E os não especialistas?

O Brasil forma anualmente 16,8 mil médicos em 187 faculdades. São oferecidas 11.166 vagas para residentes de primeiro ano, sendo 5.448 em áreas básicas de formação: Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria e Medicina de Família e Comunidade; e as demais, nas diversas 53 especialidades e 52 áreas de atuação. Ou seja, 39,3% das vagas disponíveis para residência médica são para R1. Os 60% restantes do total de 28,5 mil vagas são de R2 a R6, segundo o estudo Con¬sul¬toria Legis¬lativa - apontamentos sobre Residência Médica no Brasil, de Maria Aparecida Andrés Ribeiro, publicado em maio de 2011.


Por este estudo, 66% dos médicos formados no País terão acesso aos 3.497 programas brasileiros de residência médica. Os outros 34% dos egressos das faculdades irão ocupar postos de trabalho disponíveis, que podem ser públicos, em Programas de Saúde da Família, ambulatórios e prontos-socorros; ou privados, em hospitais e ambulatórios de planos de saúde e consultórios particulares.


Os recém-formados que conseguirem vaga nos programas de residência serão, ao cabo de três a seis anos, os especialistas de que tanto precisa a população. Todos sabemos o grau de dificuldade que representa conseguir uma destas vagas. Disto resultou a proliferação de cursos preparatórios que, convenhamos, é mais uma absurda aberração.


Destes médicos que não fazem Residência Médica, parte deles assim procede por opção - decide por trabalhar imediatamente em programas com abrangência social. Nenhum mal, desde que tenha cursado faculdade qualificada, com programa adequado de formação, internato sério e supervisão presente, competente e responsável. Não cursar Residência não necessariamente torna o médico menor. O que vai contar será a postura assumida em sua vida profissional: comprometimento, dedicação, preocupação em atualizar-se, reconhecimento das próprias limitações e humildade para aprender.

Não se pode negar a exi¬guidade de tempo para a formação do médico em seis anos. Ainda mais considerando que várias faculdades, sobretudo particulares, literalmente abandonam seus alunos "ao deus dará", para que realizem pseu¬dointernatos em instituições hospitalares sem vocação para ensino, preceptores treinados, habilidades didáticas ou programas de formação médica. No entanto, concedem certificados a estes alunos como se realmente ensinassem Medicina, quando na verdade os utilizam como "mão de obra barata" e matéria-prima para subvenções como hospitais de ensino. Isto tem que mudar! Não ter cursado Residência Médica, a priori, não des¬qualifica nenhum médico. O que determina sua competência será sua obsessão pela prática médica ética e responsável. Médicos com este compromisso é de que o país precisa.



Artigo escrito por Renato Françoso Filho, representante (suplente) do Estado de São Paulo no Conselho Federal de Medicina

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