Vimos um fenômeno interessante na época da pandemia. Todos nós enxergamos os assuntos relacionados sob um ângulo muito característico, como personalíssimo é o pensamento de cada um.

Explicamos diversos posicionamentos sobre os mais simples até os mais complexos temas de um vírus que vai da classificação de banal até mortal. Desde o negacionismo até o pânico. Não sem ter nuances intermediárias para todos os gostos imagináveis.

Nesse aspecto, todos temos potenciais conflitos de interesses. Porque se tenho filhos em idade escolar, quero que o ensino seja presencial. Se minha atividade econômica depende de atendimentos pessoais, sou a favor de liberar geral, com medidas sanitárias. Se não, sou a favor de limitações, ainda que parciais. Se tenho interesse em algum esporte, esse deveria ser liberado porque não representa riscos. Se abre ou se fecha. Se aumenta leitos ou se diminui. E assim por diante.

E ouso dizer que ao fim de tudo ‑ sim, porque um dia, que não se sabe quando ‑ tudo será passado e história. Os que viverem, verão que todos insistirão em suas teorias, desde a mais radical até a mais moderada.

Os que defendem uma ideia, persistirão na sua fé. E os céticos ainda resistirão às lavagens de mãos obrigatórias, por óbvio que possa parecer. Provavelmente as vacinas cumprirão seu papel, ainda que sem a adesão de todos e sem as certezas absolutas.

Não haverá consenso agora e nem futuramente. O aprendizado será a tolerância, porque muito próximo de nós teremos quem defenda exatamente o contrário da nossa crença.

As aulas e o trabalho serão híbridos, como são alguns motores de automóveis. E conviverão com a tradição, com discrição e sem debates ou discriminação. Simplesmente porque para cada situação há um melhor.

E as polêmicas, outrora de grandes paixões e argumentações, sobreviverão e serão atenuadas pelo esquecimento. Vez ou outra renascerão nas mídias.

Essa é a vista do meu ponto! Como disse, muito minha e de mais ninguém.

* Roberto Issamu Yosida é presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná.

** Artigo publicado no Portal Gazeta do Povo em 11 de dezembro de 2020.

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