Os efeitos de um choque de eficiência

Empresas firmes x hospitais cambaleantes. Existe uma íntima relação entre este paradoxo e os caminhos pelos quais ambos estão seguindo


Em um mercado crescente e competitivo, dados comprovam que as empresas vêm se especializando, estão preocupadas em se manter firmes. A queda do número de concordatas e falências registradas nos últimos meses é a prova disso. Segundo dados do Serasa, houve uma queda no volume de falências requeridas superior a 60 por cento nos primeiros sete meses de 2006 em relação a 2005. As falências decretadas também apresentaram recuo. No primeiro semestre deste ano, o volume foi 35 por cento menor que no mesmo período de 2005. A explicação é de que a queda dos indicadores de insolvência é conseqüência do crescimento da atividade econômica, sustentado pelo aumento do consumo interno e pelas melhores condições de crédito ao consumidor. Mas não apenas isso. Estudos feitos mostraram que as empresas sofreram um chamado "choque de eficiência", partindo para capacitação de pessoal, gerenciamento mais efetivo, administração mais humana, moderna, descentralizada.

Federações, associações, grupos organizados engrossaram esta tendência, criando oportunidades e disponibilizando cursos específicos, palestras, reuniões para intercâmbio de informações.

Preocupadas com lucratividade, sem desgaste com redução de pessoal, mas sim com o corte de gastos , muitas recorreram às consultorias, que não reclamam do assédio e das agendas lotadas.

Mas estabelecimentos de saúde, clínicas e hospitais parecem andar na contramão. Quem ainda não fechou as portas, está pedindo socorro por sentir os reflexos da falta de uma administração mais eficiente. E o problema é que só eles próprios podem se salvar.

Há vários fatores externos e internos envolvidos, mas um bom planejamento pode decidir o sucesso ou não da instituição. Tratar a organização que integra cuidados de saúde com o propósito de obter resultados empresariais é uma questão vital. Isso implica numa visão ampla de auto-sustentação, lucratividade, competitividade e continuidade. Ter conhecimento sobre as áreas de administração e finanças é outra condição básica.

Analisando o quadro do setor de saúde, paralelamente aos hospitais e clínicas que estão em situação de insolvência ou que já encerraram as atividades - e que já ultrapassam a soma dos 200 estabelecimentos de saúde em todo o Paraná - há exemplos eloqüentes de administrações eficientes. O Hospital Pequeno Príncipe e o Hospital Pilar estão entre os que têm encontrado alternativas criativas para contornar crises, além de contar com uma equipe qualificada para gerenciar a parte administrativa.

Compromisso estratégico e união de competências entre médicos, enfermeiros e corpo funcional com gestores, administradores e consultores de organizações, pode significar o "choque de eficiência" necessário e a retomada do caminho certo.


Valter Piva é estrategista de negócios, especialista em gestão empresarial e produtividade. gestores@uol.com.br

Envie para seus amigos

Verifique os campos abaixo.
    * campos obrigatórios

    Comunicar Erro

    Verifique os campos abaixo.

    * campos obrigatórios