A Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR) publica carta dirigida aos profissionais em que informa aos profissionais
sobre a importância da união da categoria para que os projetos de lei da residência médica sejam aprovados, e os reajustes
e benefícios garantidos. No documento a entidade nacional também afirma que encaminhará aos CRMs mais de 300 denúncias de
tentativas de desmobilizar e enfraquecer o movimento através de pressão de preceptores, ameaças de gestores, críticas e distorções
das reivindicações, e que os médicos residentes devem também denunciar através do e-mail criado especialmente com este propósito
href="mailto:denuncia@anmr.org" target="_blank">denuncia@anmr.org.
Leia a seguir o documento na íntegra.
Carta aos médicos residentes
Desde março, a ANMR está trabalhando para que os projetos de lei da residência médica sejam aprovados, e vem negociando
diretamente com o governo os reajustes necessários e a garantia dos benefícios. Após quatro longos meses de negociações sem
avanços (prazo este que nunca existiu em greves anteriores), o governo, em reuniões dos dias 13 de maio e 4 e 13 de agosto,
ofereceu a mesma proposta de 17%, negando o auxílio-moradia e a 13.ª bolsa e criando um grupo de trabalho interministerial,
que a princípio teria um prazo de 90 dias para debater o fomento e investimento da bolsa.
Com a greve, em seu primeiro dia, a proposta de 17% foi reapresentada com o valor de 20%, e posteriormente o grupo de
trabalho, antes de 90 dias, passou a ser permanente. Cientes dessas conquistas e da formação inédita desse grupo de trabalho
(certamente uma conquista histórica e de grande importância), esta proposta foi negada por unanimidade em todas as assembleias.
Temos certeza que já conseguimos vitórias expressivas, como temos convicção que, apesar da tentativa do governo e gestores
de maquiar a realidade, não somos pós-graduandos comuns; contribuímos de maneira fundamental para o atendimento da população
e para o faturamento de diversos hospitais. Por tudo isso, devemos ser devidamente valorizados.
Dia 23 de agosto, após uma semana de greve, o governo refez a mesma proposta negada pelas assembleias, solicitando uma
contraproposta para as negociações avançarem. Foi convocada a reunião da Comissão Nacional de Greve e, após deliberação deste
grupo, foi elaborada uma proposta de 28,7% de reajuste imediato - 10% para o próximo ano, com a inclusão dos seguintes itens
na pauta do Grupo de Trabalho Interministerial: auxílio-moradia e alimentação, 13º bolsa, reajuste residual para setembro
no próximo ano e remuneração dos preceptores. Essa proposta foi apresentada dia 26 de agosto na tentativa de mostrar flexibilidade
por parte dos residentes em resolver o impasse. Flexibilidade essa não demonstrada pelos responsáveis do governo, que mantiveram
a mesma proposta do dia 23 de agosto.
A ANMR não foi intransigente em nenhum momento durante as negociações, porém seremos intransigentes na defesa do que for
definido pela maioria das assembleias estaduais. A greve só terminará por decisão de todos os médicos residentes. Enquanto
isso, a ANMR continuará se dedicando integralmente à luta pelas decisões das plenárias e a auxiliar os residentes contra atitudes
deploráveis daqueles que desejam acabar com a greve na base da força, e não da negociação.
Colocando em perspectiva a pauta da ANMR e a contraproposta do governo, vale resgatar o histórico recente das últimas
duas greves dos residentes. Em 2001, a paralisação durou 40 dias e o reajuste foi de 35%, com o valor bruto da bolsa passando
de R$ 1.081 para R$ 1.459. Em 2006, a paralisação durou 32 dias e a correção foi de aproximadamente 30%, elevando a bolsa
de R$ 1.459 para R$ 1.916,45 (valor bruto, sem desconto de INSS e Imposto de Renda). O que pedimos este ano está no mesmo
patamar dos anos anteriores, e não é aumento real e sim reposição das perdas inflacionárias.
Pela trajetória das greves anteriores e cientes de que o impacto financeiro do aumento da bolsa é dividido entre diversas
esferas do governo, temos certeza de que o reajuste e os demais pontos da pauta serão alcançados, se estivermos unidos.
Infelizmente, tem havido várias tentativas de desmobilizar e enfraquecer nosso movimento: pressão de preceptores, ameaças
de gestores, críticas infundadas ao movimento, tentativas de divisão do movimento e distorções das reivindicações. Recebemos
mais de 300 denúncias desde o começo da greve, que serão encaminhadas à CNRM e às CRMs, para avaliação e medidas necessárias.
DENUNCIE: denuncia@anmr.org. Continuaremos com assessoria jurídica se precisarmos, para atitudes mais incisivas.
É imprescindível a adesão de 100% dos residentes. As greves anteriores só obtiveram sucesso pois mostraram a todo o País
quanto os residentes são indispensáveis. Mesmo essa paralisação sendo a maior e mais organizada dos últimos anos, é necessário
nos unirmos ainda mais, intensificando nesta semana nossas atividades, conforme orientação das assembleias da última sexta-feira.
Não cederemos às tentativas espúrias de acabar com nosso legítimo e justo movimento paredista.
Médicos residentes mantenham a força, que estamos todos juntos nessa luta. RESIDENTE É MÉDICO e precisa ser valorizado.
Abraços,
Nivio Lemos Moreira Junior,
Presidente da ANMR
Guilherme Salgado,
Vice-presidente da ANMR