29/04/2010
Ortopedistas questionam seguros-saúde
Médicos reclamam do excesso de interferência
A interferência dos planos de saúde na autonomia do médico chegou a tal ponto, que os ortopedistas de todo o Brasil marcaram
um debate de caráter nacional para discutir o tema. Durante o próximo Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Ortopedia
e Traumatologia (SBOT), marcado para acontecer no mês de novembro, em Brasília, médicos de todo o país discutirão sobre o
tema.
De acordo com Robson Azevedo, que dirige a Comissão de Defesa e Dignidade Profissional da Sociedade Brasileira de Ortopedia
e Traumatologia - SBOT, a discussão tornou-se absolutamente necessária pois "a responsabilidade pela eficácia de um procedimento
ou da escolha de um implante é do médico, que não pode submeter sua decisão à administração do plano de saúde".
O dirigente afirma que o problema é complexo, mas reconhece que os planos de saúde têm razão quando reclamam que o governo
inclui constantemente novos procedimentos a serem cobertos em contratos pré-existentes. "O que não pode ocorrer, entretanto,
é que o administrador do plano determine que material deva ser utilizado nos pacientes, que limite o preço do tratamento a
ser ministrado ou que defina qual a prótese a ser implantada", argumenta.
Para o debate nacional que prepara, a tese da SBOT é que o médico tem a obrigação ética de buscar o tratamento mais adequado
para o paciente e não pode se subordinar a limitações de ordem financeira para se adequar às planilhas de custo das empresas.
Para o presidente da sociedade, Cláudio Santili, a discussão sobre ética e a autonomia do médico para indicar tratamento e
material para seu paciente deverá abranger não só os médicos. Por isso mesmo, representantes dos seguros-saúde, da Agência
Nacional da Saúde e da Anvisa serão também convidados ao debate. "É obrigação do médico defender o seu paciente, e é isso
que vamos fazer", conclui o presidente da SBOT.
Fonte: CFM