De olho em Brasília

A atenção dos médicos do país se voltará para Brasília, no fim de julho. Entre os dias 28 e 30, daquele mês acontece o XII Encontro Nacional de Entidades Médicas (Enem), que juntará na capital brasileira cerca de 500 representantes de conselhos de medicina, associações, sociedades e sindicatos médicos de todos os estados. Na pauta, projetos e propostas que garantem a revalorização da nossa profissão e a melhora da assistência em saúde. O amplo leque de temas inclui ensino médico, qualificação profissional, condições de trabalho e recuperação de perdas nos honorários, entre tantos outros.

Trata-se de um fórum político estratégico para a Medicina e a Saúde, neste ano marcado pela corrida eleitoral. O resultado das discussões, que prometem ser acaloradas e indicadoras dos rumos que o movimento médico adotará, constará de documento que será entregue aos candidatos à Presidência da República e aos governos de Estado. Para as entidades médicas nacionais - Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Federação Nacional dos Médicos (FENAM) - será o espaço para apresentar à sociedade as preocupações da nossa categoria com relação a assistência, seja dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) ou pelas operadoras e planos de saúde.

Mas não ficaremos apenas no diagnóstico, já que as propostas de soluções também serão discutidas. A preocupação dos médicos reunidos é encontrar fórmulas que contribuam para o aperfeiçoamento dos modelos vigentes, evitando a penalização dos pacientes em sua busca por atenção e dos profissionais, desvalorizados por gestores que não compreendem sua importância dentro dessa engrenagem complexa. Nosso interesse é maior, longe da movimentação de caráter corporativista.

Os médicos, por meio de seus representantes, querem contribuir para uma saúde melhor no Brasil, atentos às novas demandas que surgem com o avanço da tecnologia e as mudanças nas relações humanas, econômicas e sociais. Certamente, reforçaremos nossa preocupação com a garantia de uma fonte de financiamento suficiente para o Sistema Único de Saúde (SUS) com a regulamentação da Emenda Constitucional 29, que há anos aguarda um posicionamento final do Congresso Nacional.

Também consideramos fundamental dar atenção ao médico, com a implementação de uma política de pessoal que reconheça a competência e a dedicação com salários adequados. Enfim, temos de assegurar acesso à assistência de qualidade mesmo nos pequenos municípios, com a presença de médicos e de uma rede de ambulatórios e hospitais que tornem possível fazer o diagnóstico e o tratamento dos pacientes. Para tanto, merece a atenção dos gestores e da sociedade a proposta de criação de uma carreira de estado para o médico.

Há que se reconhecer que a interiorização da Medicina ainda é um desafio a ser superado. Com a criação de uma carreira de Estado para os médicos, em modelo semelhante ao adotado pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público, seria assegurada a presença desse profissional em todos os cantos do país. A proposta prevê salários compatíveis com as exigências do trabalho, acesso a programas de formação médica continuada, infra-estrutura de trabalho (instalações e equipamentos) e uma rede integrada capaz de absorver os casos mais graves. Tudo que faz a diferença na fixação do profissional nessas áreas.

No XII Enem, teremos chances de tocar nestes temas e levantar nossas propostas para os candidatos que se apresentam. É um processo democrático e de ampla participação que brindará o país com um produto sólido e coerente do ponto de vista social e político. Não limitaremos nossas ações a este fórum, mas ele será o trampolim para confirmar a todos o nosso compromisso com o país.


** Desiré Carlos Callegari, presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP) e diretor do Conselho Federal de Medicina

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