16/11/2006

Fim de greve no DF não acaba com problemas na rede

A greve de seis dias dos médicos residentes da rede pública do Distrito Federal foi contornada ontem em assembléia no Hospital de Base, quando eles resolveram aceitar as propostas da Secretaria de Saúde. Para isso, exigiram a manutenção das reivindicações mesmo depois do fim da atual gestão. A decisão foi anunciada durante solenidade de término das obras na Cirurgia Geral e na Ortopedia do Hospital Regional do Gama (HRG). Mas as obras que garantiram a construção de 42 novos leitos para pacientes internados não modificaram a realidade do atual pronto-socorro. As consultas continuam demoradas, faltam médicos e até lençóis para cobrir as macas.

Os 143 residentes presentes na reunião aprovaram, por unanimidade, a proposta de reajuste de 27,49% feita pelo secretário de Saúde, José Geraldo Maciel, na sexta-feira. Na segunda-feira, os médicos já haviam concordado com o reajuste, mas preferiram consultar o departamento jurídico da Associação Brasiliense dos Médicos Residentes (Abramer), antes de suspender a paralisação. Queriam saber se o aumento continuaria válido, já que foi concedido por meio de uma portaria, que poderia ser revogada. Também tiveram a garantia de que não haverá retaliações aos grevistas.

Os residentes recebem R$ 1.459 de bolsa e auxílio moradia de 30% sobre esse valor. O acordo garante o reajuste para R$ 1.879 a partir de 1º de dezembro. Mas esse valor poderá ser modificado se a greve nacional trouxer resultados mais satisfatórios para a categoria. A greve poderá voltar se até o dia 20 do próximo mês o reajuste não estiver no contracheque.

A governadora Maria de Lourdes Abadia comemorou o fim da paralisação. "O que foi acordado será cumprido. Fizemos de tudo para atender o que eles reivindicaram", comentou.
Ontem mesmo, os residentes voltaram a trabalhar. As consultas e cirurgias canceladas nos últimos seis dias serão remarcadas.

No setor de emergência do Hospital de Base do Distrito Federal o clima ainda era de espera e insatisfação, durante a tarde. O aposentado Antônio da Costa, 70 anos, morador de Brazlândia, aguardava ser atendido para tratar um sério problema vascular na perna. "Não tem nenhum médico para me atender", reclamou.

No Hospital do Gama, a expectativa era que os grevistas voltassem ontem mesmo a atender os pacientes na nova ala de internação. O governo do DF gastou R$ 326 mil com a reforma para abrir 42 leitos, além dos 78 existentes.

As obras terminaram antes do prazo previsto, de 120 dias. "Em 106 dias pudemos inaugurar a obra. Vamos desafogar o antigo pronto-socorro", destacou o secretário Geraldo Maciel, que espera resolver o problema da falta de médicos e enfermeiros nas unidades de saúde da capital federal com a ampliação da jornada de trabalho, de 20 para 40 horas semanais.


Pacientes insatisfeitos

Se a nova ala ostentava limpeza, pintura nova, organização e equipamentos recém-adquiridos, a velha emergência do hospital pedia socorro. O Correio tentou entrevistar pacientes internados na emergência do HRG para comentar a expectativa com a nova ala, mas o diretor do hospital e subsecretário de Atenção à Saúde, Evandro de Oliveiro, não permitiu.

Com um braço na tipóia, o trabalhador de uma empresa de terraplenagem Hygson da Silva, 21 anos, reclamou do atendimento na Ortopedia. "Está do mesmo jeito de sempre. Demorei para ser atendido. E vi que faltam lençóis. As macas estão sujas", contou. Já o autônomo Cláudio Silva, 27, disse que faltam médicos. "Na segunda-feira, o ortopedista que me atendeu pediu que eu retornasse no outro dia. Ontem, ele estava atendendo como clínico geral porque faltava médico", afirmou.


Fonte: Correio Braziliense

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