23/10/2007

Médico poderá fazer pós e residência ao mesmo tempo

Primeira instituição a oferecer o modelo será o Hospital do Câncer, de São Paulo



A Capes (fundação do Ministério da Educação que regulamenta a pós-graduação no país) decidiu autorizar os médicos que fazem residência a cursarem ao mesmo tempo o mestrado ou o doutorado.

As principais vantagens apontadas são a economia de tempo para a formação e a possibilidade de manter os profissionais em atividades de pesquisa. Por outro lado, especialistas alertam para o risco de uma sobrecarga dos residentes.

Isso porque a residência médica exige, obrigatoriamente, 60 horas semanais. Um curso de doutorado costuma ocupar mais de 12 horas semanais do aluno (varia conforme a instituição ou o aluno).

A primeira instituição autorizada a oferecer o modelo de residência com pós simultânea é o Hospital do Câncer A.C. Camargo (Fundação Antônio Prudente), de São Paulo.
O anúncio oficial ocorrerá nesta segunda-feira. Os residentes do hospital poderão cursar, simultaneamente, o doutorado em oncologia.

Dessa forma, o médico terá completado a residência e o doutorado em cinco anos (a pós-graduação começa no segundo ano de residência). No modelo tradicional, o médico levaria sete anos (três de residência e quatro do doutorado).

A partir do pedido do Hospital do Câncer, a Capes resolveu fazer um edital para conceder bolsas a residentes de outras instituições que se interessarem pelo programa.
Segundo o presidente da fundação, Jorge Guimarães, o projeto será lançado em no máximo dez dias.
O valor da bolsa será equivalente ao pago para os demais alunos de doutorado (R$ 1.916).

"A novidade com esse edital é a Capes dizer que reconhece essa possibilidade", afirmou Guimarães. Só serão aceitos cursos de pós-graduação avaliados pela Capes com conceitos 5, 6 ou 7 (os mais altos). Estão nesse patamar 83 dos 180 programas de medicina do país.

Segundo o presidente da Associação Nacional de Médicos Residentes, Daniel Silva Pereira, alguns residentes fazem a pós-graduação simultaneamente hoje em dia, "mas as atividades não são articuladas, o que torna quase impossível a conclusão de ambas".

No caso do Hospital do Câncer, os alunos no doutoramento dedicarão 12 horas semanais ao curso, além das 60 horas obrigatórias da residência.

"A decisão da Capes, a princípio, é positiva. Mas as instituições precisarão ter cuidado para distribuir a carga horária, porque pode haver sobrecarga", afirmou Pereira.

O secretário-executivo da Comissão Nacional de Residência Médica (vinculada ao MEC), Antônio Carlos Lopes, se mostrou surpreso. "Essa autorização não foi discutida na comissão. A minha impressão é que o residente dificilmente conseguirá cumprir as 60 horas e mais a carga da pós."
A Capes afirmou que a consulta não era necessária porque a medida não altera a residência, apenas flexibiliza a pós.


Fonte: Folha de S.Paulo

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