Como médico obstetra, Amur foi responsável pelo nascimento de mais de duas mil crianças no município de Araucária, região metropolitana de Curitiba. Sua dedicação às mulheres "barrigudinhas", como lembra a viúva Ivette, durou 60 anos. E teria durado mais se a filha não tivesse providenciado os papéis da aposentadoria. Ivette recorda-se que após o casamento, em 1949, moraram por nove anos na cidade. Durante esse período, o marido usava o cavalo para ir atender as pacientes mais distantes. E as noites nunca eram tranquilas: sempre tinha quem viesse bater na madrugada pedindo para fazer um parto.


Os quatro filhos nasceram em Araucária e vieram ao mundo pelas mãos do pai, em casa. A esposa perde a conta de quantos afilhados de casamento e batizado o casal tinha. Alguns já são até avós. Depois que a família veio morar em Curitiba, para os filhos estudarem, Amur ia e vinha todos os dias com o maior prazer. Na década de 70, o médico resolveu comprar uma chácara no bairro Costeira. Era lá que se refugiava durante os fins de semana aproveitando o contato com a família e o cuidado com os animais: eram cavalos, vacas, coelhos, galinhas de angola.


Ainda em vida recebeu a homenagem de ter o Núcleo Integrado de Saúde (NIS) batizado com o seu nome. Como chefe do Posto de Puericultura de Curitiba e Araucária, frequentemente comprava tecidos para as voluntárias fazerem fraldas e leite para serem doados para as crianças carentes dos dois municípios. A casa antiga e tombada pelo patrimônio histórico, localizada na praça central de Araucária, ora casa e consultório da família Ferreira, serve hoje de local para o trabalho do filho mais novo, também médico ginecologista e obstetra. Deixa quatro filhos, 10 netos e quatro bisnetos.


Dia 14, aos 91 anos, de parada cardíaca.

Fonte: Gazeta do Povo