14/07/2022

O Silêncio das Rosas: documentário fomenta debate sobre violência doméstica e o papel do médico

Obra foi apresentada na Sociedade Médica de Maringá e envolveu cineasta autor, médicas e lideranças femininas na análise da extensão do problema e de políticas públicas de proteção à mulher

A violência doméstica foi tema de debate no auditório da Sociedade Médica de Maringá, na noite da última terça-feira (12), a partir da apresentação do documentário “O silêncio das Rosas”, obra produzida este ano no Paraná e que tem apresentações gratuitas ao público entre julho e agosto. O encontro permitiu importante reflexão sobre a real dimensão do problema e a contribuição que pode ser dada pelo profissional de Medicina na orientação, conscientização e alerta contra as agressões em suas várias formas e contra a impunidade.

O evento foi uma iniciativa do Grupo União Flor de Lotus, que é formada por mulheres empresárias, profissionais liberais e lideranças de Maringá e região, comprometidas com a causa do desenvolvimento e empoderamento da mulher por meio da educação e informação que abrangem o universo feminino. O grupo promove ainda várias atividades de cunho social visando o bem-estar do seu público-alvo, que são mulheres atendidas nas diversas instituições de assistência social da cidade do Noroeste paranaense.

clique para ampliarclique para ampliarParticipantes do cine-debate sobre violência doméstica. (Foto: Divulgação)

Participaram como convidados o cineasta Eliton Oliveira, que dirigiu o documentário recém-lançado; Dani Cenerini, empresária da Amici & Comunicação, diretora do Maringá Convention Bureau e líder do Grupo Flor de Lotus; e ainda as médicas Tatiane Colombari, gineco-obstetra que atende em unidade ambulatorial da mulher; Edna Motta Almodin, oftalmologista; Elisabete Mitiko Kobayashi, professora da UEM e superintendente do Hospital Universitário de Maringá; e a dermatologista Fabíola Menegoti Tasca, diretora da Representação Regional do CRM-PR em Maringá.

A médica Fabíola Tasca, diretora do CRM-PR em Maringá, elogiou a iniciativa e diz que o documentário traz o alerta de que, como profissional médico, “muitas vezes a gente pode ser a primeira pessoa a receber o pedido de socorro de mulher vítima de violência”. Como observou, uma das primeiras atitudes que o agressor adota com a mulher é decretar seu isolamento da família dos amigos. “Então, às vezes, ela vai procurar um médico por outros sintomas que não estão relacionados especificamente com agressão, mas que podem sinalizar para o problema. Devemos estar atentos, inclusive quanto a indícios de abusos psicológicos, e não sermos omissos em nossa missão de assistir, amparar e também denunciar”, assinalou, sem deixar de manifestar o respeito e coragem das mulheres que se expuseram no documentário em fortalecimento à luta contra a violência.

clique para ampliarclique para ampliarNo debate sobre o filme, Dra. Edna Almodin, Dra. Tatiane Colombari e Eliton Oliveira, o cineasta. (Foto: Divulgação)

Como destacaram os organizadores do evento, a violência contra a mulher e os inúmeros casos de feminicídios fazem parte de uma problemática gravíssima que não respeita classe social, etnia, religião, idade ou grau de escolaridade. Como ressaltou o produtor Eliton de Oliveira, enquanto o ditado popular impõe o tal dito ‘o que olhos não veem o coração não sente’, o documentário O Silêncio das Rosas segue pelo caminho oposto: “Isto é, abrindo nossos olhos e ouvidos para uma realidade gritante que precisa ser discutida em todas as rodas de conversa e amplamente pela mídia: mulheres estão sofrendo violência dentro de casa por seus companheiros e sendo assassinadas, vítimas da brutalidade, do machismo e do preconceito por elas serem simplesmente mulheres”.

O Silêncio das Rosas aborda, por meio de depoimentos verídicos, as histórias de mulheres vítimas de violência doméstica – física, moral, virtual, patrimonial, sexual e psicológica – e de familiares de vítimas de feminicídio, trazendo à superfície sua dor e sofrimento de forma contundente e sensível. O documentário é construído a partir de 21 entrevistas – e envolveu a participação de profissionais das áreas jurídica, psicológica, médica, policial e pessoas envolvidas diretamente no combate à violência e nas políticas públicas de proteção à mulher, procurando responder perguntas bastante simples: por que tantas mulheres são vítimas de violência doméstica? O que leva um homem a se tornar um agressor e um feminicida? Como identificar os gatilhos que antecedem a violência? Como escapar do ciclo ininterrupto da violência doméstica? Como interromper a escalada dos altos índices de casos de feminicídio?

clique para ampliarclique para ampliarDra. Fabíola, diretora do CRM-PR em Maringá. (Foto: Divulgação)

O documentário produzido pela Script Doctor Productions, produtora de cinema com sede na cidade de Maringá, e foi dirigido por Eliton Oliveira, profissional com mais de 20 anos de experiência no segmento audiovisual, contando ainda com uma multiprofissional equipe de talentos que “não esmoreceu diante do grande desafio que tinha pela frente: tirar da escuridão do silêncio histórias que precisavam ser contadas, ouvidas, mas principalmente, compreendidas”. As filmagens ocorreram em Maringá entre 7 e 17 de março deste ano.

O filme foi patrocinado por empresas e pelo Instituto Cultural Ingá, por meio de dedução fiscal pela lei de incentivo e fomento à cultura, com realização da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal. O tempo de duração é de aproximadamente 1h40. Confira o trailer de 3:42.

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