22/09/2021

Boa Esperança do Iguaçu, no Sudoeste, é o único município do Paraná sem óbito por Covid-19

Pesquisa mostra que 29 cidades do Brasil não tiveram nenhuma morte. Outros pequenos centros urbanos do Estado tiveram uma ou duas mortes, como São Pedro do Paraná, Pinhal de São Bento, Nova Aliança do Ivaí e Paulo Frontin

Em todo o Brasil existem apenas 29 municípios que não registraram mortes por Covid-19 desde o início da pandemia, em fevereiro de 2020. Os dados são do pesquisador Wesley Cota, doutorando da Universidade Federal de Viçosa, que compilou as informações das secretarias de saúde de todo o Brasil. Entre esses municípios privilegiados consta Boa Esperança do Iguaçu (Sudoeste), único do Paraná a figurar nessa lista. O município de 2.470 habitantes, que fica a 490 km da Capital, teve até agora 217 casos confirmados de coronavírus, dos quais 211 pacientes estão recuperados. Outros 241 casos foram confirmados e há um paciente sob monitoramento. Os esperancenses do iguaçu vacinados somam 1.837. Não há nenhum médico com indicação de residência na municipalidade. Os que ali atendem vêm de regiões vizinhas.

clique para ampliarclique para ampliarBoa Esperança do Iguaçu tem 2.470 habitantes. (Foto: Arquivo)

No Paraná há ainda outras municipalidades com baixo número de pessoas contaminadas e mortas pela doença. Pinhal de São Bento, com seus 2.737 habitantes, teve uma morte e mais 196 casos de contágio, sendo que 193 estão recuperados. São Pedro do Paraná também registrou só uma morte entre seus 2.289 habitantes. Outros 230 foram contaminados, sendo que 223 estão recuperados. Nova Aliança do Ivaí (1.551 habitantes), uma das menores cidades do Paraná, teve somente duas mortes (148 infectados, 145 recuperados), a exemplo de Paulo Frontin (7.387 habitantes), que teve 407 casos de infecções, e de São Manoel do Paraná (2.163), com 210 diagnosticados e 207 recuperados. O Paraná contabilizava até terça-feira (21), 38.339 mortes e 1.488.025 casos de Covid-19.

O prefeito de Boa Esperança do Iguaçu, Givanildo Trumi, afirma que para conseguir esse feito ele foi obrigado a tomar medidas que não foram muito populares. “Tivemos problemas ao adotar medidas de fechamento do comércio. Os empresários ficaram descontentes, pois deixaram de realizar atividades lucrativas para cumprir o decreto de fechar tudo. Eu avalio que uma vida não tem preço, e consegui provar que essas ações foram eficazes. Ninguém perdeu a vida aqui em Boa Esperança do Iguaçu”, valorizou Trumi. Ele ressaltou que isso ocorreu mesmo com o trânsito de pessoas que se dirigiam aos municípios vizinhos. Cruzeiro do Iguaçu, que fica a 10 km de distância, teve 14 mortes; Nova Prata, que fica a 15 km, teve 23 mortes; e Dois Vizinhos, que fica a 23, 2 km, contabiliza 99 mortes.

clique para ampliarclique para ampliarVista aérea de Boa Esperança, que fica a 490 km da Capital. (Foto: Arquivo)

O prefeito relata que também foram proibidas aglomerações, partidas de futebol foram canceladas, escolas fechadas e realizadas barreiras sanitárias. Ele ressalta que as igrejas foram fechadas e que só foram abertas quando perceberam que seus frequentadores obedeciam os protocolos de distanciamento e uso de máscaras. “Autorizamos a abertura das igrejas com 50% de sua capacidade”, apontou.

PULSEIRAS COLORIDAS

O prefeito chegou a baixar decreto exigindo que fossem utilizadas pulseiras de diferentes cores para identificar quem tinha feitos os exames e estava em quarentena e os que ainda estavam sob suspeita. “A lei foi aprovada pela Câmara em fevereiro deste ano. Tomei essa medida quando os casos começaram a aumentar na cidade. As pessoas contaminadas não estavam se isolando. Então estabelecemos o uso obrigatório da pulseira azul por cinco dias para pessoas com suspeita de ter a doença e, se a pessoa tivesse um resultado positivo, deveria ficar isolada em quarentena com o uso obrigatório de uma pulseira vermelha. Ela só poderia retirar a pulseira quando os agentes de saúde a liberassem”, apontou. Na época foram estabelecidas multas no valor de R$ 750 e de R$ 1,5 mil na segunda vez em que as pessoas fossem flagradas sem a pulseira e muitos ficaram com medo de serem multados.

Segundo ele, houve reclamação da população em relação à legalidade desta lei e a prefeitura consultou o Ministério Público, que recomendou a suspensão do decreto. “Chegamos a quase zerar os casos confirmados. A medida durou 40 dias”, apontou. Ele ressaltou que a vacina ainda não tinha chegado à cidade e que foi uma das formas que ele viu para reduzir o contágio. Ele reforçou que isso possibilitou que o município mantivesse os números sob controle.

clique para ampliarclique para ampliarQuadro da transparência do dia 16 de setembro. (Foto: Reprodução)

TRANSPORTE ESCOLAR

Esse baixo índice de contágio permitiu, por exemplo, que Boa Esperança do Iguaçu retornasse com o transporte escolar, por exemplo. “Estamos há 100 dias com o transporte escolar ativo. Inicialmente oferecemos o transporte apenas para o pessoal do interior por uma semana, e depois, na outra semana, era oferecido apenas para o pessoal da cidade e eles se alternavam entre o ensino a distância e o presencial. Funcionou muito bem e hoje estamos com 100% dos estudantes no ensino presencial.”

IMUNIZAÇÃO

Boa Esperança do Iguaçu possui mais de 2,4 mil habitantes e até agora 1.837 pessoas foram vacinadas. “E já temos o estoque para a segunda dose para boa parte deles, mas a gente precisa cumprir o intervalo de 90 dias da primeira dose. Fazemos sempre mutirão de vacinação e os idosos foram todos vacinados em suas próprias casas. Depois fizemos a vacinação por meio de drive thru e só na terceira etapa as pessoas foram na unidade de saúde para receber a vacina. A nossa equipe estava sempre mobilizada, pena que as doses demoraram um pouco para chegar.”

CASOS DE FORA

Ele ressaltou que dos 217 casos confirmados no município, a grande maioria foi contaminada fora da cidade e os registros que são de dentro da cidade mesmo ocorreram porque pessoa diagnosticada contagiava os demais familiares. “Em uma das famílias, 11 pessoas foram contaminadas. A gente isolava a pessoa em sua casa, mas acabavam tendo contato com o restante da família”, destacou. Segundo ele, muitas pessoas de fora de Boa Esperança do Iguaçu trabalham na cidade. “Dos professores de colégios estaduais, a maioria vem de fora. Nossos médicos também vêm de fora, assim como os profissionais da saúde. Aqui não temos hospital e os plantões são realizados em Dois Vizinhos.”, apontou. Ele admitiu que algumas contaminações ocorreram entre os motoristas que realizavam o transporte de pacientes para o município vizinho. “Todas as pessoas contaminadas se recuperaram. Foram apenas três pessoas que precisaram ser internadas e ter atendimento médico. O restante realizou o tratamento em casa e se recuperou em um intervalo de 10 a 14 dias.”

clique para ampliarclique para ampliarImagem do Portal de Boa Esperança. (Foto: Reprodução)

NO BRASIL

Levantamento realizado pelo pesquisador Wesley Cota, da Universidade Federal de Viçosa, aponta que 99,48% dos municípios registraram mortes por Covid-19 - 5.541 do total de 5.570 municípios. O equivalente a 61,78% dos casos e 51,71% dos óbitos foram no interior do Brasil. O levantamento aponta que 2,78% dos casos notificados terminam em óbitos. Há o registro de 9.958,54 casos por 100 mil habitantes e 277,05 óbitos por 100 mil habitantes.

Entre os 29 municípios que não registraram óbito até este início de semana, 13 são de Minas Gerais, quatro do Tocantins, três do Maranhão, dois de Santa Catarina e outros dois de Goiás, e ainda um de cada um dos seguintes estados, além do Paraná: Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. 

Os 20 municípios com o maior número de óbitos totais são São Paulo (37.736), Rio de Janeiro (33.327), Brasília (10.284), Fortaleza (9.661), Manaus (9.454), Salvador (7.960), Curitiba (7.260), Belo Horizonte (6.626), Goiânia (6.471), Porto Alegre (5.566), Recife (5.379), Belém (5.120), Guarulhos (4.854), Campinas (4.446), Campo Grande (4.027), Cuiabá (3.465), São Bernardo do Campo (3.247), São Gonçalo (3.078), Uberlândia (3.059) e Santo André (3.046). No ranking de casos totais, entre os estados campeões de contágio estão São Paulo, que lidera com 4.350.530 casos, seguido por Minas Gerais (2.112.043), Paraná (1.490.543), Rio Grande do Sul (1.428.678), Rio de Janeiro 1.268.614).

Entre os estados com menos casos estão o Acre, com 87.932, seguido por Amapá (122.669), Roraima (126.095), Tocantins (222.278) e Alagoas (237.663). O pesquisador aponta que até o dia 20 foram vacinados 141.978.109 com a primeira dose;76.136.053 com a segunda dose; 4.725.231 com dose única e 272.862 com dose de reforço ou terceira dose. A estimativa em relação ao boletim anterior do Ministério da Saúde é de que 19.524.335 pessoas se recuperaram da doença, 7.958.935 são suspeitos de terem sido contaminados e 57.282.520 testes forma realizados. Os dados para 20 de setembro de 2021 apontam o registro de 3.547 novos casos e 246 novos óbitos. Sobre as vacinas, 222.839.393 doses foram aplicadas, e 80.861.284 (37,91%) pessoas foram totalmente imunizadas. 146.703.340 (68,77%) pessoas já se vacinaram com pelo menos uma dose; 272.862 (0,13%) pessoas já se vacinaram com dose de reforço ou terceira dose e nos últimos 14 dias foram registrados 338.601 (1,59%) casos e 6.886 (1,17%) óbitos.

Fonte: Folha de Londrina, com informações da Sesa/PR e CRM-PR.

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