10/01/2007

CBHPM - Movimento médico retoma atividades com boicote

O movimento médico prepara-se para voltar à ativa até o próximo mês. O foco da categoria, em 2007, ultrapassa a reivindicação de implantação da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). As adaptações de contratos e reajustes de valores passam a fazer parte dos pontos de negociação da classe médica que já deve começar o ano mobilizando os profissionais para suspender o atendimento aos planos ligados, principalmente, à Abramge.

As negociações com as operadoras de planos de saúde ainda estão na pauta do movimento médico, que seguiu a linha do diálogo no último ano. Esta tendência deve permanecer, mas, com a entrada de novas lideranças em algumas Comissões Estaduais de Honorário Médicos (CEHM), a força do movimento também pode ser renovada. Pelo menos é o que se espera que aconteça, principalmente em relação à mobilização da categoria, em todos os Estados. A idéia é "fechar o cerco" contra as propostas das operadoras que não contemplem a CBHPM, conforme afirmou um dos coordenadores da Comissão Nacional de Consolidação e Defesa da CBHPM (CNDC), Dr. Cleber Costa de Oliveira, Segundo alguns líderes locais, ainda, o movimento foi fragilizado no ano passado devido à fraca participação dos médicos no movimento e adesão às decisões em âmbito nacional. Na última reunião do movimento nacional, realizada no final do ano passado, em João Pessoa, os médicos sinalizaram que devem começar o ano com boicote.

O plano-alvo escolhido pela categoria foi a Amil. A idéia é atingir a Abramge, de forma a pressionar as empresas de medicina de grupo a negociarem a CBHPM. As operadoras, apesar de terem liberdade para tanto, não contam com o apoio da Abramge nacional, que desaprova a adoção da Classificação, uma vez que considera inviável qualquer tabelamento de preços para prestação de serviços. A briga pode demorar a acabar, caso a Abramge mantenha seu posicionamento, assim como fizeram as seguradoras no início do movimento pela CBHPM, em 2004. À época, as seguradoras enfrentaram os médicos, que passaram a atender as empresas somente por reembolso, além de mobilizar um descredenciamento em massa. Passado o ápice do movimento, as seguradoras concederam reajustes aos médicos, antecipando-se às reivindicações e mantendo, em alguns Estados, um nível de remuneração melhor até mesmo do que o que propunha a Classificação. Mesmo ainda com ações judiciais que as obrigam a pagar pela CBHPM, como em Alagoas, as seguradoras estão aceitando negociar a codificação da tabela, bem como começam a participar, este ano, de novas Comissões e Câmaras Técnicas da AMB.

De acordo com Dr. Cleber Costa de Oliveira, a proposta aceita na última reunião da CNDC pretende não apenas suspender o atendimento à Amil, como também mobilizar pelo descredenciamento dos médicos. O movimento já conta com o apoio de hospitais e clínicas. Dr. Oliveira, que também faz parte da liderança médica em Alagoas, disse que, no Estado, os médicos ainda estão tentando negociar a 4ª edição da CBHPM com a Unidas. Segundo ele, a superintendência regional do Grupo tem 100 dias para decidir quando vai adotar a Classificação, o que significa dizer que o impasse com a operadora pode chegar ao fim até fevereiro.

A eficácia do movimento médico vai depender, mais uma vez, da mobilização e unidade dos médicos. A manutenção dessa estratégia, por sua vez, será responsabilidade da Comissão Nacional. Do lado das operadoras, vale lembrar que os médicos podem apontar, ainda, outros planos para o boicote. O foco, que estava sobre a Unidas, até o final do ano passado, passa, agora, para a Abramge: uma batata quente que ainda pode ser esfriada na base da negociação. Há ainda quase um mês para se preparar para o enfrentamento ou montar o estratagema para lidar com a situação da melhor maneira.


Fonte: P&P - Saúde Suplementar

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