03/08/2011

CFM lança cartilha com orientações para passageiros e tripulantes

A publicação foi apresentada durante o I Fórum de Medicina Aeroespacial, palco de debates sobre problemas que afetam a saúde nos voos



"Doutor, Posso Viajar de Avião? - Cartilha de Medicina Aeroespacial" é o título da publicação lançada no dia 2 de agosto, durante o I Fórum Nacional de Medicina Aeroespacial, organizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília. O documento, elaborado por meio de uma parceria entre o CFM e a Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, traz recomendações a médicos e pacientes sobre medidas que podem ser adotadas para garantir um voo seguro em casos nos quais o passageiro apresenta sintomas de alguns problemas de saúde.


Esse foi um dos destaques do encontro, que aprofundou o debate em torno de questões importantes para a segurança de passageiros e tripulantes. Entre os temas abordados nas mesas estavam a falta de qualificação de médicos, a fragilidade das regras para o transporte aeromédico de pacientes e a inexistência de dados estatísticos confiáveis sobre o número de emergências médicas registradas em situação de voo. Cerca de 150 especialistas e interessados no assunto acompanharam as discussões, juntamente com convidados do Ministério da Saúde, da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) e de representantes de sociedades médicas.


"Queremos suscitar o debate para que passageiros e tripulantes brasileiros recebam a atenção e os cuidados merecidos. O Conselho Federal de Medicina tem a preocupação de assegurar à sociedade acesso aos serviços qualificados. A demanda na área já se mostra importante e exige posições sérias e consequentes", aponta um dos organizadores do fórum, conselheiro Frederico Henrique de Melo, que também é coordenador da Câmara Técnica do CFM que se dedica ao tema.



Publicação


A cartilha "Doutor, Posso Viajar de Avião?", cuja tiragem inicial é de 5 mil exemplares, será distribuída entre entidades médicas, profissionais interessados, escolas de medicina e empresas de aviação. Também será possível acessar o documento pela internet, no href="http://www.portalmedico.org.br" target="_blank">site do CFM. "É importante mostrar, sobretudo aos médicos, o peso da orientação antes da viagem. É preciso que o profissional esteja ciente das recomendações que devem ser feitas a cada um dos passageiros/pacientes, segundo seu quadro clínico", explicou Frederico Melo. Para ele, ao fazer as orientações em seu consultório, o profissional cumpre com o importante papel de agente de prevenção e de educação em saúde.


Entre os itens que constam da cartilha estão orientações para o transporte de gestantes, de crianças, de portadores de doenças respiratórias, cardiovasculares e de transtornos psiquiátricos. Para os passageiros, o conselheiro do CFM acrescenta: apesar das recomendações serem simples, não pode prescindir da opinião de um médico se houver dúvidas.



Algumas recomendações que integram a cartilha aos médicos, passageiros e tripulantes da aviação



Doenças respiratórias

- Viagens aéreas são contraindicadas para passageiros e tripulantes com infecções ativas (pneumonia e sinusite) porque essas doenças podem alterar as respostas fisiológicas humanas habituais ao voo.

- Passageiros e tripulantes com infecções pulmonares contagiosas (tuberculose e pneumonia) não devem embarcar, pois pode ocorrer agravamento dos sintomas, complicações durante e depois do voo, além do risco de disseminação da doença entre os outros passageiros.



Doenças cardiovasculares

Os pacientes e tripulantes acometidos de complicações cardiovasculares devem ser orientados a adiar os voos durante o período de estabilização e recuperação. De acordo com as orientações da Sociedade de Medicina Aeroespacial, os prazos a serem observados são os seguintes (recomenda-se que o paciente seja avaliado por seu médico assistente antes de embarcar, pois os mesmos podem ser ampliados ou reduzidos, de acordo com o caso):

- Infarto não complicado: aguardar duas a três semanas.

- Infarto complicado: aguardar seis semanas.

- Angina instável: não deve voar.

- Insuficiência cardíaca grave e descompensada: não deve voar.

- Insuficiência cardíaca moderada, verificar com o medico se há necessidade de utilização de oxigênio durante o voo.

- Revascularização cardíaca: aguardar duas semanas.

- Taquicardia ventricular ou supra ventricular não controlada: não voar.

- Marca-passos e desfibriladores implantáveis: não há contraindicações.

Nos casos de Acidente Vascular Cerebral deve-se levar em consideração o estado geral do passageiro e a extensão da doença. Recomenda-se observar os prazos de recuperação abaixo antes do embarque:

- AVC isquêmico pequeno: aguardar 4 a 5 dias.

- AVC em progressão: aguardar 7 dias.

- AVC hemorrágico não operado: aguardar 7 dias.

- AVC hemorrágico operado: aguardar 14 dias.



Pós-operatório e pacientes em recuperação

Pós-operatório torácico:

- Casos de pneumectomia (retirada do pulmão) ou lobectomia pulmonar recente (retirada parcial do pulmão): recomenda-se uma avaliação médica pré-voo, com determinação da normalidade da função respiratória, principalmente no que diz respeito à oxigenação arterial.

- Casos de pneumotórax: é uma contraindicação absoluta. Deve-se esperar de duas a três semanas após drenagem de tórax e confirmar a remissão pelos raios-X

Pós-operatório neurocirúrgico:

- Após trauma cranioencefálico ou qualquer procedimento neurocirúrgico, pode ocorrer aumento da pressão intracraniana durante o voo. Aguardar o tempo necessário até a confirmação da melhora do referido quadro compressivo por tomografia de crânio.

Cirurgia abdominal:

- Contraindicado o voo por duas semanas, em média. Deve-se aguardar a recuperação do trânsito habitual do paciente, pois a presença de ar em alças, sem eliminação adequada, no pós-operatório de cirurgias recentes, pode determinar a sua expansão excessiva em voo.

Gesso e fraturas:

- Fraturas instáveis ou não tratadas são contraindicadas para voo. Importante: considerando que uma pequena quantidade de ar poderá ficar retida no gesso, aqueles feitos entre 24-48 horas antes da viagem, devem ser bi-valvulados para evitar a compressão do membro afetado por expansão normal do ar na cabine durante o voo.



Transtornos psiquiátricos

- Distúrbios psiquiátricos: pessoas com transtornos psiquiátricos cujo comportamento seja imprevisível, agressivo ou não seguro, não devem voar. Já aqueles com distúrbios psicóticos estáveis, em uso regular de medicamentos e acompanhados, podem viajar.



Gestantes

Recomenda-se que os voos sejam precedidos de uma consulta ao médico. De forma geral as seguintes medidas devem ser observadas:

- As mulheres que apresentarem dores ou sangramento antes do embarque, não devem fazê-lo.

- Evitar viagens longas, principalmente em casos de incompetência ístmo-cervical, atividade uterina aumentada, ou partos anteriores prematuros.



Crianças

- No caso de recém-nascido, é prudente que se espere pelo menos uma ou duas semanas de vida até a viagem. Isso ajuda a determinar, com maior certeza, a ausência de doenças, congênitas ou não, que possam prejudicar a criança no voo.



Fonte: CFM

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