06/08/2010
Médico defende "Lei Rouanet" para saúde
O vice-presidente José Alencar entrega o prêmio Octavio Frias de Oliveira a Marcos Moraes
Marcos Moraes, ex-diretor do Instituto Nacional de Câncer, recebeu ontem, em SP, o Prêmio Octavio Frias de Oliveira
Inca se tornou centro de ações nacionais contra a doença sob Moraes, que fez elogios à conduta do vice José Alencar
O médico Marcos Moraes, diretor do Inca (Instituto Nacional de Câncer) entre 1990 e 1998, defendeu ontem a criação de
incentivos fiscais para o SUS (Sistema Único de Saúde) semelhantes aos que existem hoje para a cultura.
"Seria uma Lei Rouanet da saúde. O governo concederia incentivos para que as pessoas e as empresas investissem em hospitais
públicos e filantrópicos", afirmou Moraes, que recebeu ontem em São Paulo o Prêmio Octavio Frias de Oliveira.
O título, conferido pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp), reconhece personalidades
que se destacam no combate ao câncer.
Sob a gestão de Marcos Moraes, o Inca deixou de ser um hospital público comum para tornar-se o departamento do Ministério
da Saúde encarregado das políticas nacionais contra o câncer. Destacou-se no combate ao tabagismo, fator associado a vários
tipos de câncer.
Criada por Moraes, a Fundação Ary Frauzino facilitou a entrada de recursos públicos e privados no Inca.
Durante a premiação, na sede do Icesp (zona oeste da capital), o ex-diretor do Inca dedicou parte de seu discurso ao vice-presidente
José Alencar, que estava presente e foi homenageado.
Moraes elogiou Alencar por mostrar-se sereno e otimista ao falar do câncer na região abdominal que enfrenta há mais de
dez anos.
"O benefício que esse homem [Alencar] fez à nossa pátria, ao se abrir, é incalculável. Está mostrando ao povo que o câncer
é curável, que se pode manter a qualidade de vida apesar do tratamento", afirmou.
"Quando personalidades como Alencar aparecem, as pessoas se sentem encorajadas a ir ao médico. Aumentam os diagnósticos
precoces e as chances de cura."
Moraes foi escolhido por uma comissão de especialistas em câncer e leigos. Recebeu uma placa e R$ 8.000.
Marcos Moraes, 73, nasceu numa família pobre na cidade alagoana de Palmeira dos Índios. A mãe do médico e todos os seus
14 tios maternos morreram de câncer.
Quando optou por especializar-se em cirurgia oncológica, dois tios já haviam ficado doentes. "Talvez os casos na família
tenham influenciado minha escolha."
Participaram da cerimônia de ontem o diretor clínico do Icesp, Paulo Hoff, e o atual diretor do Inca, Luiz Antonio Santini,
entre outras personalidades. Maria Cristina, colunista da Folha, representou a família Frias.
"Foi uma decisão bastante difícil [escolher o vencedor]. Felizmente, temos uma grande quantidade de pessoas que dedicam
suas vidas a essa causa", disse Hoff.
O prêmio é uma homenagem ao empreendedorismo de Octavio Frias de Oliveira, publisher do Grupo Folha, morto em 2007 aos
94 anos.
Esta foi a primeira edição da premiação. Nas próximas edições, as cerimônias também serão em 5 de agosto.
Fonte: Folha de São Paulo