20/10/2008

No hospital também tem escola


Pacientes internados no HU recebem atendimento educacional especial; projeto Sareh atendeu 162 somente no primeiro semestre desse ano.



Até o ano passado, crianças e adolescentes hospitalizados ficavam sem estudar durante o período de internamento, o que acabava acarretando reprovações e até mesmo abandono dos estudos, em alguns casos. Essa realidade mudou com o Sareh, um projeto da secretaria de Estado da Educação em parceria com as secretarias da Saúde e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
O Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar (Sareh) possibilita aos estudantes internados receber os mesmos conhecimentos repassados na escola.
Desde de junho do ano passado, crianças e adolescentes internados no Hospital Universitário de Londrina (HU) estão recebendo atendimento educacional especial.
"O Sareh é destinado aos estudantes do ensino fundamental e médio e tem equivalência de frequência e de aproveitamento escolar. Eles têm aulas todos os dias, com carga horária semelhante à da escola'', explica a coordenadora geral do programa no Núcleo Regional de Educação, Shirley Godoy. Ela lembra que, em alguns casos, devido ao estado de saúde da criança, o médico responsável é quem define a quantidade de aulas.

Segundo ela, assim que chegam ao hospital, a pedagoga responsável pelo projeto procura a escola da criança para que ela receba as mesmas atividades dos outros alunos, incluindo a aplicação de provas. ''Ainda temos um pouco de dificuldade em agilizar esse processo, mas as escolas estão começando a se acostumar a nos atender com mais rapidez'', comenta.
Os professores do hospital têm um planejamento das diretrizes curriculares que norteiam os estudos das escolas no Estado. ''De uma forma ou de outra, eles vão receber alguma atividade escolar.''

Só no primeiro semestre desse ano 162 pacientes, entre crianças e adolescentes, foram atendidos pelo programa. O Sareh realiza atendimentos em oito instituições, sendo seis delas em Curitiba, mais os Hospitais Universitários de Maringá e Londrina.
No HU de Londrina, são quatro professores que compõem a rede de escolarização hospitalar e mais uma pedagoga responsável. Por enquanto, o projeto só atende crianças e adolescentes a partir do ensino fundamental, já que o município é responsável pela educação básica.

Stefani Lorrany dos Santos, de 11 anos, que cursa a 5ªsérie, é uma das crianças atendidas pelo projeto. Ela diz que gosta muito das aulas e quando voltar à escola não terá dificuldades em acompanhar o restante dos alunos. ''Assim, eu não perco matéria e minhas notas não ficam baixas. Eu acho que aprendo muito mais, porque recebo mais atenção do professor'', conta.

A camareira Elizângela Santos, mãe da menina, elogia o tratamento dado à filha, que está há um mês hospitalizada. ''Não conhecia o projeto, mas estou achando a iniciativa excelente.
É muito bom poder contar com o ensino dos professores. Agora estou mais tranquila, já que não vai acontecer como há quatro anos, quando minha filha acabou reprovando por ter ficado um período internada.''



Professores também aprendem
Depois de 16 anos lecionando na rede pública, a professora Rubinéa Lopes viu no programa a oportunidade de um novo desafio. 'Fiquei muito apreensiva no começo. É muito complicado lidar com crianças hospitalizadas, muitas vezes, em estado terminal. Além de levarmos o conhecimento científico, somos responsáveis, principalmente, em levar motivacão e auto-estima', pondera.


Para ela, é muito gratificante o reconhecimento da família e dos alunos. 'As crianças sabem da importância deste programa, tanto pela questão do ensino, quanto pela socialização. Enquanto lá fora muitos alunos não querem saber de estudar, aqui eles pedem para ter aula.', diz Rubinéa.

Luiz Fernandes, professor de Ciências, diz que é difícil lidar com a perda. 'Numa sala de aula com 40 alunos, às vezes é complicado ter uma relação mais próxima. Aqui, nos apegamos às crianças. Mesmo assim, se perdemos um aluno, temos que ser fortes e não passarmos para os que continuam', conta.
Ele destaca que é muito positivo ver a mudança de comportamento das crianças. 'Vejo que muitos saem daqui dando valor aos estudos e ao aprendizado. Aqueles que davam problemas na escola, passam a ser responsáveis. Outros que haviam parado, voltam à estudar'.


Fonte: Folha de Londrina

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