O coordenador da Comissão de Parto Normal, José Fernando Maia Vinagre, declarou, nesta quarta-feira (25), que a ação civil
pública do Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP), impetrada contra a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),
reforça o trabalho do grupo vinculado ao Conselho Federal de Medicina (CFM). "Não só o CFM, mas a própria ANS e a Febrasgo,
estão preocupados com o incentivo do parto normal. Temos a certeza de que o número de partos cesarianos na saúde suplementar
brasileira extrapola os números considerados aceitáveis pelos outros países e pela Organização Mundial de Saúde (OMS)".
A Ação do Ministério Público exige que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) regulamente os serviços obstétricos
realizados por planos de saúde privados no país. Na proposta do MPF, a ANS deve determinar remuneração maior a ser paga pelo
plano ao médico que optar pelo parto normal em comparação à cesárea.
A situação preocupa o Conselho Federal. Segundo o coordenador da Comissão, para avaliar a causa desse número de cesáreas
e tentar revertê-las, o grupo realiza uma pesquisa junto aos ginecologistas e obstetras filiados à Febrasgo de todo o Brasil.
"O objetivo é conhecer a postura deles a respeito do assunto e o q pode ser feito para que se reverta esse alto número de
cesáreas", explica José Vinagre.
A pesquisa é realizada pela internet, por meio do Portal Médico. Clique
href="http://www.medico.cfm.org.br/pesquisaparto/" target="_blank">aqui para responder o questionário.
Índice elevado - Levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde em 2008 revelou que 43% de todos os partos realizados
no país são cesarianos. Na rede de assistência suplementar, o número de cesarianas representa 80% do total de partos. Os índices
são muito superiores ao que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 15%.
À época da divulgação desses números, o ministro José Gomes Temporão afirmou que o Brasil vivia uma "epidemia de cesarianas".
De acordo com o Ministério da Saúde, são registrados por ano aproximadamente 3 milhões de nascidos vivos no país. Destes,
2,1 milhões nascem em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) - 1,4 milhão de partos normais, 670 mil de cesarianas. Os dados
mais recentes do SUS, de 2009, indicam que as cesáreas representam 34% dos partos realizados no sistema de saúde pública.
Fonte: Conselho Federal de Medicina (CFM)