06/06/2012
         "Compra" de votos ou saúde digna para os brasileiros?
         
         Começo afirmando que o apresentado a seguir é uma posição pessoal e a concordância do leitor ou não e sua manifestação é um
            direito de expressão dentro de um País Democrático como o Brasil. 
            
 
            
Como Médico formado em uma Universidade Federal (UFPel - em uma tradicional Faculdade de Medicina deste País, a de Pelotas/RS),
            atuando no interior do Estado do Paraná desde então - ano de 2006, manifesto as entidades governamentais o grande repúdio
            que tenho ao interesse politiqueiro de validação automática de diplomas obtidos no exterior. 
            
            
É algo inadmissível que os Médicos aqui formados, que travaram batalhas nos mais pesados ingressos vestibulares, selecionados
            por terem BASES científicas de ensinos fundamental e médio de forte teor, sejam obrigados a aceitar que as pessoas que não
            tem condições mínimas necessárias de frequentar nossas Faculdades de Medicina venham ao mercado de trabalho Médico e possam
            causar danos suficientes para desqualificar a já tão solapada Classe Médica. 
            
            
Para ser egresso de um curso Médico é necessário adquirir conhecimentos suficientemente amplos para que se possa lidar
            com a SAÚDE/DOENÇA da população, isso se obtém em faculdades de Medicina qualificadas, cuja exigência dos conhecimentos fundamentais
            deve ser rigorosamente executada. Em vez disso, o que estamos vendo é um absurdo crescente de facilitadores à falta de conhecimento
            das ciências básicas: cotas por etnia (o que é a maior exibição de um preconceito racial - como se um grupo fosse mais ou
            menos capaz que outro); cotas por local onde estudou (se particular ou público - o governo tem que melhorar o ensino de base
            nas escolas públicas, não criar cotas em universidades, melhorando as condições técnico-científicas dos professores, remunerando-os
            dignamente, e aí sim dando qualificações maiores aos egressos do ensino público).
            
            
O maior princípio da imoralidade desse governo populista e medíocre é a AGRESSÃO ao princípio Constitucional maior: "todos
            são iguais perante a Lei...", mas se cria cotas em diferenciação das mesmas!? Todos sabemos as dificuldades de atuar em locais
            do interior deste País, é cada vez mais reduzido o repasse financeiro aos Municípios e maiores suas obrigações. Os recursos
            ficam centralizados em Cidades maiores que servem como referência, mas que não tem também condições técnicas e de pessoal
            para atender a demanda. Assim, antes de causar um caos Médico neste País, o Governo Federal, tão "preocupado" com a evolução
            do SUS, deveria procurar criar um plano de carreira para os Médicos dedicados ao SUS e, principalmente, para a interiorização
            Médica. 
            
            
Lamentável ver os valores Médicos sendo invertidos e solapados pelos administradores do SUS, os quais tentam fazer da
            figura do Médico apenas mais um componente dispensável de um sistema de saúde "vendido" ao mundo como o mais perfeito, porém
            com as falhas grosseiras sendo escondidas sob a bandeira da "falta" de Médicos no Brasil. Não faltam Médicos, faltam políticas
            coerentes para melhor aproveitamento dos que estão em atividade neste País. E fica a questão, o que vale mais a quem governa
            essa rica nação: a saúde digna do cidadão como direito de todos e obrigação do Estado, conforme dever Constitucional, ou angariar
            simpatia com cotas e facilitações aos "amigos da rainha", que buscam a facilidade de ingresso em faculdades fora do País,
            para obter votos a cada quatro anos? É a saúde dos brasileiros em jogo.
            
            
Artigo escrito pelo médico Diego Damasio, CRM-PR 23.330, que atua no interior do Estado desde 2006.