25/11/2010

Médicos pedem reajuste no valor de honorários

Profissionais estimam que defasagem média é de 156% para consultas e procedimentos e cogitam deixar planos



Médicos ligados a 54 especialidades lançam hoje em Curitiba a Campanha Nacional de Defesa Profissional, para exigir das operadoras de saúde reajuste nos valores dos repasses referentes a consultas e procedimentos clínicos. Eles estimam que os valores estão defasados em média em 156% e cogitam se descredenciar dos planos de saúde complementar se o reajuste não for concedido.


José Fernando Macedo, presidente da Associação Médica do Paraná (AMP), diz que a situação chegou ao limite e que os médicos não veem alternativas. "Algumas operadoras praticam a tabela de 1992. São 18 anos de defasagem. No entanto, os planos de saúde reajustam os seus preços anualmente", diz. "Estamos num ponto em que cada médico terá que pedir seu descredenciamento, cobrar do paciente, dar o recibo e aconselhá-lo a cobrar do plano."


A expectativa de Macedo é que a campanha tenha adesão maciça dos médicos. "Os profissionais da saúde estão trabalhando quase de graça para as operadoras e elas simplesmente não querem repassar os aumentos que fazem. Esperamos que a adesão à campanha seja muito boa no Paraná", afirma. O evento que vai marcar a abertura da campanha começará às 19h30, na sede da AMP (Rua Cândido Xavier, 665, no bairro Água Verde). A AMP preparou sete palestras com médicos de várias partes do Brasil.


Em nota, a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) informou que não se pronuncia sobre os valores. Segundo a nota, as diferenças de valores entre os planos são grandes e dependem de fatores como a saúde financeira de cada operadora, sua referências geográficas e especificidades em relação aos custos.


Para o médico Ricardo Zanetti Gomes, especialista em cirurgia vascular, a metodologia do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos planos de saúde é semelhante, com consultas mais curtas, aumento da carga de trabalho e poucos recursos para atualizações. "Os preços pagos pelo SUS são muito menores do que nos planos, mas no SUS o médico não tem muitos custos", comenta. "No caso das operadoras, se o profissional quiser se associar deve ter um consultório e isso gera custo. O que se reivindica é uma atualização dos repasses."


Gomes lembra que os médicos precisam estar em constante atualização. "Se não assinar uma revista especializada, geralmente paga em dólar, se não for a congressos e não souber dos avanços nos tratamentos, o médico não terá uma boa condição para atender", diz. "Os médicos têm que aumentar sua jornada de trabalho e atender mais pacientes. Isso resulta em perda de qualidade."


Fonte: Gazeta do Povo

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