14/06/2018

Homenagem aos pioneiros: Prof. Milton de Macedo Munhoz (CRM-PR 001)

Um dos fundadores e primeiro dirigente da Associação Médica, ele também foi o presidente provisório que deu início às atividades do Conselho de Medicina do Paraná

Nascido em Curitiba, em 22 de dezembro de 1901, o Prof. Milton de Macedo Munhoz foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Associação Médica do Paraná (AMP) e também do Conselho Regional de Medicina do Paraná. Na condição de dirigente da diretoria provisória do CRM-PR, após o advento da Lei nº 3.268/57, foi-lhe reservado receber o registro nº 001 do Conselho, em 10 de julho de 1958, quando foi iniciado o cadastro médico no Estado. Na época, os profissionais em atividade somavam aproximadamente 1 mil, a metade concentrada em Curitiba.

clique para ampliarclique para ampliarFicha do Dr. Milton, o primeiro médico cadastrado. (Foto: Arquivo)

Pouco após se formar pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1926, o Dr. Milton Munhoz voltou a Curitiba para ocupar a cátedra de Higiene na Faculdade de Medicina do Paraná (precedente da UFPR), onde também foi secretário, designado em 1935, e contribuiu de diversas formas para a melhoria no ensino médico, inclusive repercutindo a necessidade da construção de um hospital-escola. É reconhecido como o mentor do Hospital de Clínicas da UFPR, cujo projeto apresentou em 1947 ao então governador Moysés Lupion. No ano seguinte era desapropriada a área destinada ao hospital-modelo, cuja pedra fundamental foi lançada dois anos depois.

As obras tiveram início e em 1950 já atingiam o último pavimento quando foram paralisadas devido a problemas político-administrativos. Só em outubro de 1953, por força da Lei n.º 1212/53, foi realizada a transferência do Hospital de Clínicas para a Reitoria da Universidade do Paraná e, sete meses depois (maio de 1954), era procedida a atualização do projeto original, com a orientação do Prof. Odair Pedroso, que já havia feito projetos do Hospital de Clínicas de São Paulo e da Santa Casa de Santos. Em 1959, era constituída a Comissão de Equipamento do HC, presidida pelo próprio Prof. Milton Munhoz.

O Prof. Milton Munhoz, de cultura ímpar, representa uma das principais lideranças da história da Medicina paranaense, por seu engajamento em todas as importantes causas que envolviam a representatividade da profissão, o exercício da atividade, a formação de novas gerações de médicos e também na atenção à saúde e na vida pública. Este altruísmo valeu-lhe, em 1946, a designação para diretor geral da Saúde Pública do Paraná. Não por acaso, os igualmente eminentes médicos e professores Hamilton Lacerda Suplicy e Pio Taborda Veiga lhe renderam merecida reverência no livro “Uma vida para ser imitada e imortalizada” (volume 7 da galeria Médica do Paraná, Fundação Santos Lima, 417 páginas, 1988).

clique para ampliarclique para ampliarObras dos Prof. Hamilton Suplicy e Pio Veiga. (Foto: Reprodução)

Na obra, destacam o fato de Milton Munhoz, após ser nomeado como professor pela UFPR, foi contratado como sub-inspetor sanitário da Saúde Pública do Paraná e, na função, designado para fazer a vigilância de "pestosos" e dos casos suspeitos chegados a Paranaguá, onde "grassava a peste bubônica". Terminada a missão, foi nomeado para a Higiene do Estado. Instalou o Gabinete Radiológico do Estado (1928), tendo sido o primeiro radiologista e o seu primeiro diretor.

O eminente professor também organizou o serviço de radiologia do Sanatório São Sebastião, da Lapa, e da Santa Casa de Curitiba. Na bibliografia, ainda, o médico é citado como um dos fundadores do Hospital São Vicente de Curitiba (onde atuou de 1939 a 1960) e com destacada atuação como cientista, jornalista, político e ensaísta, participando ativamente no movimento de redemocratização do país e pela reintegração, ao Paraná, do Território do Iguaçu. Ainda foi rotariano e distinguido com o posto de Major Médico Honorário do Exército.

clique para ampliarclique para ampliarRelação dos primeiros médicos inscritos. (Foto: Arquivo)

Família

O Prof. Milton Munhoz foi dos oito filhos de Iphigênia de Macedo Munhoz e de Alcides Munhoz, ambos de tradicionais famílias curitibanas. O patriarca, que empresta nome a vários logradouros no Estado, nasceu (1873) e morreu (1930) em Curitiba, tendo uma carreira brilhante no serviço público. Foi um dos fundadores e presidente da Academia de Letras do Paraná. Milton, depois de concluir o curso da Escola Agronônica do Paraná (1920), seguiu a carreira médica (iniciou na Federal e depois se transferiu para o Rio, então Capital Federal), enquanto irmãos se destacavam na área do Direito, como Laertes Munhoz, fundador da Faculdade de Filosofia da Universidade do Paraná (1938). Uma de suas irmãs, Laura Munhoz Cunha, casou-se com o médico Carlos Cunha (CRM 119), que entre os filhos teve quatro formados em Medicina. O Dr. Carlos compôs o primeiro grupo de conselheiros eleitos para o CRM-PR, assim como o seu sobrinho e um dos filhos do Prof. Milton, o Dr. Milton de Macedo Munhoz Filho (CRM 17), formado em 1957 pela UFPR. O primeiro presidente da AMP e do CRM-PR faleceu em 9 de julho de 1977. Hoje, dentre as tantas homenagens póstumas que lhe foram rendidas, nomeia uma rua no bairro Campina do Siqueira, em Curitiba.

História da Associação Médica

A Associação Médica do Paraná (AMP) nasceu em 1933, fruto da fusão de três entidades: a Sociedade de Medicina, a Sociedade Médica dos Hospitais e o Sindicato Médico do Paraná. Isto porque a conjuntura sociopolítica da época impunha a existência de uma entidade moderna, coesa e forte, com a tríplice função de órgão de classe, associação científica e centro irradiador de medicina social. Assim, em 2 de julho de 1933, na sala nobre da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, estas entidades se reuniram em assembleia conjunta para formarem a nova agremiação.

Na sessão seguinte já havia uma proposta de estatutos formulada por uma comissão, sendo aprovada por unanimidade. Em 7 de setembro de 1933, no salão nobre da Universidade do Paraná, tomou posse a primeira diretoria da AMP, encabeçada pelo Prof. Milton de Macedo Munhoz. “O instalar solene da AMP assinala o início de promissora fase de trabalho e íntima concordância entre os médicos paranaenses”, gravou-se à época. A presença do Prof. Milton Munhoz também foi essencial na Revista Médica do Paraná, da qual foi fundador e editor-chefe. Na publicação oficial da AMP, ele contribuiu por muitos com artigos, discursos, homenagens aos pares e mensagens aos novos formandos.

História do CRM-PR

Em 21 de dezembro de 1957, coube ao Prof. Ernani Simas Alves, então presidente da Associação Médica do Paraná, a missão de organizar a diretoria provisória responsável pela efetivação do Conselho do Paraná. Sob as determinações legais, a diretoria provisória foi apresentada em 24 de janeiro de 1958 e oficializada no dia 31 do mesmo mês pelo CFM. A posse ocorreu em 12 de março de 1958, data que marca o início de fato das atividades do CRM-PR, com cadastramento dos médicos e fornecimento das carteiras profissionais. A primeira diretoria teve como presidente o Prof. Milton Macedo Munhoz e como vice Aroldo Marques Sardenberg. Os Drs. João Átila Rocha e Benoni Laurindo Ribas foram empossados 1º e 2º secretários, ficando a tesouraria a cargo de João Ernani Bettega.

clique para ampliarclique para ampliarPrimeiro médico registrado no Paraná. (Foto: CRM-PR)

A Resolução CFM nº 23 estabeleceu a data de 4 de setembro de 1958 para realização de eleição nos Conselhos Regionais de duas diretorias definitivas. A nova eleição foi marcada para 15 de outubro daquele ano, com duas chapas se apresentando, mas somente uma delas estando em consonância às determinações do processo eleitoral. A participação dos médicos foi marcante no pleito, pois votaram 480 (87 no interior) entre os 579 que se encontravam inscritos no Conselho. Na época, o número de médicos no Paraná era estimado em pouco mais de 1 mil.

Pela Resolução nº 46, de 19 de novembro, o CFM negou a homologação da eleição sob justificativa de descumprimento dos prazos, o que gerou grande repercussão e a renúncia coletiva da diretoria provisória. Assim, a sede provisória do Conselho do Paraná, localizada no Edifício Garcez do Nascimento, Centro de Curitiba, foi deixada sob a guarda da presidência da Associação Médica. A Resolução CFM nº 67, de 9 de abril de 1959, retificou a norma anterior para legitimar o pleito e os nomes dos 40 conselheiros efetivos e suplentes eleitos para cumprir mandato de maio de 1959 a dezembro de 1961. Esta posse ocorreu em 30 de maio de 1959, somando-se aos 20 conselheiros efetivos e os 20 suplentes os Drs. Pedro Emílio de Cerqueira Lima e Iseu de Santo Elias Afonso da Costa, indicados pela AMP como titular e suplente.

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