24/07/2012

Ocupação de hospitais privados chega ao limite em SP

Com dores na coluna, a analista Isabel Cristina Pires, 28, esperou cinco horas para fazer raio-X e tomar medicação no Hospital São Luiz (na zona sul de São Paulo).

Durante esse tempo, contou 30 pessoas de pé, uma deitada no chão e outras cinco em cadeiras de roda à espera de atendimento. "Para que pagar plano de saúde caro? Para ser tratada em um hospital conceituado como paciente do SUS?", diz.


Do outro lado da cidade, na zona leste, a aposentada Zenaide Muniz, 78, ficou oito horas aguardando leito de internação. Só foi para o quarto após a filha ameaçar armar um barraco no hospital da operadora GreenLine, que disse que prestou todo o atendimento.


Cenas assim, comuns em hospitais públicos, têm se tornado cada vez mais frequentes em unidades privadas da capital paulista, que trabalham com taxa de ocupação máxima, de 95 por cento. O ideal seria até 85 por cento, para evitar a falta de leitos para urgências.


Elas são só um exemplo das dificuldades que usuários de planos têm enfrentado, ao lado da demora na marcação de consultas, exames e cirurgias. No mês passado, a Folha mostrou que há superlotação em maternidades particulares.


O próprio São Luiz admite que tem recebido uma alta demanda de pacientes e, por priorizar casos de emergência, é possível que haja demora no atendimento. O hospital afirma que até fez mudanças na forma de atendimento para reduzir a espera.





AQUECIMENTO


Em razão do crescimento econômico vivido pelo país, mais pessoas têm contratado planos de saúde. Na capital paulista, o número de conveniados subiu 13 por cento desde 2009.


A rede hospitalar, no entanto, não cresceu à altura. Pelo contrário: nesse período, o número de leitos de internação e de UTI caiu 8,4 por cento.


Parte da queda ocorreu pelo fechamento de oito hospitais em 2010 e 2011, com 600 leitos, afirma o sindicato dos hospitais (Sindhosp).


Um levantamento do professor do Departamento de Medicina Preventiva da USP Mario Scheffer, que coordenou a pesquisa Demografia Médica no Brasil, de 2011, mostra ainda que quem frequenta o SUS na capital tem à disposição mais médicos do que quem tem plano.


"A situação é bem problemática. Temos pacientes graves esperando atendimento por horas em hospitais privados", diz o médico Florisval Meinão, presidente da Associação Paulista de Medicina.


Segundo ele, os planos "remuneram mal os hospitais, que, por sua vez, têm dificuldade de expandir a rede e até de se manterem abertos."


Para Sheffer, a Agência Nacional de Saúde Suplementar é omissa. "Não fiscalizou o dimensionamento inadequado da rede e nem o congelamento do número de médicos."


A FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que representa 15 dos maiores grupos de operadoras do país, afirma que suas afiliadas "vêm fazendo contínuo esforço de investimento na ampliação da capacidade de atendimento".



Fonte: Folha de S. Paulo

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