06/12/2011

Conselhos chamam atenção dos médicos para crianças desaparecidas

Campanha visa mobilizar médicos e cidadãos para o grande problema do desaparecimento de menores



O Conselho Federal de Medicina (CFM) e os 27 conselhos regionais de Medicina (CRMs) realizam, a partir deste mês, uma campanha permanente para pedir o engajamento dos 370 mil médicos do país na luta em busca de crianças desaparecidas. A partir da iniciativa da Comissão de Assuntos Sociais do CFM, a campanha chamará a atenção da sociedade e dos médicos para o grande problema do desaparecimento de menores.


No Paraná, cerca de 1.500 desaparecimentos foram registrados nos últimos 15 anos. De acordo com o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas do Paraná (Sicride), os desaparecimentos mais recorrentes são frutos de problemas domésticos. Castigos excessivos e exagerados, repressão, controle excessivo e desleixo dos pais são motivos comuns que geram fugas.


"Com esta campanha vamos alertar a comunidade médica e os profissionais de saúde, principalmente aqueles que lidam diretamente com crianças, para observar se o paciente não é vítima de maus tratos. Precisamos nos atentar para esse tipo de problema que é comum. Esse cuidado pode prevenir muitos desaparecimentos gerados por causas domésticas", afirma o presidente do CRM-PR, Carlos Roberto Goytacaz Rocha.


Um dos objetivos da ação é divulgar a Lei Federal nº 11.259/2005, que prevê a busca imediata pela criança a partir da ocorrência policial. "Existe um mito de que é necessário aguardar 24 horas para fazer a denúncia. Este tempo é crucial para encontrar uma criança desaparecida", alertou 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital Corrêa Lima.



O que o médico pode fazer?

Observe semelhanças com os pais, sinais de agressão, o comportamento da criança com a família. Confira os documentos do menor e dos responsáveis. Procure conhecer os antecedentes da criança. Desconfie se o acompanhante fornecer informações desencontradas, contraditórias ou não souber as perguntas básicas. Analise as atitudes da criança. Veja como ela se comporta com o acompanhante, se demonstra medo, choro ou aparência assustada.


Também fique atento aos retratos do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas (www.desaparecidos.mj.gov.br), pois essas pessoas podem passar por unidades de saúde precisando de tratamento médico.



Campanha

Além de cartazes, o Conselho lançará um site que trará informações para pais e médicos sobre a questão. As informações também serão encaminhadas por meios eletrônicos aos 370 mil médicos do país. Ainda, o CFM disponibilizará no site da entidade (www.portalmedico.org.br) um banner da campanha, que também dará acesso ao Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas. O objetivo da iniciativa é ampliar um esforço coletivo e de âmbito nacional, para a busca e localização de crianças, adolescentes e adultos.


O Cadastro Nacional do Ministério da Justiça já inscreveu um total de 1.200 pessoas, destas 644 já foram encontradas e 570 continuam desaparecidas. As denúncias podem ser feitas por meio do Disque 100, que funciona diariamente das 8h às 22h, inclusive aos finais de semana e feriados. As denúncias são mantidas anônimas.



Paraná é exemplo

O Sicride é a única delegacia especializada em desaparecimento de crianças no País. Outros estados possuem trabalhos semelhantes, porém não são exclusivos para este tipo de investigação, como no Paraná. Com o trabalho do Sicride, de dedicação total a estes casos, 99% das ocorrências no Estado são solucionadas.


Criado em 1995, conta com uma equipe de policiais especializados para trabalhar somente nesses casos. Desde a montagem do boletim de ocorrência os profissionais já sabem como começar a procurar, sendo que a maioria das denúncias é resolvida em até 48 horas. Em caso de desaparecimento, basta procurar o Sicride que a investigação inicia imediatamente.

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