25/10/2011

Médicos protestam pela melhoria do SUS em Curitiba


Na foto, o presidente do CRM-PR, Carlos Roberto Goytacaz Rocha, proferindo algumas palavras para chamar a atenção das autoridades e da população que passava pela Boca Maldita, em Curitiba, junto do presidente da AMP, João Carlos Gonçalves Baracho, e do diretor do Simepar, José Ferreira Lopes.




Apontar os problemas que afetam a saúde pública e comprometem a qualidade do atendimento oferecido pelos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) foi o principal objetivo do ato público realizado no dia 25 de outubro, em Curitiba. Organizado pelas entidades representativas da classe paranaense, o protesto contra a precariedade da saúde pública ocorreu na Boca Maldita, no centro da cidade. Mesmo com o tempo instável, a manifestação pública reuniu dirigentes do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), do Sindicato dos Médicos do Estado do Paraná (Simepar) e da Associação Médica do Paraná (AMP) e médicos, que distribuíram panfletos e conversaram com a população a respeito das condições de trabalho do médico do SUS. Na oportunidade, o presidente do CRM-PR, Carlos Roberto Goytacaz Rocha, proferiu algumas palavras para chamar a atenção das autoridades e das pessoas que passavam pelo local. Ele destacou a campanha de valorização profissional lançada pelas entidades nacionais "Luto pela saúde", apresentou as principais reivindicações da classe e ressaltou a preocupação dos médicos com a população. "Optamos em não realizar suspensão do atendimento em nosso Estado. A paralisação iria prejudicar justamente os pacientes, que são as pessoas por quem estamos lutando", justifica. "Nós entendemos que a paralisação denunciando a precariedade do SUS no Paraná seria mais prejudicial para a população do que o para o gestor, por isso optamos por restringir o protesto e manter o atendimento", completa Alexandre Gustavo Bley, vice-presidente do CRM-PR.

Carlos Roberto Goytacaz Rocha explica que os médicos não são contrários ao SUS. "Ele é referência internacional, mas é um sistema que necessita de melhorias em termos de gestão e investimento para que possa proporcionar à população a assistência que ela merece", afirma. O presidente do CRM explica que os médicos precisam de melhores condições de trabalho e remuneração digna, com a implantação da CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos) para que a capacidade de atendimento à população mais carente seja ampliada.

O presidente da AMP, João Carlos Gonçalves Baracho, também falou que a implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) e concursos públicos para médicos ajudariam a fixar os profissionais na saúde pública. Atualmente, apenas 50% dos médicos paranaenses atendem pelo SUS e o valor médio pago pela consulta com um clínico é R$ 2,50 e R$ 7,50 com um especialista. "É necessário um valor que dê condições para o profissional estudar, prestar um bom atendimento, e não precisar de três, quatro empregos para poder se manter", esclarece.

O Simepar aproveitou o protesto para denunciar as condições de trabalho nos Centros Municipais de Urgências Médicas de Curitiba (CMUM's). "Os Centros de Urgências são serviços públicos municipais, mas utilizam médicos terceirizados para atendimento", denuncia o diretor do Simepar, José Ferreira Lopes. Para ele, a população só tem a ganhar com a valorização das condições de trabalho dos médicos.



Dados:

Há falta generalizada de leitos hospitalares. Entre 1990 e 2008, o Brasil perdeu 188.845 leitos hospitalares, sendo que aproximadamente 45 mil deles foram desativados a partir de 2000. Na região Sul, foram desativados 37.212.



Situação no Paraná

- 20.747 leitos do SUS;

- 1.752 leitos de UTI;

- 1,7 leitos de UTI para cada 10 mil habitantes (MS preconiza mínimo de 1,3);

- 5.º estado em número de leitos UTI do País (6,9%);

- Salário base pago aos médicos concursados com jornada semanal de 20 horas: R$ 2.685,56 (Fenam propõe piso de R$ 9.688.).



Principais problemas (reflexos da má gestão e do subfinanciamento do SUS):

- Falta de valorização do profissional;

- Sobrecarga de trabalho;

- Demandas reprimidas;

- Estrutura deficiente.



Principais reivindicações:

- Recuperação dos valores pagos pelos honorários (médicos concursados) e procedimentos médicos hospitalares (tabela SUS);

- Melhora da infra-estrutura e dos recursos humanos;

- Mais investimentos públicos em saúde.

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