02/07/2007
Médico premiado em concurso fotográfico
O médico-fotógrafo, em entrevista ao CRM, analisou aspectos pertinantes à profissão médica e seu hobby de fotografia. Ato
médico, formação e interiorização do profissional estão entre os assuntos abordados.
"Maringá do meu coração"
Apesar de morar há apenas quatro meses na cidade, onde atua no Hospital Paraná, o médico Marcos Franchetti pode ser considerado um maringaense de coração. Em maio último ele recebeu prêmio de terceiro lugar em concurso fotográfico cujo objetivo era comemorar o sexagésimo aniversário da cidade. "Para quem havia recentemente chegado e sido acolhido pelo seu povo hospitaleiro de maneira calorosa, foi o melhor presente que eu poderia receber para completar as boas-vindas", explica.
A quinta edição do concurso, exclusivo para amadores, foi promovida pelo jornal O Diário do Norte do Paraná e contou com 27 participantes. As fotos dos três primeiros colocados foram publicadas na edição do jornal no dia do aniversário da cidade (10 de maio). "Pena que em preto e branco, não valorizando as cores e contrastes da foto", afirma.
A foto premiada? "Ela não tem nome ainda, pois o concurso não exigia, mas é uma foto capturada da janela do meu apartamento, de onde se tem uma vista privilegiada da cidade de Maringá. É uma foto noturna, captada no dia anterior ao prazo final de entrega para o concurso, que mostra a cidade iluminada e com névoa após chuva".
Vasculhando sites de fotografia, Marcos Franchetti descobriu por acaso um concurso na cidade de Barra do Piraí (RJ) e enviou seus trabalhos. Neste, em 2005, ele ficou em segundo lugar com a foto de um pequeno pássaro que habita jardins, folhagens e madeiramento próximo às moradias de Indianópolis (PR), onde morou desde o nascimento, em 1974. "Como até aquele momento eu não havia participado de concursos, decidi por enviar duas das fotos de aves que tinha disponível no meu arquivo e uma delas foi segunda colocada no concurso em Maringá", conta.
Perfil
Por falta de recursos médicos na pequena cidade de Indianópolis, interior do Estado, o nascimento de Marcos Franchetti ocorreu em Cianorte. "No entanto, toda minha infância e adolescência foram vividas nessa pequena cidade interiorana e, portanto, a considero como minha cidade natal", afirma.
A possibilidade de ajuda ao próximo e ter gratidão de seus pacientes como prêmio maior foi sem dúvida o motivo de sua escolha pela Medicina. Formou-se pela UFPR em 2000, fez residência em clínica médica na UFPR, e cardiologia e Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (São Paulo, SP). Em 29 de julho deste ano, o médico completa 33 anos e atualmente reproduz algumas paisagens urbanas em cores, por vezes usando efeitos de um programa de computador chamado Paint Shop Pro.
Entrevista com o médico-fotógrafo:
"Me considero 100 % amador, mas com dedicação de monte">
Portal do CRM-PR: Quando bateu a primeira fotografia?
Dr. Marcos Franchetti: Pra falar a verdade, não me lembro e, com certeza, a máquina não era minha. Creio que só comecei tarde por falta de oportunidade.
Quando e como descobriu sua paixão pelas fotos?
- Quando estava fazendo residência de cardiologia em São Paulo há uns três anos, comprei umas dessas digitais portáteis. A empolgação foi tamanha que logo percebi que era preciso um equipamento melhor. Aos poucos fui comprando e montando. Depois vieram os sites fotográficos onde eu postava minhas fotos, conheci vários amigos, troca de experiências e isso tudo não parou mais.
Quê tipo de fotografia costuma tirar?
- Tiro fotografia de muita coisa, tudo depende da oportunidade. Não tenho experiência em fotografia de estúdio e moda, mas este tipo de fotografia não me chama a atenção.
Tem algum tema preferido?
- Na verdade não tenho um único preferido. Gosto muito de macrofotografia e fotografia da natureza, pois há o prazer da busca, além da necessidade de cautela na aproximação do assunto. Para tanto, faço o possível e o quase impossível. Recentemente adquiri uma tele objetiva e agora passo a maior parte do tempo disponível fotografando pássaros. Também ocupo um bom tempo com fotografia de paisagens urbanas e paisagens rurais. A intenção agora é partir para fotografia em preto e branco com câmera mecânica, aprender revelação, chegar lá no início da história da fotografia.
Por que o Sr. escolheu a Medicina como profissão?
- A medicina era meu sonho profissional desde os sete anos de idade. A possibilidade de ajuda ao próximo e ter como prêmio maior a gratidão do mesmo foi sem dúvida o motivo maior da escolha.
Como o Sr. vê a Medicina hoje?
- Hoje o profissional da medicina não tem mais a devida valorização. Mas somos nós médicos que construímos esta situação quando não lutamos por uma melhor formação acadêmica, quando transmitimos nossas responsabilidades para pessoas não habilitadas ou quando não construímos uma boa relação médico-paciente. Esta aliada a uma formação sólida e educação continuada, são cruciais para proporcionar o melhor atendimento ao paciente. Por este motivo, é importante que todos os médicos tenham consciência e pratiquem corretamente a medicina, a fim de se evitar a banalização da profissão.
O que o Sr. diz sobre Ato Médico?
- A meu ver, há sim uma necessidade de se ter uma definição dos limites de campo de trabalho na área médica. O exercício da profissão médica exige formação em medicina e em instituição educacional reconhecida, não bastando somente que o indivíduo esteja tecnicamente apto a exercê-la. Isto significa necessidade de estar capacitado e habilitado e esta capacitação possui características peculiares que a diferencia e a individualiza. Ainda mais, há necessidade de se estar devidamente regulamentado no conselho de medicina. Os médicos respondem pelos danos que causarem aos seus pacientes em decorrência de imperícia, imprudência ou negligência, o que configura o erro profissional médico. Não se trata meramente de preservação e ampliação de mercado, nem mesmo de imposição de uma categoria sobre as demais.
O que se pretende é regulamentar de maneira mais organizada uma profissão e garantir que os atos pelos quais os médicos possam ser responsabilizados sejam realizados pelos mesmos, os que na verdade tem a devida capacitação para realizá-los.
Qual sua opinião sobre a aprovação do projeto de lei que cria o rol de procedimentos e serviços médicos para o setor de saúde suplementar com base na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM)?
- Foi uma conquista histórica para nós médicos. Com isto a remuneração passa a ser mais justa, contribuindo para o exercício digno de uma medicina de boa qualidade. Há expectativa de maior agilidade e de diminuição dos impasses nas negociações entre prestadores de serviço e planos de saúde, benefícios enormes para o paciente.
E a respeito da proliferação das Escolas Médicas e o atual Ensino Médico no País?
- Pode-se pensar a princípio que isso seria de grande importância para a população. Ora, teríamos mais médicos disponíveis, maior o número de pessoas atendidas e oportunidades a todos os que desejam cursar medicina. Mas, se formos racionais temos que pensar em qualidade e abrangência de atendimento. É difícil de acreditar que se possa ter formação adequada em faculdades com corpo docente sem a devida qualificação técnica e em hospitais escolas que muitas vezes não têm um número mínimo de pacientes por aluno. O que precisávamos sim é de aumento no número de vagas preferencialmente em instituições públicas e não o que estamos observando, uma proliferação desordenada e desestruturada das faculdades de medicina privadas. Instituições privadas devem existir e digo que há muitas delas com a devida qualificação, mas há que se regularizar rigidamente o credenciamento das mesmas junto ao MEC.
Por que decidiu trabalhar no interior do Estado?
- Sou um interiorano nato e como tal gosto do estilo de vida mais tranqüilo que o interior proporciona. A possibilidade de estar próximo da minha família foi, sem dúvida, o motivo maior da decisão. Gosto muito das cidades de Curitiba e São Paulo, que foram excelentes para minha formação acadêmica, mas quando pensei em constituir uma família, optei por algo mais calmo.
Acha importante os médicos procurarem emprego em cidades menores?
- Sim, é importante. Hoje há grande número de profissionais especializados e escassez do médico generalista. Acredito que cidades de pequeno porte terão grande demanda pelo tipo de profissional cada vez mais raro, o médico da família. Em minha opinião, a tendência no interior será o aumento da oferta de empregos e consequentemente melhor remuneração, excelente oportunidade para os recém formados.
Qual a relação entre Medicina e Fotografia na sua vida?
- A primeira o amor mais antigo e sólido, a grande paixão que dá prazer dia-a-dia, mas que às vezes é um pouco estressante pela extrema responsabilidade, pedindo pequenos intervalos para um descanso. A segunda, uma descoberta recente, uma paixão sem muitos compromissos, que exige dedicação, resumindo, uma boa maneira de relaxar e mandar embora o estresse.
"Maringá do meu coração"
Apesar de morar há apenas quatro meses na cidade, onde atua no Hospital Paraná, o médico Marcos Franchetti pode ser considerado um maringaense de coração. Em maio último ele recebeu prêmio de terceiro lugar em concurso fotográfico cujo objetivo era comemorar o sexagésimo aniversário da cidade. "Para quem havia recentemente chegado e sido acolhido pelo seu povo hospitaleiro de maneira calorosa, foi o melhor presente que eu poderia receber para completar as boas-vindas", explica.
A quinta edição do concurso, exclusivo para amadores, foi promovida pelo jornal O Diário do Norte do Paraná e contou com 27 participantes. As fotos dos três primeiros colocados foram publicadas na edição do jornal no dia do aniversário da cidade (10 de maio). "Pena que em preto e branco, não valorizando as cores e contrastes da foto", afirma.
A foto premiada? "Ela não tem nome ainda, pois o concurso não exigia, mas é uma foto capturada da janela do meu apartamento, de onde se tem uma vista privilegiada da cidade de Maringá. É uma foto noturna, captada no dia anterior ao prazo final de entrega para o concurso, que mostra a cidade iluminada e com névoa após chuva".
Vasculhando sites de fotografia, Marcos Franchetti descobriu por acaso um concurso na cidade de Barra do Piraí (RJ) e enviou seus trabalhos. Neste, em 2005, ele ficou em segundo lugar com a foto de um pequeno pássaro que habita jardins, folhagens e madeiramento próximo às moradias de Indianópolis (PR), onde morou desde o nascimento, em 1974. "Como até aquele momento eu não havia participado de concursos, decidi por enviar duas das fotos de aves que tinha disponível no meu arquivo e uma delas foi segunda colocada no concurso em Maringá", conta.
Perfil
Por falta de recursos médicos na pequena cidade de Indianópolis, interior do Estado, o nascimento de Marcos Franchetti ocorreu em Cianorte. "No entanto, toda minha infância e adolescência foram vividas nessa pequena cidade interiorana e, portanto, a considero como minha cidade natal", afirma.
A possibilidade de ajuda ao próximo e ter gratidão de seus pacientes como prêmio maior foi sem dúvida o motivo de sua escolha pela Medicina. Formou-se pela UFPR em 2000, fez residência em clínica médica na UFPR, e cardiologia e Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (São Paulo, SP). Em 29 de julho deste ano, o médico completa 33 anos e atualmente reproduz algumas paisagens urbanas em cores, por vezes usando efeitos de um programa de computador chamado Paint Shop Pro.
Entrevista com o médico-fotógrafo:
"Me considero 100 % amador, mas com dedicação de monte">
Portal do CRM-PR: Quando bateu a primeira fotografia?
Dr. Marcos Franchetti: Pra falar a verdade, não me lembro e, com certeza, a máquina não era minha. Creio que só comecei tarde por falta de oportunidade.
Quando e como descobriu sua paixão pelas fotos?
- Quando estava fazendo residência de cardiologia em São Paulo há uns três anos, comprei umas dessas digitais portáteis. A empolgação foi tamanha que logo percebi que era preciso um equipamento melhor. Aos poucos fui comprando e montando. Depois vieram os sites fotográficos onde eu postava minhas fotos, conheci vários amigos, troca de experiências e isso tudo não parou mais.
Quê tipo de fotografia costuma tirar?
- Tiro fotografia de muita coisa, tudo depende da oportunidade. Não tenho experiência em fotografia de estúdio e moda, mas este tipo de fotografia não me chama a atenção.
Tem algum tema preferido?
- Na verdade não tenho um único preferido. Gosto muito de macrofotografia e fotografia da natureza, pois há o prazer da busca, além da necessidade de cautela na aproximação do assunto. Para tanto, faço o possível e o quase impossível. Recentemente adquiri uma tele objetiva e agora passo a maior parte do tempo disponível fotografando pássaros. Também ocupo um bom tempo com fotografia de paisagens urbanas e paisagens rurais. A intenção agora é partir para fotografia em preto e branco com câmera mecânica, aprender revelação, chegar lá no início da história da fotografia.
Por que o Sr. escolheu a Medicina como profissão?
- A medicina era meu sonho profissional desde os sete anos de idade. A possibilidade de ajuda ao próximo e ter como prêmio maior a gratidão do mesmo foi sem dúvida o motivo maior da escolha.
Como o Sr. vê a Medicina hoje?
- Hoje o profissional da medicina não tem mais a devida valorização. Mas somos nós médicos que construímos esta situação quando não lutamos por uma melhor formação acadêmica, quando transmitimos nossas responsabilidades para pessoas não habilitadas ou quando não construímos uma boa relação médico-paciente. Esta aliada a uma formação sólida e educação continuada, são cruciais para proporcionar o melhor atendimento ao paciente. Por este motivo, é importante que todos os médicos tenham consciência e pratiquem corretamente a medicina, a fim de se evitar a banalização da profissão.
O que o Sr. diz sobre Ato Médico?
- A meu ver, há sim uma necessidade de se ter uma definição dos limites de campo de trabalho na área médica. O exercício da profissão médica exige formação em medicina e em instituição educacional reconhecida, não bastando somente que o indivíduo esteja tecnicamente apto a exercê-la. Isto significa necessidade de estar capacitado e habilitado e esta capacitação possui características peculiares que a diferencia e a individualiza. Ainda mais, há necessidade de se estar devidamente regulamentado no conselho de medicina. Os médicos respondem pelos danos que causarem aos seus pacientes em decorrência de imperícia, imprudência ou negligência, o que configura o erro profissional médico. Não se trata meramente de preservação e ampliação de mercado, nem mesmo de imposição de uma categoria sobre as demais.
O que se pretende é regulamentar de maneira mais organizada uma profissão e garantir que os atos pelos quais os médicos possam ser responsabilizados sejam realizados pelos mesmos, os que na verdade tem a devida capacitação para realizá-los.
Qual sua opinião sobre a aprovação do projeto de lei que cria o rol de procedimentos e serviços médicos para o setor de saúde suplementar com base na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM)?
- Foi uma conquista histórica para nós médicos. Com isto a remuneração passa a ser mais justa, contribuindo para o exercício digno de uma medicina de boa qualidade. Há expectativa de maior agilidade e de diminuição dos impasses nas negociações entre prestadores de serviço e planos de saúde, benefícios enormes para o paciente.
E a respeito da proliferação das Escolas Médicas e o atual Ensino Médico no País?
- Pode-se pensar a princípio que isso seria de grande importância para a população. Ora, teríamos mais médicos disponíveis, maior o número de pessoas atendidas e oportunidades a todos os que desejam cursar medicina. Mas, se formos racionais temos que pensar em qualidade e abrangência de atendimento. É difícil de acreditar que se possa ter formação adequada em faculdades com corpo docente sem a devida qualificação técnica e em hospitais escolas que muitas vezes não têm um número mínimo de pacientes por aluno. O que precisávamos sim é de aumento no número de vagas preferencialmente em instituições públicas e não o que estamos observando, uma proliferação desordenada e desestruturada das faculdades de medicina privadas. Instituições privadas devem existir e digo que há muitas delas com a devida qualificação, mas há que se regularizar rigidamente o credenciamento das mesmas junto ao MEC.
Por que decidiu trabalhar no interior do Estado?
- Sou um interiorano nato e como tal gosto do estilo de vida mais tranqüilo que o interior proporciona. A possibilidade de estar próximo da minha família foi, sem dúvida, o motivo maior da decisão. Gosto muito das cidades de Curitiba e São Paulo, que foram excelentes para minha formação acadêmica, mas quando pensei em constituir uma família, optei por algo mais calmo.
Acha importante os médicos procurarem emprego em cidades menores?
- Sim, é importante. Hoje há grande número de profissionais especializados e escassez do médico generalista. Acredito que cidades de pequeno porte terão grande demanda pelo tipo de profissional cada vez mais raro, o médico da família. Em minha opinião, a tendência no interior será o aumento da oferta de empregos e consequentemente melhor remuneração, excelente oportunidade para os recém formados.
Qual a relação entre Medicina e Fotografia na sua vida?
- A primeira o amor mais antigo e sólido, a grande paixão que dá prazer dia-a-dia, mas que às vezes é um pouco estressante pela extrema responsabilidade, pedindo pequenos intervalos para um descanso. A segunda, uma descoberta recente, uma paixão sem muitos compromissos, que exige dedicação, resumindo, uma boa maneira de relaxar e mandar embora o estresse.