04/01/2008

Médicos do RJ condenam salários e superlotação das emergências

Os médicos consultados pelo JB, além de estranharem o desconforto do governador Sérgio Cabral diante do setor de pediatria lotado, discordam quanto ao diagnóstico feito pelo político ao fim da vistoria. De acordo com Cabral, apesar das reclamações, houve progressos.

- Ainda durante a campanha, o governador usou a palavra "genocídio" para definir o que acontecia no Hospital Albert Schweitzer - lembra o presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze. - Um ano depois, ainda podemos aplicar esta expressão. A rede estadual não recebeu investimentos, a evasão continua alta e faltam profissionais em várias especialidades, além de medicamentos e outros insumos.



Sem plantonistas

Para a presidente do Cremerj, Márcia Rosa de Araújo, o quadro clínico da rede estadual "até piorou". O piso salarial, que gira em torno de R$ 1.500, contribuiria para que os médicos abandonassem os plantões.

- Os salários aviltantes tornaram-se comuns - condena. - No mês passado, os aprovados no último concurso público ainda não haviam recebido os pagamentos de abril e maio.
Segundo a médica, o governador "não deixa de ter razão" ao atribuir as emergências lotadas à precariedade dos postos de saúde, mas o Estado tampouco faz o dever de casa.
- O carioca não pode sofrer com o jogo de empurra. A prefeitura culpa a falta de serviços da Baixada Fluminense, e o governo estadual, em vez de melhorar as condições de trabalho dos médicos, atribui suas mazelas aos postos de saúde.

Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Dioclécio Campos Junior ressalta que ver 80 crianças esperando atendimento "não é uma situação excepcional". De acordo com o médico, o Rio sofre do mesmo problema por que passou Volta Redonda no início da década. No município do Sul Fluminense, o sistema de emergência fazia o dobro de atendimentos recomendados pelo Ministério da Saúde. Em contrapartida, o número de consultas ao regime de atenção básica era 25% menor do que o esperado.

- Se a população vai em grande escala em busca dos serviços de emergência, sem haver necessidade para tanto, é porque os problemas não são resolvidos como deveriam na linha de frente - ressalta. Investimento
O Palácio Guanabara aposta na criação de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) para esvaziar as emergências. Quatro foram inauguradas no ano passado, e outras 15 devem ser construídas no Rio, Baixada Fluminense e São Gonçalo até dezembro. O governador Sérgio Cabral prometeu contratar bombeiros para atuar no atendimento das unidades, que teriam grau de aceitação acima de 90% entre seus usuários.

Ontem, a Secretaria Estadual de Saúde não confirmou mudanças na direção do Hospital Rocha Faria, o pior entre os visitados por Cabral. Em setembro, o secretário Sérgio Côrtes chegou a transferir o gabinete de toda a cúpula da pasta para dentro da unidade. Esta não seria a primeira vez que as vistorias de Cabral derrubariam homens fortes da saúde pública fluminense. Em janeiro do ano passado, logo depois de visitar o Hospital Getúlio Vargas, o governador exigiu a demissão do diretor da unidade, que havia assumido o cargo há menos de 24 horas.


Fonte: Jornal do Brasil

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