17/01/2008

Conselhos de Medicina defendem critérios equânimes na revalidação de diplomas de graduados no exterior

Profissão




Entidades médicas são contrárias ao reconhecimento automático dos diplomas (cubanos) de estudantes brasileiros e não-brasileiros formados no exterior; entendem que a formação é inadequada às nossas características sociais e epidemiológicas e risco à qualidade da assistência e devem realizar uma prova única nacional em Universidade Pública.



Em consonância com a posição do Conselho Federal, o Conselho Regional de Medicina do Paraná é defensor de mecanismo uniforme e em igualdade de condições para revalidação de diploma a todos os brasileiros e não-brasileiros que se graduam em Medicina no exterior e pretendem exercer a atividade no País. A manifestação decorre do acordo firmado pelo Brasil com o governo cubano para facilitar a validação do diploma de brasileiros formados pela Escola Latino-Americana de Medicina (Elam), em desacordo com as normas vigentes e que determinam o processo seletivo nas universidades públicas conforme as diretrizes educacionais, que atendem as características sociais e epidemiológicas brasileiras.


De acordo o presidente do Conselho de Medicina do Paraná e vice do CFM, Gerson Zafalon Martins, as instituições já defenderam perante o Executivo que não seja estabelecida nenhuma forma de privilégio e sim que todos os graduados em Medicina de qualquer escola fora do País tenham um tratamento equânime para convalidar o título e exercer legalmente a atividade, como a realização de prova única em universidade pública. Gerson Zafalon insiste que devem prevalecer a boa formação, a boa prática médica e a assistência de qualidade à população, sendo inaceitáveis argumentos que sugerem que profissionais malformados possam ser aproveitados em áreas de dificuldades, como o interior e as comunidades indígenas e ribeirinhas.


O presidente do CRM-PR destaca que em, 2004, uma missão diplomática com representantes do MEC e do CFM visitou escolas médicas e hospitais da Bolívia e de Cuba, concluindo que a diferença curricular é gritante e que o processo formado é extremamente deficiente. Gerson Zafalon ressalta que, apesar do caráter observador, o CFM aceitou o convite para conhecer a realidade do ensino naqueles países e que o resultado foi o de ratificar a posição de que a revalidação automática, proposta para Cuba, era inadmissível. O dirigente diz que as representativas da classe médica - CFM e Associação Médica Brasileira - continuam receptivas a colaborar para que se estabeleça um novo modelo, com tratamento de igualdade para todos, inclusive na eventual oferta de complementação curricular no Brasil.



Formação frágil


No Paraná, a Universidade Federal era a única escola que vinha realizando o processo de revalidação. Ele foi suspenso em 2006, para que o modelo fosse reavaliado. Um ano antes, todos os 300 graduados no exterior que tentaram convalidar o diploma não obtiveram êxito. Cerca de quatro anos antes, a Universidade Estadual de Maringá havia suspenso o seu programa, depois de reprovar os 67 candidatos inscritos. As estatísticas reforçam a concepção de que os médicos diplomados principalmente na América do Sul e Caribe não estão devidamente preparados para atuar no Brasil, que já apresenta excesso de número de cursos de Medicina e que projeta até mesmo a realização de exame de proficiência para melhorar a formação.


O processo seletivo atual atende ao teor da Resolução 01/02, da Câmara de Educação, do Superior do Conselho Nacional de Educação. São quatro as etapas previstas, a primeira delas de equivalência curricular e que reprova a maioria dos formados fora do País, pois as diferenças são extremas pelas peculiaridades locais, sobretudo pelas referências epidemiológicas. A segunda e terceira etapas são de conhecimentos básicos e profissionais, onde é exigido escore de 70%, idêntico ao imposto aos das escolas brasileiras. A quarta é de competência e habilidades.


As estimativas atuais são de que mais de 6 mil brasileiros estejam cursando ou já cursaram Medicina fora do Brasil. Em média, cerca de 600 têm voltado anualmente ao País, a maioria oriunda das 10 escolas bolivianas. Os estudantes que seguem para a Elam, em Cuba, são indicados por partidos políticos, movimentos sociais e grupos étnicos. Dados do Ministério da Saúde indicam que mais de 160 já se formaram, 20 deles ligados ao MST. A estimativa, contudo, é de que o número de graduados chegue a mil até 2010. Para validação automática dos diplomas, a proposta contida no Termo de Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Cultural e Educacional Brasil-Cuba, assinado pelo Presidente Lula, precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional. A oficialização dos diplomas, contudo, terá de ser feita pelas universidades públicas que, até agora, indicam haver somente consultas para a construção de uma proposta final.



Elam


A Escola Latino-Americana de Medicina foi criada em 1999 e formou sua primeira turma em 2006: Graduaram-se 1.610 alunos oriundos de 28 países. O Brasil tem hoje 173 escolas médicas que, juntas, ofertam 17.299 vagas.



Médicos no PR


O Paraná tem 16.532 médicos ativos, ou um para cada grupo de 635 habitantes. Do total, 7.775 estão em Curitiba.

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