Convivemos com discriminação diariamente

Carlos Augusto Sperandio Junior

Afrodescendentes, mulheres, comunidade LGBTQIA+ e os menos favorecidos são capas de manchetes em todos os portais de notícias.

Muito é preciso fazer para amadurecer uma sociedade que respeite a todos de forma uniforme.

Nesse cenário, chamo a atenção para a discriminação menos badalada de todas.

Embora não se relacione com raça, gênero, escolha sexual ou classe social, ela é de longe a mais comum de todas.

Conseguiu imaginar a quem estas palavras se referem?

Se ainda não, grandes chances de você ter menos de 35 anos e não conviver com ninguém com mais de 60.

É o momento de meter o dedo com vontade nessa ferida.

Após as justas vitórias de vários grupos minoritários pelos seus direitos, chegou a vez de batalhar por algo que interessa a todos que não morrem jovens: o direito da pessoa idosa de ser respeitada.

Nossa sociedade está tão acostumada a discriminar os mais velhos que não percebe o que o faz.

Exemplos são inúmeros: apropriação de bens, não respeito à opinião, isolamento familiar, falta de cuidado, cerceamento da autonomia e infantilização, entre outros.

Uma coisa é clara: para maior atenção ao tema faz-se necessária a revisão da nomenclatura.

Os termos em português etarismo e idadismo, adaptações do original inglês ageism, estão longe de serem populares e não têm o impacto de serem palavras que abrangem o conceito nelas próprias.

Para produzirmos maior barulho e atrairmos mais holofotes à causa, é preciso confeccionar um verbete de grande impacto que englobe todo o problema.

Nesse sentido, o uso da palavra violência encaixa.

Violência obstétrica trouxe a violação dos direitos da mulher grávida à pauta, para ser debatida e combatida por toda a sociedade.

Violência geriátrica: aqui está o nome a ser dado a tudo aquilo que a sociedade faz contra o direito do idoso de ser respeitado como pessoa.

Seja injúria, discriminação profissional, agressão verbal ou simplesmente chacota.

Basta!

Esse comportamento social repercute na saúde mental dos mais velhos, incorrendo em graves consequências, piorando quadros de base e - não raro - acelerando o final da vida.

Diga não à violência geriátrica.

Respeite a pessoa idosa como você quer ser respeitado amanhã.

 

*Carlos Augusto Sperandio Junior é médico (CRM-PR 19.295), especialista em Geriatria, Medicina de Família e Comunidade e Clínica Médica. Integra a Câmara Técnica de Cuidados Paliativos do CRM-PR e o Conselho Editorial da revista Iátrico.

*As opiniões emitidas nos artigos desta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do CRM-PR.

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