23/10/2007

No Rio, furadeiras são usadas em neurocirurgias

Um grupo de neurocirurgiões da rede pública fluminense elaborou um relatório anônimo com fotos que ilustram as precárias condições de trabalho que os obrigam a usar furadeiras de marcenaria para abrir o crânio dos pacientes, reutilizar brocas descartáveis e improvisar colares cervicais com tiras de papelão e frascos de soro. O documento foi entregue ao vereador Carlos Eduardo (PSB), que é médico. Ele pediu ao Ministério Público a abertura de inquérito.

Segundo a denúncia, nos quatro hospitais da rede estadual referenciados para neurocirurgia - Azevedo Lima, em Niterói; Saracuruna, em Duque de Caxias; Rocha Faria, em Campo Grande; e Getúlio Vargas, na Penha - não há craniótomo (aparelho utilizado pelos hospitais particulares para procedimentos neurocirúrgicos).

Nas furadeiras de uso cirúrgico, o motor pára quando encosta no cérebro. "Para a operação ser bem-sucedida nessas condições, tem de contar com a mão do médico, porque a trepidação pode causar sangramentos ou deixar seqüelas", disse Carlos Eduardo.

A presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), Márcia Rosa de Araújo, defendeu o uso de furadeiras. "Quando chega um paciente em estado grave que precisa de uma neurocirurgia, ele morre ou é atendido com uma furadeira."

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, José Carlos Saleme, não há nada de errado no uso de furadeiras convencionais em centros cirúrgicos. Basta a correta esterilização do material utilizado com oxitileno ou formalina. "Isso é muito comum", diz. "Basta que a ponteira seja esterilizada."


Fonte: O Estado de S.Paulo

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