CFM e CRMs não fazem nada por você...

Roberto Issamu Yosida

Há médicos com a falsa impressão de que o Conselho Federal de Medicina e os Conselhos Regionais nunca fazem nada. Para eles as explicações que seguem. Comparo à própria atividade médica, onde uma vida inteira dedicada, diligente e ética, em segundos é destruída por um só insucesso.

Em tempos de notícias falsas e rápidas, mas que carecem da observação, do senso crítico e da visão ampla do contraditório, esquecemos do certeiro diagnóstico tão conhecido de nós médicos e que, não raro, necessita de observação da evolução futura e da história passada dos sinais e sintomas.

Nesse quesito não há reflexão ou busca por conhecer a história e o que houve de inúmeras reuniões e discussões. Muito menos de vislumbrar o que se pensou para o futuro. Há uma análise rasa e ‑ na maioria das vezes ‑ binária entre as convicções de cada médico, em especial os que desconhecem a arte da política e diálogo. E os que não querem enxergar outros pontos de vista que não o seu. Essa monovisão de ideias é mais nefasta do que a ocular, pois não permite enxergar além do que se deseja.

Há muito o CFM e os CRMs lutam por uma Medicina digna e ética. Inúmeras vitórias foram conquistadas, sem os holofotes e a mídia. Já as manchetes sensacionalistas sempre são abundantes. Isso ocorre com os médicos, onde notícias de insucessos ganham grande repercussão, mas ninguém divulga com o mesmo destaque quando se comprova que não houve imperícia, imprudência ou negligência. E certamente os investimentos em publicidade, com os recursos das anuidades, seria reprovado pelos médicos.

Aliás, há médicos que defendem posição de que o CFM e os CRMs não deveriam cobrar anuidades. Mas, ao mesmo tempo, esperam deles que deveriam determinar honorários mais altos, ter posições firmes sobre aposentadorias mais vantajosas, contenção de impostos, escolher os ministros da saúde ou defender o profissional em situações diversas do que estão legalmente constituídos.

O sistema conselhal de todas as profissões regulamentadas é um divisor de águas entre a ingerência absoluta do Estado e a anarquia sem controle ético. Seu financiamento pelo médico dá autonomia à autarquia. Por isso, os CFM e os CRMs podem enfrentar posições que entenderem contrárias aos interesses da Medicina e da população. Outras atribuições, como abertura e fechamento de escolas médicas, determinar critérios de aposentadoria e influenciar legislações tributárias, dentre tantas demandas que aos olhos de alguns médicos seriam atribuições do CFM e CRMs, na verdade não o são.

Há que se ter o discernimento ‑ e isso é esperado de cada médico ‑ para analisar, propor, contribuir e ser comprometido com as causas em conjunto com o CFM e os CRMs. Terceirizar demandas pessoais a essas autarquias não levam a resultados satisfatórios. O comprometimento, sim. Pelo simples motivo de que o CFM e os CRMs são constituídos por todos os médicos.

O acompanhamento e a intervenção, nos momentos adequados, podem determinar a melhor estratégia para enfrentar o problema. Nem sempre venceremos, mas o que importa é a luta incessante e anônima de colegas comprometidos.

Conheça seu CRM e o CFM. Não se pode gostar do que não conhecemos.

Roberto Issamu Yosida é presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná.

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