08/06/2010
Pesquisa do CFM ajudará a entender o alto número de cesarianas no âmbito da saúde suplementar
Conhecer a percepção de ginecologistas e obstetras sobre o parto normal e identificar as razões pelas quais o índice de partos
cirúrgicos (cesarianos) é tão elevado na rede de saúde suplementar do país são os principais objetivos da Pesquisa Médica
sobre Assistência Obstétrica na Saúde Suplementar, organizada pela Comissão de Parto Normal do Conselho Federal de Medicina
(CFM). A coleta de dados terá início nesta terça-feira (8) e tem como alvo os 16.163 médicos associados à Federação Brasileira
das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
"Os resultados deste estudo subsidiarão a Comissão e as instituições que a compõem a estabelecer ações voltadas para
a promoção do parto normal na esfera da saúde suplementar", explica José Fernando Maia Vinagre, coordenador do grupo. A Comissão
existe desde 2008 e reúne representantes do CFM, da Febrasgo, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e da Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP).
Levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde em 2008 revelou que 43% de todos os partos realizados no país são cesarianos.
Na rede de assistência suplementar o número de cesarianas representa 80% do total de partos. Os índices são muito superiores
ao que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 15%. À época da divulgação desses números, o ministro José
Gomes Temporão afirmou que o Brasil vivia uma "epidemia de cesarianas".
De acordo com o Ministério da Saúde, são registrados por ano aproximadamente 3 milhões de nascidos vivos no país.
Destes, 2,1 milhões nascem em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) - 1,4 milhão de partos normais, 670 mil de cesarianas.
Os dados mais recentes do SUS, de 2009, indicam que as cesárias representam 34% dos partos realizados no sistema de saúde
pública.
"Há indícios de que o elevado número de cesarianas esteja relacionado com remuneração, agenda profissional, planejamento
hospitalar, estrutura de atendimento, desinformação e a alguns outros fatores; a pesquisa verificará se estes indícios correspondem
à realidade e qual é o peso de cada fator no momento da escolha pelo tipo de parto", diz Vinagre.
A coleta de dados para a pesquisa ocorrerá via internet, durante dois meses, entre obstetras e ginecologistas associados
à Febrasgo, em todo o país. Os participantes fornecerão informações sobre tópicos diversos, entre os quais estão a posição
assumida diante do alto índice de partos cesarianos, os fatores técnicos e remuneratórios que intervêm na opção por esse tipo
de parto, as estratégias possíveis de estímulo ao parto normal, as justificativas apresentadas comumente pela população assistida
quando da opção pessoal pelo parto cesariano, a formação e a atuação profissional. Os dados serão consolidados e comporão
um relatório que deve ser concluído até o mês de setembro.
Todos os ginecologistas e obstetras associados à Febrasgo estão convocados a participar da pesquisa. Os questionários
estarão disponíveis a partir de terça-feira no endereço http://www.medico.cfm.org.br/pesquisaparto. As respostas individuais
serão mantidas em sigilo, desvinculadas da identidade dos participantes. A segurança do procedimento é assegurada por um mecanismo
de autenticação que exigirá do médico o número de seu registro no CRM local, a data de seu nascimento e a identificação da
unidade da federação onde está registrado. Uma vez que os questionários tenham sido remetidos, não será possível preenchê-los
uma segunda vez ou retificar as respostas.
Fonte: CFM