13/07/2009

Modelo atual de assistência médica é insuficiente, diz Meira

A proposta defendida por lideranças indígenas de criação de uma Secretaria Especial de Saúde Indígena, no âmbito do Ministério da Saúde, para promover serviços que hoje estão sob responsabilidade da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), é vista com bons olhos pelo presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira. Para o presidente da Funai, o modelo atual de assistência, que inclui contratações terceirizadas feitas pela Funasa para o atendimento aos índios, mostrou-se aquém da necessidade das comunidades, além de ter sido alvo de denúncias de desvio de recursos.

- Pode ser uma oportunidade interessante (a criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena), que o Ministério da Saúde deve considerar, na medida em que isso seja acompanhado de uma capacitação e qualificação com quadros contratados por meio de concurso, para que seja um passo adiante. Pode ser feita uma melhoria geral na gestão desse subsistema - avalia Meira. As especificidades da saúde indígena, segundo o presidente da Funai, exigem dos profissionais que encaram a missão uma gama de conhecimentos e capacidade de interação que muitos deles nem sempre têm. - A saúde é um ponto crítico, extremamente complexo. Tratar um doente não indígena é uma coisa. Outra coisa é tratar um doente indígena. São povos diferentes, com situações de contato diferenciadas. Tem que ter uma tradução, o médico tem que dialogar com o pajé da aldeia.
Meira ressalta também que o Estado brasileiro deve aos índios melhor qualidade assistencial.

- A Funasa , a Funai, os ministérios em geral, os estados e municípios, todos estão aquém ainda do que deveria ser oferecido em termos de qualidade de serviços públicos para os povos indígenas. Avançamos muito nos últimos anos , mas dá para melhorar em todas áreas - ressalta. No ano passado, o orçamento da Funai, que Meira considera insuficiente para todas as demandas que o órgão recebe, foi de R$ 132 milhões. Este ano, a execução pode subir para R$ 145 milhões. A maior parte dos recursos vai para a regularização fundiária e a menor, para políticas de promoção, mas o presidente da Funai crê em uma inversão progressiva nos próximos anos. - A tendência é que os recursos necessários para a área de promoção, da cultura, de atividades econômicas e e de direitos sociais, como a ampliação do acesso a aposentadoria pelos indígenas, tenham que crescer mais e se sobrepor aos da regularização fundiária, que ficariam mais para fiscalização e vigilância.


Fonte: Jornal do Brasil

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