ósteocartilaginosas de cada paciente, das áreas a serem tratadas e do tipo de indicação. Em 2014, após a ocorrência de outro caso com morte, em Goiás, o Conselho Federal de Medicina emitiu nota sobre procedimentos invasivos, incluindo os de preenchimento estético.

A Anvisa também esclarece que o produto não é contraindicado para aplicação nos glúteos. Mas cabe ao profissional médico responsável avaliar a aplicação de acordo com a correção a ser realizada e as orientações técnicas de uso do produto.

Orientações do CRM-PR

Em matéria do Jornal Mundial News, da Rede Mercosul, o conselheiro e coordenador da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do CRM-PR, Afrânio Benedito Silva Bernardes, explicou como funciona a aplicação dessas substâncias injetáveis, como o PMMA, e em quais casos é permitido o seu uso. Além disso, ele também destacou a importância dos pacientes fazerem uma extensa pesquisa antes de realizar qualquer tipo de procedimento estético - se informar sobre o médico, verificar sua especialidade e o local onde será feito o atendimento, é essencial.

Você pode conferir a matéria na íntegra no vídeo abaixo:

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