A Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) está discutindo alterações nos critérios para o diagnóstico da morte
            encefálica no Brasil. A ideia é diminuir o tempo para que seja identificada a condição e, com isso, minimizar o sofrimento
            de familiares, melhorar o uso de recursos e aumentar as chances de doação de órgãos. 
            
Cada país tem sua própria legislação no que diz respeito aos procedimentos e exames necessários para que seja diagnosticada
            a morte cerebral. No Brasil, desde 1997 (quando foi regulamentada a lei que dá ao Conselho Federal de Medicina a atribuição
            de definir esses critérios por meio de resolução), um paciente é diagnosticado com morte encefálica a partir de dois exames
            clínicos, um teste de apneia e exames complementares que podem variar de acordo com o hospital ou o caso do paciente. Os exames
            clínicos são feitos por dois médicos diferentes e com um intervalo mínimo de seis horas, o que faz com que todo o processo
            leve em média de 8 a 10 horas. Com as mudanças, que diminuiriam o intervalo entre os exames clínicos, esse tempo poderia ser
            reduzido para algo entre 4 e 6 horas. "É importante deixar claro que essa redução de tempo não torna o diagnóstico menos criterioso",
            ressalta a médica chefe da UTI do Hospital das Nações e representante do Paraná na Amib, Nazah Youssef. Segundo ela, há países
            em que é feito apenas um exame clínico. "Se no primeiro exame a morte encefálica é identificada, no segundo é realmente muito
            difícil que não se confirme", afirma. Nazah explica que quanto mais passa o tempo maior a degeneração natural do organismo
            e a chance de uma doação completa diminui. A proposta está em consulta no site da Amib, pelo qual podem participar profissionais
            intensivistas associados. Não há um prazo para que sejam feitas as colaborações. Depois de encerradas, a Amib ainda deverá
            elaborar um texto com a proposta e levá-la ao Ministério da Saúde.
            
Médicos
            No fim do ano passado, a Câmara Técnica de Morte Encefálica do Conselho Federal de Medicina (CFM), entregou ao Ministério
            da Saúde um documento - denominado "Suporte Clínico para pacientes críticos em Risco de Morte Encefálica" - que reúne informações
            e orientações para facilitar o trabalho dos profissionais que atuam nas UTIs em relação ao suporte clínico a pacientes em
            risco de morte encefálica. O coordenador da Câmara Técnica e conselheiro do CRMPR, Gerson Zafalon Martins, reconhece a necessidade
            de reavaliar o protocolo, uma vez que desde 1997, quando foi instituído, houve avanços em tecnologias e medicamentos. No entanto,
            ele não confirma a intenção de reduzir o tempo entre os exames clínicos. "Estamos reavaliando o protocolo. Temos que nos adaptar
            aos avanços da medicina e por isso nos preocupamos em melhorar a aplicabilidade dos critérios para identificação da morte
            encefálica com o intuito de aumentar os diagnósticos. Para isso fizemos esse documento que orienta os profissionais", afirma.
            
"Com a entrega do documento nosso objetivo é conseguir que o Ministério da Saúde e o Sistema Nacional de Transplantes
            transformem esse documento em cartilhas e essas sejam enviadas a todas as UTIs brasileiras, fazendo com que os profissionais
            tenham acesso às informações te possam ter mais subsídios para trabalhar na identificação e diagnóstico da morte encefálica",
            explica.
            
O documento foi dividido em vários tópicos como:
            
- Dificuldades técnicas para se obter o doador ideal;
            
- Fisiologia da morte encefálica;
            
- As disfunções orgânicas como uma epidemia;
            
- Ausência de respostas claras para perguntas simples;
            
- O conceito de terapia guiada por metas;
            
- Parada respiratória;
            
- Instabilidade hemodinâmica;
            
- Pan-hipopituitarismo;
            
- Pioquilotermia.
            
Entre os tópicos, destaque para "Fisiologia da morte encefálica". Pois passa por etapas bem definidas e que poderão ser
            usadas para auxiliar no diagnóstico e tratamento das inúmeras disfunções orgânicas associadas com essa condição.
            
O Conselho Federal de Medicina está preparando o 1.º Fórum sobre Doação de Órgãos e Tecidos. Inicialmente o evento está
            programado para o dia 18 de março de 2011, data que ainda será confirmada pela organização.
            
Exames
            Confira os passos para o diagnóstico da morte encefálica:
            
> São feitos dois exames clínicos com intervalo mínimo de seis horas entre cada um, por médicos diferentes para avaliar
            os reflexos do paciente.
            
> Teste de apneia por 10 minutos para verificar a capacidade do paciente de respirar. Caso ainda esteja vivo, ao atingir
            um nível determinado de gás carbônico no organismo o paciente responderá retomando a respiração.
            
> Exames complementares para demonstrar ausência de atividade elétrica cerebral.
            
Fonte: 
href="http://www.gazetadopovo.com.br/saude/conteudo.phtml?tl=1&id=1031642&tit=Associacao-quer-mudar-diagnostico-de-morte-cerebral"
            target="_blank">Gazeta do Povo com dados da Plano A.