25/03/2019

Informação apressada, um mal a ser combatido

Roberto Issamu Yosida

O mundo está rápido e impaciente! Como consequência, há superficialidade, precipitação e julgamentos equivocados, com verdadeiros sumários baseados em informações de redes sociais.

Em tempos de agilidade, não suportamos a espera, qualquer que seja. Filas para qualquer situação. Aguardar aquele bem que adquirimos via site, a espera nos consultórios, no trânsito, no supermercado, no comercial de TV e em todas as situações.

Quanto mais rápido o computador, melhor. Celular idem, porque não podemos aguardar chegar no domicílio e ligar o computador. Então é melhor dar alguma resposta no WhatsApp.

A velocidade, a facilidade e o sentimento descartável nos oferecem a sensação de oportunidade na manifestação, de não perder o momento certo, de não perder a marcação de posição e opinião.

A prudência, a maturação, o pensamento reflexivo, o contraditório e a verdade exigem seu tempo. Certa feita, numa experiência pessoal, em voo que tinha o aeroporto da Grande Curitiba como destino, fomos informados de que seguiríamos para Florianópolis, por causa das condições climáticas. Houve uma queixa retumbante geral. O comandante disse palavras que jamais esqueci: “Tudo na vida pode esperar, menos a precipitação sob pressão de quem quer que seja”.

O equilíbrio está na análise sensata e com conhecimento de causa.

Aos que apressam a cobrança de posicionamento de um órgão que é o responsável pela disciplina da ética entre os médicos, muitas vezes o fazem pela impaciência, pela necessidade de uma resposta atrelada ao apelo público, comprometido pela emoção e não pela razão. A história é rica em nos mostrar os riscos de prejulgamentos que incorrem em injustiças. Uma organização que zela pela ética não pode apoiar ou se alinhar a situações conflitivas, duvidosas, com um mínimo de possibilidade de se mostrarem errôneas após o cessar das emoções, ante ao reforço de esclarecimentos que restaurem o senso de justiça.

A todo momento, o Conselho de Medicina do Paraná tem sido instado a se manifestar, a firmar posição, a adotar medidas dentro de sua competência legal e que muitas vezes impactam em grande repercussão no meio médico e na sociedade. Devemos asseverar que o CRM-PR não se omite e não se omitirá quando for de sua alçada e do seu alcance agir. Porém, de modo algum ultrapassará os direitos de personalidades físicas ou jurídicas, respeitando sempre os ditames éticos e legais, tal qual um médico na relação com o seu paciente.

Questionamentos sempre serão bem-vindos, sobretudo no zelo aos valores hipocráticos, nas condições para a melhor prática da medicina e no respeito à vida. E o acesso é pleno quando escolhidos os nossos canais oficiais e não por meios imperfeitos e oficiosos. Vale para o profissional de medicina, vale para todos os demais cidadãos quando o tema for atinente à função médica.

Reiteramos que nada fica sem resposta. A Casa da Ética sempre estará aberta para que nenhum questionamento reste sem a devida explicação. E esta elucidação pode ocorrer pessoalmente, pelos instrumentos digitais que estão disponibilizados, respeitando a confidencialidade, se assim for necessário. Comentários deselegantes, sob o manto covarde do anonimato, somente atendem a objetivos rasteiros, escusos, ofensivos e preconceituosos. Propagam o caos como trincheira ao malfeito. Ofendem a ordem e os ordeiros. Agridem a maioria silenciosa. Provocam injustiças. Tudo o que exatamente o CRM-PR combate.

 

Roberto Issamu Yosida é conselheiro-presidente do CRM-PR.

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