03/11/2008

Hospitais ignoram lei que exige divulgação da escala de médicos

Lei municipal obriga exposição em unidades de saúde de lista com nomes e horários para facilitar fiscalização por usuários.Em 9 postos de atendimento visitados, apenas 2 tinham a relação completa; segundo prefeitura, quadro ainda precisa de padronização.



O quadro informativo com os nomes e os horários dos médicos ainda não é exposto em várias unidades de saúde municipais em São Paulo.
Elas não seguem o que diz a lei promulgada no mês de maio e o posterior decreto do prefeito Gilberto Kassab (DEM), de junho, que obrigaram a exposição da lista na principal sala de espera de hospitais, prontos-socorros e unidades básicas de saúde.

A idéia, segundo o autor da proposta, o vereador Adilson Amadeu (PTB), era permitir aos usuários saber o nome e o registro do médico e fiscalizar o funcionamento da unidade. Segundo a prefeitura, ainda é necessário padronizar os quadros.

Nesta semana, a Folha visitou nove postos de atendimento e constatou que apenas dois tinham a lista completa e conforme exige a lei. Foram a UBS Santa Cecília, na região central, e a UBS Vila Santo Estevão, na zona leste. Nesta, porém, uma das duas médicas previstas para trabalhar na tarde de quarta, conforme a lista, não estava porque trabalhara pela manhã.
A maioria das unidades visitadas não tinha a relação. Algumas ainda a tinham em locais inadequados ou sem todas as informações exigidas.

A norma da prefeitura exige que, além do nome e do horário de trabalho do médico, a lista mostre o número de registro e a especialidade. As informações devem estar na sala de espera principal da unidade e em local visível ao público.

No Hospital Municipal Menino Jesus, na Bela Vista, região central, não há placas para informar os horários dos mais de cem médicos da unidade.
Elas estão programadas no projeto de reforma que é realizado no local, segundo a administração do hospital.
Na UBS Humaitá, também na Bela Vista, há uma lista com dados completos sobre dentistas que atendem no local, mas apenas o nome do restante dos médicos. Lá, sobram críticas ao atendimento. "Tô esperando há duas horas só para marcar consultas de rotina", disse a aposentada Teresa Koslovske, 70.

Na UBS Cupecê, no Jabaquara, zona sul, a falta de informações foi apontada como um problema por usuários que se queixam de constantes atrasos de consultas marcadas.
"Tinha consulta com o ginecologista às 14h, mas ele só chegou às 15h. Não sei que horas serei atendida, pois tem um monte de gente na minha frente", afirmou a doméstica Rose Soares, 40.
Segundo ela, a falta de informações dificulta a cobrança. "Não sei o horário do meu médico. Só que minha consulta costuma atrasar mais ou menos uma hora."
No PS do Hospital do Servidor Público Municipal também não havia listas de médicos. Já no PS de Santana havia quadros com todos os dados exigidos, mas em um corredor após a passagem pela sala de espera principal. Problema semelhante ocorreu no PS da Barra Funda, zona oeste, onde a lista, com dados a caneta, estava no mural dentro da recepção.

Na UBS Bom Retiro, centro, a lista não trazia as especialidades. Segundo a direção, porque a unidade atende pelo Programa Saúde da Família e são todos médicos "generalistas".

A obrigatoriedade da lista não agrada aos médicos. Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo, Cid Carvalhaes, a medida é coercitiva e dá a impressão de que, se o atendimento não é bom, é por culpa do médico. "O mais importante é que atendimento funcione."
Ele afirma ainda que seria mais justo que todos os outros cargos da administração municipal tivessem em seus locais de trabalho listas com horários.


Fonte: Folha de São Paulo

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