05/05/2010

Ex-funcionário de farmácia de manipulação denuncia esquema para enganar consumidores

Saúde



Além do pagamento de comissões para médicos e venda de remédios combinados, farmácias substituem componentes em fórmulas. Uma mulher se tornou dependente química depois que tomou medicamentos para emagrecer



Um ex-balconista de farmácias de manipulação revela como funciona o esquema mafioso em estabelecimentos de Curitiba com exclusividade para o telejornal ParanáTV 1ª Edição, da RPC TV. Além das denúncias apresentadas pelo Fantástico, de que médicos prescrevem medicamentos para receberem comissões, as farmácias cobram mais pelas fórmulas para poder efetuar o pagamento aos médicos.


Segundo o rapaz, a rede envolve até as secretárias dos consultórios médicos. Cada consultório tem várias indicações de farmácias, que oferecem de 25% a 50% em comissão para os médicos. A secretária, que tem uma ficha com todos os estabelecimentos, indica a farmácia que oferece mais presentes. Nas farmácias de manipulação, um sistema registra todos os meses o que o médico receitou.


Quando o paciente leva a receita para solicitar o orçamento, o atendente que cadastra a prescrição é obrigado a colocar o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) do médico. O sistema automaticamente calcula a fórmula com um valor de 30% a 50% maior, porque já inclui a comissão do profissional. O rapaz percebeu a fraude porque, ao cadastrar um medicamento sem receita, o valor era diferente do que quando havia a prescrição médica e era obrigatório colocar o registro do médico no sistema. Nesse caso, as fórmulas eram mais caras.



Fórmulas adulteradas


O rapaz também denuncia que farmacêuticos de manipulação que querem aumentar os lucros substituem componentes em fórmulas por fitoterápicos, que são mais baratos. Ele cita o caso específico de uma farmácia que colocava alguns fitoterápicos, remédios naturais para emagrecer, no lugar da sibutramina que havia acabado. A fórmula tinha um custo de R$ 20 para o estabelecimento, mas era vendida ao paciente como sibutramina e chegava a custar entre R$ 100 e R$ 200.


A substituição até pode não fazer mal a saúde, mas o remédio não produz o efeito desejado. Além do prejuízo financeiro sofrido pelo paciente, há outro muito mais grave. Alguns médicos prescrevem e farmacêuticos orientam o consumo de medicamentos que causam dependência. Isso aconteceu com a mulher do empresário Antônio Pazinato. Ela teve de ser internada em uma clínica, fez uma desintoxicação e deve ficar em tratamento por mais dois ou três anos.


A mulher tomava medicamentos para emagrecer e dormir. O medicamento para emagrecer a deixava muito agitada e como ela não conseguia dormir, pediu ao médico uma receita de medicamento para dormir. "Ele receitou um remédio tarja preta. De manhã, ela acordava sonolenta e tomava o remédio par emagrecer para acordar. Aquilo teve uma sequência, um ciclo e cada vez mais ela aumentou a dose", conta Pazinato. A família percebeu a situação quando a mulher chegou a um ponto muito extremo de depressão.



Combinação


De acordo com Marisol Domingues Muro, presidente do Conselho Regional de Farmácia, essas combinações são proibidas, porque são medicamentos que podem causar alucinações e dependência, além de causar vários danos a saúde. Medicamentos como anfepramona, femproporex e mazindol não podem ser combinados.


O que acontece é que maus profissionais sugerem ou prescrevem essas drogas separadamente. Alguns médicos receitam os remédios em nomes diferentes, para que a pessoa possa consumi-los e as farmácias não cobram a identificação na hora de vender.


Quem tiver dúvidas sobre os medicamentos combinados pode consultar o site do Conselho Regional de Farmácia ou ligar para o telefone (41) 3363-0234.


Fonte: Gazeta do Povo

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