05/05/2010

Pnad reúne informações que podem auxiliar a melhoria dos serviços de saúde

Fornecer um panorama da saúde no Brasil. Este é o objetivo do Suplemento de Saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Coordenado pelo pesquisador Francisco Viacava, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), o Suplemento de Saúde da Pnad traz informações relevantes sobre o uso dos serviços de saúde, públicos e privados.
Coletados a partir de um questionário aplicado a moradores de 150 mil domicílios brasileiros por agentes do IBGE, os dados trazem informações que podem auxiliar o aprimoramento dos serviços de saúde. A análise do suplemento revela que 77,3% da população avaliaram a própria saúde como "muito boa ou boa" e que os postos de saúde continuam sendo os locais mais procurados para atendimento. Além disso, mais de 95% das pessoas que procuraram os serviços de saúde (público ou privado) foram atendidas na primeira tentativa, e mais de 85% dos atendidos consideraram o atendimento "muito bom ou bom".

"Entre 1998, quando foi divulgada a primeira edição do suplemento, e 2008, a parcela da população com plano de saúde passou de 24,5% para 26,3%. De 2003, data da segunda edição do suplemento, a 2008, aumentou de 54,7% para 67,7% o percentual de pessoas que consultaram um médico nos últimos 12 meses. Esse aumento foi verificado em todas as regiões do país", explica Viacava. De acordo com o pesquisador - um dos responsáveis pela criação do questionário que deu origem ao Suplemento de Saúde da Pnad - esta terceira edição traz dados que permitem análises sobre a evolução das desigualdades sociais na saúde, o acesso e a utilização dos serviços de saúde e as condições socioeconômicas da população, além dos fatores de risco e de proteção à saúde dos brasileiros.

O suplemento traz informações como, por exemplo, o percentual de pessoas com cobertura nacional por plano de saúde segundo as Pnads; o acesso da população à cobertura por plano de saúde público e privado; as formas de vinculação aos planos dos titulares; o percentual de pessoas que consultaram médico nos últimos 12 meses por situação urbano/rural e segundo renda per capita; o percentual dos que procuraram dentista nos últimos 12 meses; os tipos de serviços de saúde de uso regular normalmente procurados, entre outras. "Entre 1998 e 2008 foi observada redução de desigualdade de renda no acesso à consulta médica de 40% para 25%, quando se compara os 20% mais ricos e os 20% mais pobres da população brasileira", detalha Viacava.

De acordo com o pesquisador, o suplemento atende também segmentos do Ministério da Saúde que necessitam de dados específicos para aplicar em suas respectivas áreas de atuação. "O Instituto Nacional do Câncer (Inca) solicitou informações sobre mamografia e exames de colo de útero, a fim de gerar indicadores. Tal demanda resultou em informações relevantes sobre a saúde da mulher", afirma.

Segundo dados do suplemento, de 2003 a 2008 aumentou de 46,1% para 60,4% o percentual de mulheres, entre 50 a 69 anos, que realizaram mamografia nos últimos três anos. "A Pnad é anual, mas o Suplemento de Saúde sai a cada cinco anos. Iniciamos em 1998, fizemos o segundo em 2003 e agora lançamos o de 2008. Percebemos que o acesso à saúde no Brasil aumentou, mas ainda é preciso refinar mais o questionário para analisarmos outras questões", considera Viacava.

O uso dos microdados gerados pelo questionário é essencial não só para o aprimoramento das pesquisas, mas também para os gestores da saúde. Com este fim, os pesquisadores do Lis, do IBGE e do Departamento de Informática do SUS (DataSUS) disponibilizaram, em 2009, os dados coletados nos suplementos de 1998 e 2003 na ferramenta Tabnet, do DataSUS. Em três meses serão disponibilizados os números de 2008.

Com a iniciativa, pesquisadores e gestores de saúde podem gerar informações sobre o acesso e a utilização de serviços de saúde no país. Como a ferramenta permite cruzar os dados com informações socioeconômicas e demográficas da Pnad, é possível construir indicadores para monitorar as desigualdades sociais em saúde e o acesso aos serviços de saúde, nos últimos dez anos, nas grandes regiões, estados e regiões metropolitanas do Brasil.

"Com o Tabnet, o usuário escolhe variáveis e filtros, que formarão tabelas geradas de forma automática, via web, com informações sobre acesso e utilização de serviços. No caso do Suplemento de Saúde da Pnad, como os dados são obtidos através de uma amostra probabilística da população residente, o Tabnet gera as estimativas com intervalos de confiança de 95%", explica Viacava. O próximo passo, segundo ele, é o lançamento, em 2011, pelo Icict/Fiocruz, de uma publicação científica com artigos de pesquisadores feitos a partir da análise dos microdados disponibilizados pelo Suplemento de Saúde da Pnad 2008.


A Pnad

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios é uma pesquisa amostral realizada anualmente, em âmbito nacional, pelo IBGE, para investigar as características socioeconômicas da população, como educação, trabalho, rendimento e habitação (pesquisadas anualmente). Desde 1998, a cada cinco anos, a pesquisa é acompanhada de um suplemento sobre acesso e utilização dos serviços de saúde, formulado por um conjunto de sanitaristas e demógrafos, em 1996. Esse suplemento foi reaplicado em 2003 e em 2008, com algumas questões adicionais sugeridos pelo Ministério da Saúde. A divulgação dos dados da Pnad é feita pelo IBGE por meio de publicações e da divulgação dos microdados.


Dados da Pnad 2003 e 2008

As bases de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2003 (reponderada) e 2008 foram convertidas para o formato ".sav", pelo Laboratório de Informação em Saúde (Lis/Icict), para serem utilizadas no SPSS. Foram adicionadas nestes arquivos as descrições das variáveis e de suas categorias.

Os dados originais, em formato "txt", acompanhados de toda documentação, encontram-se na página do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Fonte: Fiocruz

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