28/07/2010

Diminui o número de pediatras no Brasil


Baixa remuneração e excesso de trabalho são alguns dos motivos que fazem dessa uma das especializações menos procuradas



Marina Reis, 15 anos, além de cantora, quer ser pediatra. Um sonho que tem sido cada vez menos freqüente, principalmente entre os médicos. Em 1999, 1583 recém-formados se candidataram ao título nessa especialidade, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Pediatria. Segundo o último levantamento, realizado no ano passado, o número passou para 794, uma redução de 50% em dez anos. A demanda para residência nessa área também diminuiu.

"Basicamente, a redução se dá em função da baixa remuneração. É uma área extremamente trabalhosa e mal remunerada", afirma Clóvis Francisco Constantino, presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo. José Fernando Vinagre, conselheiro do Conselho Federal de Medicina (CFM) e pediatra, concorda: "O pediatra vive basicamente de consulta clínica e a remuneração pelos planos de saúde é baixa. Hoje, quase não existem clínicas privadas, o pai deixa de pagar o plano de saúde para ele, mas não deixa o filho sem. Além disso, a taxa de natalidade no Brasil caiu", afirma.

Formada há seis meses, Andreia Ribeiro Silva, de 28 anos, acredita que os colegas de profissão tem aversão à área. "A maioria quer clínica ou cirúrgica. Eles sonham em se formar e atender num Pronto-Socorro, salvando vidas. A pediatria envolve pai, mãe, avós e muita conversa. Você vai cuidar da profilaxia, da prevenção da saúde daquela criança. A maioria quer se centrar apenas na doença, querem resolver logo o problema e a pediatria não pode ser assim", diz ela. Nesta terça-feira, dia 27 de julho, comemora-se o dia do pediatra e o centenário da Sociedade Brasileira de Pediatria.



Já faltam profissionais

A carência de estudantes para a área já se reflete em hospitais, unidades básicas de saúde e centros médicos de todo o País. "Hoje em dia sobram vagas", relata Andreia, que acompanha o mercado de perto. O Brasil tem apenas vinte mil pediatras cadastrados na entidade do setor. O ideal, segundo Constantino, seria de um pediatra para cada 80 mil crianças/adolescentes.

O presidente da Associação de Pediatria de São Paulo destaca também outra conseqüência: a má distribuição dos profissionais. "Ainda é possível encontrá-los nos grandes centros, no entanto, na periferia, eles são raros. Não há remuneração adequada, nem segurança, assim eles procuram lugares mais centrais."



A função do pediatra

O pediatra é o profissional que deve estar presente na vida de crianças e adolescentes desde o aleitamento materno, passando pelas imunizações, pelo acompanhamento e orientações necessárias a um crescimento e desenvolvimento saudáveis. De acordo com pesquisa encomendada pela farmacêutica Pfizer, 88% das mães brasileiras consideram o pediatra a principal referência quando o assunto é saúde dos filhos.

No primeiro ano de vida, a criança deve ir ao consultório mensalmente. O profissional vai avaliar o desenvolvimento físico e motor, além de passar para a mãe orientações sobre as vacinas e sobre alimentação. Do primeiro ao segundo ano, as consultas devem ser realizadas a cada seis meses. Depois dessa idade, o ideal é que a criança faça algum tipo de acompanhamento anualmente. "As consultas são preventivas e propiciam à criança saúde dentro das maiores possibilidades. Essa é uma questão de saúde pública", avalia Vinagre.


Fonte: Último Segundo - IG

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