03/08/2006
         Carta aos médicos e aos pacientes
         
         Às vésperas de um novo processo eleitoral, é comum lembrarmos experiências semelhantes do passado recente. Recordo, por exemplo,
            que no pleito de 2005, quando da renovação das representações de prefeituras e câmaras municipais, a saúde ocupou o centro
            dos debates. Em algumas cidades, como em São Paulo, a questão do atendimento de saúde aos cidadãos teve papel preponderante
            no resultado das urnas. 
            
            
 
            
            
Devido aos acontecimentos dos últimos meses, é bastante provável que discussões mais acaloradas se dêem sobre outros temas.
            Não resta dúvida de que o mensalão estará em foco, assim como a necessidade de resgatarmos os princípios éticos e democráticos
            na condução da política. 
            
            
 
            
            
Outro assunto que também suscitará uma polêmica importante e necessária é a questão da segurança pública. Onde começam
            e terminam as responsabilidades de cada instância de poder na crise atual? O que fazer para garantir aos brasileiros um dia-a-dia
            mais tranqüilo, com menos violência? 
            
            
 
            
            
Apesar do interesse que ética, democracia e segurança merecem, a saúde deve ter lugar privilegiado no processo eleitoral.
            Afinal, avançamos muito menos do que podíamos de uns tempos para cá. E os problemas, ainda graves, continuam os mesmos: filas
            em hospitais e postos de saúde, escassez de medicamentos, equipamentos obsoletos, falta de uma política de valorização dos
            recursos humanos e por aí vai. 
            
            
 
            
            
Como é comum nesta época, muitos aparecerão nas rádios e na TV para se dizer salvadores do Brasil. Soluções mágicas também
            surgirão. Não podemos, em momento algum, nos deixar iludir de novo por falsas promessas e por pseudo-salvadores. 
            
            
 
            
            
O caminho para escapar deste tipo de armadilha é votar no trabalho consolidado, na coerência histórica, na postura que
            os candidatos tiveram - e mantém - em suas vidas. Na área da saúde, por exemplo, precisamos de representantes que sempre lutaram,
            mesmo sem ocupar cargos eletivos, pela melhoria da qualidade de atendimento aos pacientes, pela valorização do trabalho dos
            médicos e de outros profissionais de saúde, por um sistema de saúde digno e mais justo. Enfim, uma trajetória de lutas em
            prol da cidadania e da construção de uma sociedade mais justa é um cartão de visitas que deve ser levado em conta.  
            
            
Se fugirmos dos falsos profetas e dermos um voto de confiança aos que de fato agem em favor do coletivo, certamente teremos
            num futuro próximo motivos para comemorar. 
            
José Luiz Gomes do Amaral é presidente da Associação Médica Brasileira