20/06/2008

Ciclo debate mudanças climáticas e avanço de doenças decorrentes da degradação ambiental

Proposta objetiva envolver profissionais de saúde e a sociedade como um todo em sua responsabilidade na proteção ao meio ambiente.


Mudanças climáticas e doenças estarão em debate na inauguração do I Ciclo de Palestras sobre Saúde e Meio Ambiente, que vai ocorrer no dia 2 de julho, a partir das 19h30, e tem por objetivo propagar a consciência da relação entre a degradação ambiental e a proliferação de doenças, envolvendo para isso principalmente os médicos e demais profissionais de saúde. A primeira etapa terá lugar no auditório do Conselho de Medicina, em Curitiba (Rua Victório Viezzer, 84, Vista Alegre), com transmissão on-line por videoconferência para a Delegacia Regional do CRM de Maringá.

Serão palestrantes o Prof. Dr. Paulo Hilário Nascimento Saldiva, Doutor em Patologia, professor titular da disciplina de patologia pulmonar da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP e PhD em Climatologia, que vai abordar o tema "Poluição e saúde humana", e o Prof. Dr. Francisco de Assis Mendonça, PhD em Epistemologia da Geografia, Doutor em Clima e Planejamento Urbano, pesquisador e professor titular do Departamento de Geografia da UFPR. com a linha de pesquisa "Os efeitos das chuvas e a dengue no Paraná". Ele vai discorrer sobre "Uma Abordagem sobre a Dengue no Paraná".

A iniciativa é do Conselho Regional de Medicina do Paraná, com apoio da Unimed Paraná e Comissão de Ecologia e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Paraná. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site www.crmpr.org.br/saudeemeioambiente, mas as vagas são limitadas. Informações adicionais podem ser obtidas pelo fone (41) 3240-4026 ou por e-mail auditorio@crmpr.org.br. Haverá a emissão de certificado de participação nos eventos, inclusive para os não-presenciais.


Próximas edições

As próximas etapas do I Ciclo de Palestras devem ser realizadas em agosto, setembro, outubro e novembro deste ano, com temas e datas a serem definidos, cumprindo o objetivo de abordar as mudanças climáticas e suas conseqüências para a saúde pública, como a incidência e o aumento de doenças, sendo exemplos o recrudescimento da dengue, febre amarela, cólera, malária e tuberculose, dentre outras. Além da apresentação de novos cenários ecológicos mundiais, entre os temas sugeridos para as edições seguintes estão "agrotóxicos" e "bioética".
Sugestões poderão ser apresentadas pela própria sociedade e participantes. As palestras são direcionadas não somente a médicos e demais profissionais de saúde e meio ambiente, mas a estudantes e demais interessados em contribuir para melhores indicadores à qualidade de vida da atual e futuras gerações.

Gerson Zafalon Martins, presidente do Conselho de Medicina do Paraná, diz que as instituições médicas estão cada vez mais preocupadas com a formação dos profissionais, desenvolvendo atividades de atualização que contribuam para a sua consciência humanística e de responsabilidade social. "Os médicos devem ter como alvo a saúde do ser humano. Assim, é indispensável discutir temas que contribuam para uma melhor atenção à população. Muitas doenças estão sendo combatidas como endemias. Porém, outros estudos precisam e devem ser feitos, dinamizando ainda mais os fatores do clima e as doenças decorrentes", diz.

De acordo com o presidente da Comissão de Ecologia e Meio Ambiente da AL, médico e deputado Luiz Eduardo Cheida, a jornada de palestras certamente vai promover benefício para todos, de médicos à comunidade de modo geral. Ele destaca que será realizada a contagem de emissões de poluentes à natureza, decorrentes dos eventos e que as perdas contabilizadas serão "neutralizadas" pelas entidades organizadoras e todos aqueles que queiram contribuir para a melhoria do meio ambiente. Explica que a "compensação" das emissões será feita com o plantio de árvores, cujas mudas serão providenciadas pela própria Comissão de Ecologia e Meio Ambiente.


Histórico

Em 1992, o Protocolo de Kyoto estava elaborado. Na época, o Planeta já demonstrava altos índices de concentração de gás carbônico na atmosfera. O "efeito estufa" já era uma realidade mundial e nós, a humanidade, já tínhamos nossa grande parcela de culpa pela situação. Desde o início do século passado, quando se iniciou revolução industrial e prosperou a utilização dos motores à combustão com gasolina, o processo só vêm aumentando. Tanto que o gás carbônico, expelido por esta combustão, já aumentou cerca de 25%, provocando um aumento de 1,4ºC na temperatura do Planeta. A situação mais dramática já está sendo percebida por meio dos aumentos dos níveis dos oceanos, furacões, degelos dos pólos, aumento de chuvas e secas, como conseqüência, mais doenças e mais mortes.

Não é de hoje que as inter-relações entre população, recursos naturais e desenvolvimento são objeto de preocupação social e estudos científicos. Desde há muito, as exigências cada vez mais complexas da sociedade moderna vêm acelerando o uso dos recursos naturais, resultando em danos ambientais que colocam em risco a sobrevivência da humanidade no planeta. O mau-uso dos recursos tem provocado alterações climáticas bruscas, que por sua vez adoentam a população.

Saúde e meio ambiente e as enfermidades relacionadas são assuntos preocupantes para o novo milênio. Períodos prolongados de seca e alterações climáticas bruscas fragilizam cada vez mais habitats de espécies animais e vegetais no Planeta Terra. Em maio de 2008, durante a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), na Alemanha, foram discutidos assuntos relacionados à destruição dos recursos animais e vegetais. Atualmente, estão ameaçados um em cada quatro mamíferos, uma em cada oito aves, um terço dos anfíbios e 70% das plantas. O desaparecimento de espécies animais e vegetais custa por ano 6% do Produto Nacional Bruto (PNB) mundial, ou seja, dois bilhões de euros, de acordo com a pesquisa "A economia dos sistemas ecológicos e da biodiversidade", publicado pela revista Der Spiegel.

Os países pobres serão os mais afetados porque geralmente não tiram proveito algum do uso de seus recursos e dos conhecimentos de suas comunidades indígenas por parte dos grandes grupos industriais para seus produtos comerciais ou novas medicinas. Um dos objetivos da Convenção da ONU é definir regras para dividir o uso desses recursos genéticos. A conferência seguirá até o dia 30 de maio e deverá estabelecer um "guia" para concluir antes de 2010 a negociação de um conjunto de regras obrigatórias sobre o acesso dos recursos genéticos e uma maior divisão dos benefícios de sua utilização.

No entanto, o desmatamento também será discutido na conferência, além de sua relação com o clima, já que este fenômeno acentua ainda mais o efeito estufa gerado pela emissão de gases poluentes. A cada ano se perde uma superfície florestal equivalente a três vezes a Suíça. As florestas tropicais, as mais ameaçadas, são responsáveis por 80% da biodiversidade do mundo.

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