21/09/2018

Homenagem aos Pioneiros: Dr. Mário Braga de Abreu (CRM-PR 458)

Apelidado de “Bisturi de Ouro”, o professor da UFPR foi um dos fundadores da AMP, do CRM-PR e do curso de medicina da Católica

Bisturi de Ouro. Esse foi o apelido dado ao médico Mário Braga de Abreu quando se tornou o terceiro cirurgião brasileiro a ser homenageado com a comenda “Mérito Cirúrgico São Lucas”, concedida pela Fundação para o Progresso da Cirurgia de São Paulo, em 1964. Mas além de seu trabalho exemplar de cirurgião e ortopedista, também teve papel fundamental na educação médica no Paraná.

Ele estudou Medicina na Faculdade Nacional do Rio de Janeiro e logo após se formar, em 1929, retornou a Curitiba – sua terra natal (nasceu em 25 de abril de 1906). Na capital paranaense se tornou assistente do serviço de cirurgia da Santa Casa da Misericórdia, instituição na qual atuou como cirurgião durante 50 anos e onde foi diretor clínico de 1962 a 1972. Paralelamente, em 1935, deu seus primeiros passos na carreira de docente, ao assumir o posto de professor da cadeira de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina do Paraná – onde lecionou até se aposentar, em 1976, dedicando-se a partir de então à docência na Católica.

clique para ampliarclique para ampliarO professor Mário de Abreu foi capa na edição 19 da Iátrico. (Foto: Arquivo)

Pouco depois de começar a lecionar, foi conhecer os serviços cirúrgicos de Montevidéo (Prof. Navarro, Acevedo Blanco e Prat) e Buenos Aires (Prof. Arce e Enrique Finochietto), o que o motivou a passar o ano de 1937 visitando vários centros médicos europeus de renome mundial. Na época teve a oportunidade de estagiar em Berlim, Heidelberg e Viena, e, ainda em 1937, se tornou membro da Academia Médica Germano-Ibero-Americana e do Congresso Alemão de Cirurgia.

O Dr. Mário Braga de Abreu também esteve entre os fundadores da Associação Médica do Paraná (compôs a comissão de polícia da primeira diretoria, empossada em 7 de setembro de 1933), do Conselho Regional de Medicina (integrou o primeiro grupo de conselheiros eleitos para a gestão 1958-1963, sendo reeleito depois para o período de 1968-1973) e do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Além de integrar por duas vezes o corpo de conselheiros do CRM-PR, foi presidente da Associação Médica do Paraná também por duas vezes (1939 e 1962). Em 1956, se tornou professor titular de Clínica Cirúrgica na Faculdade de Ciências Médicas da PUC, que iniciaria o curso de Medicina em janeiro de 1957. Ainda foi membro suplente do Conselho Federal de Medicina, de 1974-1979.

Também foi presidente da Regional de Curitiba do Colégio Interamericano de Cirurgiões (1951 a 1953), membro titular da Société Internationale de Chirurgie (1957), assim como idealizador, fundador e primeiro presidente da Sociedade Médica dos Hospitais da Santa Casa de Curitiba (1978 a 1981). Além disso, em 1965, tornou-se membro da Academia Paranaense de Letras como primeiro ocupante da cadeira número 35, que teve como patrono Nilo Cairo da Silva.

clique para ampliarclique para ampliarDr. Mário de Abreu. (Foto: Arquivo)

Entre os reconhecimentos que colecionou ao longo de sua carreira estão o título de cidadão benemérito do Paraná (1966), membro emérito da ortopedia do Paraná e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, doutor honoris causa da UFPR, Medalha da Paz Social do SESC (1974), Mérito Cirúrgico São Lucas da Sociedade para o Progresso da Ciência e a medalha do mérito universitário UFPR. Mário Braga de Abreu faleceu aos 75 anos, em julho de 1981. Em 1993 foi criado o Instituto Mário de Abreu, com sede na casa onde o eminente professor residiu na Avenida Vicente Machado, área central de Curitiba. A iniciativa foi de seu genro, o Prof. Dr. Renato Bonardi. Em abril de 2006, a UFPR prestou homenagem ao centenário de seu nascimento. Além de nomear auditório na PUC, também empresta seu nome ao diretório acadêmico do curso médico. Ainda em meio às comemorações do centenário de nascimento, o Conselho de Medicina publicou foto em destaque do professor na capa da edição 19 da revista Iátrico.

Em artigo publicado na revista, o Dr. Ney Regatieri do Nascimento, que conviveu por quase 40 anos com o Dr. Mário, assinalou que ele “era exigente consigo mesmo. Suas atividades clínicas ou cirúrgicas desenvolviam-se com máxima concentração. Durante as intervenções cirúrgicas, a atenção e o manuseio instrumental desenvolviam-se como se fosse um maestro regendo uma orquestra. Era exigente com os componentes do grupo de trabalho. Foi líder com senso de comando; sempre atento ao melhor atendimento possível aos doentes, independentemente da classe, da religião, da procedência... se houvesse desvio no atendimento, ocorria a reprimenda. Estava sempre disponível para resolver dificuldades dos colegas”.

Aluno de Mário de Abreu, o Dr. João Manuel Cardoso Martins registrou em seu editorial na revista: “Saudade de uma personalidade com espírito só não a sente quem não viveu”. E reforçou, falando sobre o professor: “Ele próprio se desafiava, corria riscos, estava sempre em expansão. Não parava, queria ir além de si mesmo. Não sabia qual era seu alcance, mas sabia que podia mais. Não era afeito a concessões. Julgo que não foi tantas vezes homenageado pelos alunos quanto deveria por não ser populista, pela firmeza de caráter”.

Outro discípulo, o Dr. Carlos Ravazzani, era habitué de almoços com o Dr. Mário, de quem dizia que a fama de severo encobria uma das suas qualidades: o bom humor. Conta o Dr. Ravazzani que certa feita um taxista de ascendência árabe, ao saber que o passageiro era o ilustre médico, comemorou o grande feito de transportá-lo e que nem iria cobrar a corrida, justificando que “todo mundo que entra neste carro só fala bem do senhor!”. Em sua resposta sempre de bate-pronto, o médico retrucou: “É porque você, patrício, nunca guiou um carro fúnebre”.

A história do Dr. Mário de Abreu integra o volume II do acervo da Fundação Santos Lima. O livro foi publicado em 1986, recebendo0 o título: "Mário Braga de Abreu, Cirurgião emérito - Médico Sacerdote".

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