Para onde está indo a Medicina?

Seria realista pensar que a incorporação das novas técnicas, com os avanços diagnósticos e terapêuticos, apon¬ta para um futuro brilhante! Todavia, se a história nos ensina que o progresso não é constituído apenas de coisas boas, também nos alerta para o peso das condições socioeconômicas, sobre o papel que, individualmente, devemos ter na sua realização.


Vivemos um tempo de aparente contradição: nunca a ciência médica teve tanta informação sobre o cuidar da saúde e como capacitar seus iniciados; por outro lado, os desafios para propiciar acesso universal aos pacientes e treinamento de qualidade aos médicos continuam quase insuperáveis.


No Brasil, as contradições são ainda mais injustas. A distância daquilo que se deveria garantir à população é cada vez maior. Na área da saúde, se não bastasse a discussão sobre a dicotomia entre falta de recursos e capacidade de gestão, ainda convivemos com medidas demagógicas sobre as reais necessidades da população.


Esse cenário se reveste de mais tragédia quando o governo, por visão equivocada e desconhecimento da experiência mundial, propõe soluções que ignoram a realidade do trabalho na área da saúde.


É dos princípios da lógica clássica que de presunções erradas só serão possíveis conclusões equivocadas. Nos últimos meses temos convivido com manifestações sobre a falta de médicos no Brasil. Se isso é uma afirmação parcialmente verdadeira, deveria ser utilizada como instrumento de reflexão sobre outro fenômeno não menos verossímil: a concentração dos profissionais de saúde em determinadas localidades e ausência em outras. A observação despretensiosa da realidade constataria que, mesmo em locais de alta concentração de médicos, também há falta desses profissionais nas unidades de saúde.


Assim, impõe-se um olhar mais crítico sobre esse tema. Infelizmente, o mundo real não é tão simples, e é lamentável que governantes desconheçam a história e as experiências de outros países e tentem inventar sua própria roda. Não há nenhum desdouro em procurar novos caminhos, desde que não seja mais uma tentativa de reinventar a quadradura do círculo!



Artigo escrito por Bráulio Luna Filho, diretor 1º secretário do Cremesp.

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