05/07/2018

Pesar: Dr. Iran Domingos Pizzolatti Alves (CRM-SC 442)

Formado pela UFPR em 1959, atuou em Santa Catarina e residia na Grande Curitiba desde a aposentadoria

O Conselho Regional de Medicina do Paraná registra com pesar o falecimento do médico Iran Domingos Pizzolatti Alves (CRM-SC 442) ocorrido nesta quarta-feira (4) no Hospital Santa Cruz, em Curitiba. Ele tinha 88 anos. O corpo foi velado na capela mortuária Perpétuo Socorro, em Campo Largo, com a cerimônia de despedida de familiares e amigos às 11h desta quinta (5).

Nascido em Araranguá (SC), em maio de 1930, formou-se em medicina pela Universidade Federal do Paraná, em 1959, tendo atuado por mais de três décadas nos municípios catarinenses de Iomerê e Joaçaba. Depois de se aposentar, voltou a Curitiba, onde se dedicou a escrever sobre literatura médica.

Em 2007, prestes a comemorar o Jubileu de Ouro, ele lançou o livro “Um médico em apuros”, onde em 158 páginas relata toda a sua experiência desde as dificuldades para sair do interior de Santa Catarina e se tornar um aluno da UFPR até as primeiras investidas como médico, após apenas trinta dias da formatura
clique para ampliarclique para ampliarDr. Iran, no lançamento do seu livro, em 2007. (Foto: Arquivo)

Quando do lançamento, ele descreveu: “Araranguá era uma cidade pequena na época. A Faculdade de Medicina do Paraná era a única maneira de estudar. Eu precisava vir para cá. Como sempre trabalhei e remava com meu pai para conseguir peixes para a nossa alimentação, tinha um bom porte físico e passei no teste do exército como tipo A. Fiz de tudo para vir para Curitiba, mas queriam me enviar para o Batalhão da Guarda no Rio de Janeiro. Papai teve de conversar com muita gente até que conseguíssemos que eu viesse para Curitiba. Na época eu servia no Boqueirão e vinha de bonde para estudar no centro. Fiz curso de cabo, sargento e passei sempre nos primeiros lugares. Queriam que eu ficasse por lá, mas eu queria a Medicina.”

Antes de ingressar na faculdade, trabalhou como enfermeiro no hospital da Cruz Vermelha. “Eu trabalhava doze horas por dia e estudava na biblioteca. Quando pedi demissão, não me deixaram sair. Tive de fugir para poder estudar mais e prestar o vestibular para Medicina. Fiz o vestibular e passei em Química e Física, mas faltaram três centésimos para passar em Biologia. Então consegui um emprego na Saúde Pública e voltei a estudar. Passei em 55º lugar entre 1.500 candidatos. Hoje o vestibular é de cruzinhas, mas no meu tempo tinha provas escritas e orais, que dependiam muito até do humor do professor que nos avaliava no dia.”

As passagens relatadas com detalhes em cada um dos capítulos do livro citam, por exemplo, como o Dr. Iran usava fio de algodão para fazer suturas, água oxigenada para curar micoses e que trazem os “dizeres” de seu primeiro cartão de visitas: “Dr. Iran Domingues Pizzolatti Alves – Médico Operador – Clínica de adultos e crianças – Doenças de Senhoras”.

Uma reflexão do médico feita à época do lançamento da obra: “Naquele tempo, a Medicina era realmente Medicina. Fazíamos Medicina com o coração, ouvíamos atentamente as queixas, tomávamos suas dores e procurávamos de todos os meios para ajudá-lo a resolver seus problemas, nos tornávamos seu amigo, seu confidente. Hoje, quando converso com alguém e digo que era médico do interior, invariavelmente me perguntam qual era minha especialidade e eu respondo que quando me formei não existia Residência, e que eu fazia de tudo um pouco: clínica, cirurgia geral, obstetrícia, juntava casal e separava casal. Tínhamos de atender e resolver. Por isso os dizeres no meu primeiro bloco de receituário.”

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