Despertar da consciência e moral brasileira

"Se a posteridade aplaudir nossos atos, nossas cinzas, então afortunadas, se cobrirão de violetas."




A análise da situação da nossa Pátria mostra para qualquer brasileiro um estado caótico, em todos os aspectos.


A desilusão e a descrença nacional estão presentes em todos os setores.


Vivemos em uma época, na qual há falta total de expectativa, diante dos problemas que temos à frente.
Há carência em todos os aspectos: há carência de seriedade, há carência de respeito, há carência de trabalho, há carência de autoridade...


Na vida política o poder é indispensável, já que sem o mesmo, iremos para a anarquia e o caos.


O exercício do poder é contingência de qualquer sociedade, pois em um simples grupo de trabalho tem que haver um coordenador que seja respeitado e digno.


Deve-se, no entanto, entender por autoridade a disposição de uma pessoa trabalhar e se colocar a serviço da coletividade. A autoridade não poderá exercer o poder em benefício próprio e de seus áulicos.


Para alguns, o exercício da autoridade passou a ser símbolo do domínio e opressão, e o que é pior, prevaricação.


Estão ainda presentes as palavras do Padre Antonio Vieira:


"Tanto que lá chegam começam a furtar, pelo modo indicativo, porque a primeira indicação que pedem aos práticos é que lhes apontem e mostrem caminhos por onde podem abarcar tudo. Furtam pelo modo indicativo, porque como têm o meio e o misto império, todo ele apresentam despoticamente às execuções de rapina.
Furtam pelo modo mandativo, porque aceitam quando lhes mandam, e para que mandem todos, os que não mandam não são aceitos...
Furtam pelo modo conjuntivo porque ajuntam o seu pouco cabedal com o d'aqueles que manejam muito, e basta só que ajudem a sua graça, para serem, quando menos, meeiros na ganância... Furtam pelo modo permissivo, porque permitem que outros furtem, e esses compram as permissões. Furtam pelo modo infinito, porque não tem fim o furtar, com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes em que se vão continuando os furtos... Furtam juntamente por todos os tempos... E para incluírem no presente o pretérito e o futuro, do pretérito desenterram crimes de que vendem os perdões, e dívidas esquecidas de que se pagam inteiramente, e do futuro empenham as rendas e antecipam os contratos, com que tudo, o caído e o não caído, lhes vem cair às mãos, finalmente, nos mesmos tempos, não lhes escapam os imperfeitos, perfeitos, plus quam perfeitos e quaisquer outros, porque furtam, furtavam, furtariam e haveriam de furtar mais, se mais houvesse."


Temos que lutar para a situação mude em todos os setores.


Temos que sonhar com tempos novos, mas temos que transformar esse sonho em realidade.


Temos que retomar as esperanças.


Temos que esquecer e deixar de tirar vantagens de tudo.


Temos que entender que temos direitos, mas que temos muitos deveres à cumprir.


Temos que ser honestos e capazes.


Temos que trabalhar, pois só assim edificaremos uma nação digna e respeitada.


Temos que chorar de emoção e respeito, diante daquele que deve ser respeitado em todo o mundo, o nosso Pavilhão Nacional.


Temos que mostrar que somos sérios no trato com a coisa pública e particular.


Temos que sacudir a alma do povo brasileiro através de campanhas onde os valores morais, sejam exaltados.


Temos que combater o tom lisonjeiro das palavras cerimoniosas e insinceras.


Temos que ter sentimento do dever cumprindo sob a égide da razão.


Temos que ter idéias que engrandeçam nossa participação no seio da nação.


Temos que lutar e não acomodar, contestar sempre que necessário, não aceitando de forma passiva, e braços cruzados os que nos querem impor.


Devemos vencer a inconstância, a irresolução, a incerteza, a ambição e avareza reunidas podem levar a omissão que é o pecado maior.


Devemos ser ricos por nós próprios e não por empréstimos.


As palavras de Rui Barbosa são hoje mais contundentes, reais e atuais:


"Todas as crises, que pelo Brasil estão passando, e que dia a dia sentimos crescer aceleradamente, a crise política, a crise econômica, a crise financeira, não vêm a ser mais que sintomas, exteriorizações parciais, manifestações reveladoras de um estado mais profundo, uma suprema crise: a crise moral."


Vivemos diante da nossa consciência, todos os segundos da nossa vida. E ao dar satisfação de nossos atos, seremos então felizes e dignos, e poderemos cooperar para o engrandecimento da Nação.


Se a posteridade aplaudir nossos atos, nossas cinzas, então afortunadas, se cobrirão de violetas.


Seja honesto! Não tire vantagem! Trabalhe!


Só assim seremos dignos da terra em que vivemos..





(*) João Gualberto de Sá Scheffer, médico, Prof. da UFPR, PUC-PR e Evangélica e membro da Academia Paranaense de Medicina.

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