27/11/2008

Estado de SP registra infecção por micobactéria

É a primeira vez desde 2004 em que há notificações; Anvisa dá prazo de 1 ano para análise de desinfetante






O Estado de São Paulo já registra neste ano pelo menos onze novos casos de infecção por micobactérias entre pessoas que passaram por cirurgias. A doença, que causa lesões de difícil cicatrização e nódulos, não era verificada no Estado desde 2004.
Mas desde julho deste ano o município de Assis, a 427 km da capital, já notificou a Secretaria de Estado da Saúde sobre dez pacientes que teriam sido contaminados após videolaparoscopias - cirurgias menos invasivas realizadas com o auxílio de câmeras, por meio de pequenos orifícios na pele.

A assessoria de imprensa do secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, informou ontem que o último caso ocorreu em Campinas, a 92 km da capital, mas destacou que não daria mais informações sobre a situação e que os dados deveriam ser buscados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Apenas uma notificação de São Paulo, no entanto, já foi recebida pela agência.

Desde o fim de 2007, o País vive um recrudescimento da epidemia da doença, e 76 novos casos foram notificados só neste ano, o que levou a Anvisa a decretar emergência epidemiológica em agosto. Os primeiros registros de infecções, no entanto, ocorreram entre em 2001 e 2002, no Pará, seguidos por epidemia em 2003 em São Paulo, com 29 casos.

Procurada ontem para falar sobre a situação atual da doença, a agência também preferiu não dar detalhes e informou apenas que "nos próximos dias haverá uma reunião em Brasília com experts em infecção hospitalar (...) que irá apontar soluções para enfrentamento do problema."
Ainda de acordo com a Anvisa, "deverá ser discutida (...) a realização de um estudo multicêntrico para a compreensão epidemiológica desse novo agravo." "Estão sim começando os casos em São Paulo", afirmou, no entanto, Margareth Dalcolmo, pneumologista do Centro Hélio Fraga que presta assessoria ao Ministério da Saúde no combate às infecções.
A Secretaria da Saúde de Assis informou que todos os dez pacientes já estão sob tratamento e que as duas unidades hospitalares envolvidas, uma pública e outra privada, já foram autuadas pela vigilância - a prefeitura, no entanto, prefere não divulgar os nomes dos hospitais .
"Isso está ocorrendo também em outras cidades, mas aqui a vigilância foi mais enfática", afirmou Reinaldo Mega, representante da secretaria.


DESINFETANTE QUESTIONADO

A revelação dos novos casos em São Paulo gerou preocupação entre especialistas presentes ao 11º Congresso Brasileiro de Controle da Infecção e Epidemiologia Hospitalar, concluído no último fim de semana no Rio.

Houve ainda críticas à mais nova resolução da Anvisa sobre o tema, de outubro deste ano. Ela prevê que fabricantes autorizados tenham um ano para realizar estudos sobre a eficácia no combate às micobactérias do desinfetante glutaraldeído, utilizado para limpar instrumentos cirúrgicos.
Isso apesar de análises apontarem que a substância não mata o microrganismo mesmo após os materiais ficarem mergulhados por dias na solução.
"Estamos perdendo mais um ano com uma medida paliativa e de baixo impacto", afirmou Renato Grinbaum, da Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção, e que coordenou mesa sobre micobactérias.
Grinbaum diz que o principal problema está na reutilização de materiais cirúrgicos que deveriam ser descartados, especialmente os trocateres, dispositivos de corte utilizados nas videolaparoscopias. "Mas nem o SUS nem convênios pagam trocateres descartáveis."



Fonte: O Estado de São Paulo

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