28/09/2010
Brasil confirma fim do sarampo no País à OMS
Em relatório, governo solicita certificação ao órgão. Os 12 casos da doença registrados neste ano são importados, diz Ministério
da Saúde
O Ministério da Saúde informou ontem a eliminação do sarampo do território nacional em relatório encaminhado à Organização
Mundial da Saúde e solicitou certificado comprobatório. Segundo a pasta, o País foi o primeiro das Américas a fazer o pedido.
Não há previsão sobre quando sairá a decisão do órgão das Nações Unidas sobre o certificado.
Para Expedito Luna, professor do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo, a solicitação tem fundamento
mesmo com os registros de 12 casos de sarampo que ocorreram neste ano no País, em Porto Alegre (3), Belém (3) e os 6 últimos,
confirmados na sexta-feira, em João Pessoa (PB). Outros 52 casos suspeitos na Paraíba estão em avaliação.
Para o especialista, os casos são importados e esporádicos. Luna destaca ainda que não há prova de que exista transmissão
sustentada da doença no Brasil, ou seja, disseminação pela comunidade. O vírus do sarampo circulou pela última vez no País
em 2000. "A "importação" de casos de sarampo é esperada porque há circulação do vírus, por exemplo, em países da África, Europa
e Ásia", afirmou Luna.
Parte dos 67 casos esporádicos que surgiram entre 2001 e 2009 não foi totalmente esclarecida. Isso porque não foi encontrada
a origem dos surtos - por exemplo, se houve contato das vítimas com viajantes, diz Luna. O mesmo ocorre com os casos atuais,
ainda sem explicação.
"É necessário intensificar as investigações para entender como esses casos estão ocorrendo", opinou o epidemiologista
José Cássio de Moraes, da Santa Casa de São Paulo.
Segundo o ministério, ainda estão em curso investigações epidemiológicas sobre como o vírus chegou às cidades. "Todos
os eventos registrados são relacionados a casos importados, conforme tem sido comprovado nas investigações epidemiológicas
e nos estudos de genotipagem", afirmou, por meio de nota, o ministério. "Já são dez anos de interrupção, o que não é pouco
para solicitar a certificação." As análises de genótipo encontraram vírus de origem africana e europeia.
Para Moraes, no entanto, as análises do genótipo do vírus são menos importantes. A prioridade é acompanhar se os casos
estão se multiplicado pela comunidade a partir de um primeiro contaminado.
O Brasil começou a vacinar crianças contra o sarampo na década de 60, mas com descontinuidade. Na década de 70, a doença
matava em 5% dos casos. Somente a partir dos anos 90 é que a estratégia de vacinação foi reforçada, alcançando 95% de cobertura
atualmente.
Fonte: O Estado de São Paulo