24/09/2025

Cirurgiã pediátrica de Curitiba participa de missão voluntária em Angola

A Dra. Karin Lucilda Schultz é formada pela FEMPAR e cirurgiã pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe. Em junho, embarcou em uma experiência transformadora, em que, ao lado de outros 40 profissionais, realizou milhares de atendimentos do outro lado do Atlântico

clique para ampliarclique para ampliarA Dra. Karin Schultz é a primeira personagem da nova série do CRM-PR, "Histórias que inspiram" (Foto: CRM-PR)
Movida pelo desejo de participar de projetos sociais, a Dra. Karin Lucilda Schultz (CRM-PR 20.048 | RQE 16.327 e 16.328) conta como resolveu se lançar em uma experiência transformadora, sem pensar duas vezes. “Eu já tinha o desejo de participar de uma missão em outro país algum dia, mas nunca tinha surgido a oportunidade. Até que chegou ao nosso serviço uma residente, que é uma das fundadoras da ONG Sementes da Saúde, de São Paulo, com ampla experiência em missões na África, principalmente no Benin, além de ações na Amazônia e em comunidades locais. Ela comentou que haveria uma missão em Angola e eu logo disse: ‘Estou dentro!’. Nem sei se fui realmente convidada, acho que acabei me inscrevendo por conta própria (risos). No fim, entrei para o grupo. Como a ONG já é estruturada, havia uma organização bem definida das atividades, o que facilitou bastante”, conta a médica de 46 anos, que é cirurgiã pediátrica no Hospital Pequeno Príncipe.

A missão teve início em 20 de junho e se estendeu por 16 dias. Nesse período, o grupo de 42 profissionais realizou cerca de 250 cirurgias, das quais 170 em crianças. A maioria dos procedimentos foi de baixa complexidade, como correção de hérnia, fimose e criptorquidia, além de algumas cirurgias reconstrutivas. Também foram contabilizados aproximadamente 400 atendimentos odontológicos e 4 mil atendimentos clínicos.

clique para ampliarclique para ampliarDra. Karin Lucilda Schultz, de 46 anos, é formada pela FEMPAR e cirurgiã pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe. (Foto: Divulgação Hospital Pequeno Príncipe)
Com o objetivo de conhecer a realidade local e doar trabalho médico, a Dra. Karin enfrentou alguns desafios técnicos e estruturais. “A limitação era grande, principalmente em exames diagnósticos e no acompanhamento dos pacientes a longo prazo. Não podíamos realizar procedimentos que exigissem cuidados contínuos, porque não estaríamos lá para dar suporte. Então, tivemos que selecionar casos mais resolutivos. Eu, como cirurgiã pediátrica, fui designada para o centro cirúrgico. A outra frente fazia atendimentos clínicos e de puericultura em campo, além de distribuir medicamentos doados”, explicou.

Entre as muitas experiências vividas durante a missão, uma das mais marcantes foi a história de um menino de quatro anos que vivia com ileostomia desde os quatro meses de idade. “A família não tinha acesso a bolsa de colostomia, então ele usava uma sacola de mercado amarrada com corda. Conseguimos operar e reconstruir o trânsito intestinal. Ele ficou bem, mas não consegui fazê-lo sorrir nenhuma vez. Foi muito marcante”, relembrou.

Voluntariado e ensino médico

Além da contribuição para a saúde internacional, a experiência também foi uma forma de incentivo para os cirurgiões e residentes locais que participaram das ações. “Acho que deixamos uma sementinha, tentamos inspirá-los a estudar e a trabalhar. Não dá para mudar tudo de uma vez, mas pelo menos conseguimos transmitir uma mensagem de incentivo", avaliou a Dra. Karin, que também atua na educação médica em Curitiba: ela é professora de Anatomia, Fisiologia e Embriologia Médica no curso de Medicina da Faculdades Pequeno Príncipe, coordenadora do internato em Clínica Cirúrgica do Hospital Pequeno Príncipe e vice-coordenadora da Comissão de Ensino e Pesquisa e da Coordenação de Residência Médica (COREME) da instituição. Também integra a Câmara Técnica de Pediatria do CRM-PR.

clique para ampliarclique para ampliarRealizada entre 20 de junho e 5 de julho, a missão contou com a participação de 42 profissionais. (Foto: Arquivo ONG Sementes da Saúde)
Desde a infância, a Dra. Karin já sonhava em ser médica e cuidar de crianças. “Nunca pensei em outra profissão”, recorda. Hoje, é cirurgiã pediátrica com ênfase em urologia pediátrica no Hospital Pequeno Príncipe. “Durante a faculdade, nos primeiros estágios cirúrgicos, percebi que tinha habilidade, mas continuava com a ideia da pediatria. Até que, no quarto ano, descobri a cirurgia pediátrica: aí percebi que era exatamente o que queria. Desde então acompanho o Hospital Pequeno Príncipe e sigo lá até hoje", relembra. 

Por esse motivo, logo após se formar pela Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR), em 2003, Dra. Karin iniciou a residência médica em Cirurgia Geral pela Santa Casa de Curitiba e pelo Hospital Universitário Cajuru (2005), e em Cirurgia Pediátrica pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (2008).

Em 2009, concluiu a especialização em Urologia Pediátrica no Hospital Pequeno Príncipe e foi aprovada no concurso para obtenção do título de especialista em Cirurgia Pediátrica pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Pediátrica.

Em 2014, realizou observership em Urologia Pediátrica no Nationwide Children’s Hospital, em Columbus (Ohio, EUA), e no Hospital for Sick Children, em Toronto (Ontario, Canadá). É mestre em Ensino de Ciências da Saúde pelas Faculdades Pequeno Príncipe (2019), com tese sobre a produção de material didático por meio de impressão 3D para o ensino de Ciências Morfológicas.

Ensinamentos além da Medicina

clique para ampliarclique para ampliarDesde a infância, a Dra. Karin alimentava o sonho de ser médica e dedicar-se ao cuidado de crianças. (Foto: Arquivo ONG Sementes da Saúde)
Para a Dra. Karin, a missão em Angola representou um aprendizado que vai além da prática médica. “Sempre podemos aprender e, por mais que achemos que nossa vida está difícil, há pessoas em situações muito piores. Toda vez que você se doa para ajudar, você também cresce e enriquece como pessoa”, enfatizou.

Ao ser questionada sobre o interesse em dar continuidade ao projeto, a médica não titubeou, dando dicas sobre seus próximos passos: “As missões são anuais, então talvez já estejamos pensando no que fazer no próximo ano. Angola foi a primeira experiência, não sei se será repetida, mas vamos ver... uma coisa de cada vez”, pontuou.

A cirurgiã pediátrica também explicou o desejo de trazer o projeto para a sua cidade, Curitiba. “Penso em criar um braço dessa ONG aqui. Eles já realizam ações locais em São Paulo e, em Curitiba, temos regiões que também poderiam ser contempladas, como a Caximba. A ONG atua em diferentes frentes, como casas de custódia, presídios e ações de rua. Agora estou avaliando a possibilidade de estruturar algo para cá, mas, por enquanto, é apenas uma ideia inicial, um esboço”, finalizou, indicando que a experiência em Angola é a primeira de uma história que está apenas começando.

Histórias que inspiram

A Dra. Karin é a primeira participante da nova série do CRM-PR, "Histórias que inspiram", que se propõe a compartilhar histórias de profissionais da Medicina que vão além da prática médica, explorando as dimensões da vivência humana, sempre com uma boa dose de otimismo e amor pela vida. Sugestões de personagens podem ser encaminhadas por e-mail (comunicacao@crmpr.org.br), com formas de contato. Será observada a ordem de indicações. 

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