14/02/2007
         Disputa por Saúde e Educação atrasa reforma
         
         
PMDB e PT criam impasses por pastas; Alfredo Nascimento (Transportes) e Márcio Fortes (Cidades) confirmados
            
            
Gerson Camarotti, Chico de Gois e Luiza Damé BRASÍLIA. Por conta da disputa interna nos partidos governistas, a reforma
            ministerial emperra nas duas pastas responsáveis pelos maiores orçamentos da Esplanada: Saúde e Educação.
            
O PMDB está dividido em relação ao nome de consenso para a Saúde. E o PT paulista tenta forçar a indicação da exprefeita
            Marta Suplicy, contra a vontade do Palácio do Planalto, para a Educação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva espera que
            a pausa do carnaval possa criar um ambiente de entendimento entre os aliados.
            
Em mais uma rodada de negociações, ontem, Lula confirmou alguns nomes. Ao senador Alfredo Nascimento (PR-AM), confirmou
            sua volta para o Ministério dos Transportes. Para o PP, Lula disse que Márcio Fortes continuará no Ministério das Cidades,
            apesar da pressão do PT.
            
- Nunca tive experiência no Parlamento, em 30 anos de vida pública. Eu queria aprender sobre o Legislativo. Mas na política
            a gente não faz só o que quer. E acho que não vou ter tempo de aprender a ser parlamentar - declarou Nascimento, sorrindo.
            
- O presidente disse que já temos um ministério e que o ministro é nosso - disse o líder do PP na Câmara, Mario Negromonte
            (BA), ao sair do Planalto.
            
Para PDT, presidente sinaliza acordo depois do carnaval Lula também prometeu ministério para o PDT.
            
- O presidente está fazendo uma avaliação de quem é quem no governo, os cargos nos estados.
            
Só depois do carnaval é que vai chamar a gente - disse o presidente do PDT, Carlos Lupi, que citou como ministérios simbólicos
            para o partido Trabalho, Previdência, Minas e Energia, Transportes e Educação: - Mas não fizemos nenhuma exigência. Para nós,
            o programa é a mola que nos move.
            
Com ministérios de menos e aliados de mais para acomodar, Lula desistiu de fazer mudanças pontuais e agora pretende anunciar
            a reforma de uma vez só.
            
Mas esbarra nos problemas internos do PMDB e do PT. Na conversa com os representantes do PMDB, segunda-feira, Lula sugeriu
            para a Saúde o nome do técnico José Gomes Temporão, que tem o apoio do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). No encontro
            estavam o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), e os líderes do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e no Senado,
            Valdir Raupp (RO).
            
Henrique Alves disse ao presidente que Temporão não tinha o apoio da bancada e sugeriu um entendimento, em que a bancada
            indicaria o nome de um deputado e Temporão seria o secretário-executivo. Lula pediu para que o partido entrasse em entendimento.
            
- Nós saímos da conversa com o presidente Lula sem nenhum sentimento de cobrança. Pelo contrário - disse o deputado.
            
Ontem Cabral e Henrique Alves tentaram resolver o impasse.
            
O deputado ponderou que o importante era um ministro que representasse os 90 deputados da bancada. O mais forte é Osmar
            Terra (PMDB-RS). A idéia seria enviar ao Planalto uma lista tríplice com nomes de deputados com atuação na área da Saúde:
            Terra, Marcelo Castro (PI), Darcísio Perondi (RS).
            
Quanto à Educação, Lula dá sinais de que prefere manter o atual ministro, Fernando Haddad.
            
Reconhece que Marta é uma aliada fiel, mas teme que a ex-prefeita traga problemas pela influência dela no partido.
            
Fonte: jornal O Globo