20/11/2018

Presidente eleito confirma deputado Mandetta para Ministério da Saúde

Crítico dos cubanos no Mais Médicos e defensor da carreira médica de Estado esteve em Curitiba em junho, para lançar o Instituto Brasil de Medicina; CFM publicou carta congratulando o presidente eleito pela escolha do ministro

clique para ampliarclique para ampliarCoordenador da Frente Parlamentar da Medicina, Mandetta esteve em Curitiba, em junho, para oficializar o Instituto Brasil (Foto: CRM-PR)

Em seu primeiro pronunciamento após a nomeação como futuro ministro da Saúde, realizado na tarde desta terça-feira (20), o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) criticou a participação dos médicos cubanos no programa Mais Médicos. “Esse era um dos riscos de se fazer um convênio terceirizando uma mão de obra tão essencial. Os critérios, à época, me pareciam ser muito mais de um convênio entre Cuba e o PT e não entre Cuba e Brasil”, afirmou ele, que se posicionou contrário à atuação dos cubanos sem o processo de revalidação do diploma médico (Revalida).

Ainda de forma vaga, o deputado disse que uma das possíveis formas de fazer o Revalida dos profissionais que atuam no Mais Médicos seria avaliá-los em serviço. Sugestão que se opõe às exigências do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que defende que os cubanos sejam submetidos ao Revalida tal como ele funciona hoje. Atualmente, não existe revalidação de diploma por meio de avaliação em serviço. O anúncio de Mandetta ao Ministério da Saúde acontece em meio à polêmica causada pela saída de Cuba do Mais Médicos, anunciada pelo governo cubano no último dia 14. Em comunicado, as autoridades do país afirmaram que a saída foi uma resposta às propostas de mudanças consideradas “inaceitáveis” pelo país. O programa foi criado em 2013, durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas continuou em funcionamento mesmo após o impeachment, em 2016.

Um dos idealizadores do lançamento do Instituto Brasil de Medicina (IBDM), voltado a incentivar campanhas políticas em todo o país para dar sustentação à Frente Parlamentar da Medicina, da qual é coordenador, Mandetta tem forte apoio da categoria médica por ser defensor da carreira de médico no sistema público de saúde, que permitiria a interiorização do profissional em condições de oferecer assistência de qualidade à população. O deputado esteve na primeira quinzena de junho deste ano na Associação Médica do Paraná, para oficializar, ao lado dos representantes das entidades médicas locais, o IBDM.

No Paraná, os quatro parlamentares apoiados para o Congresso foram eleitos: Oriovisto Guimarães, para o Senado, e Pedro Lupion Ney Leprevost e Luciano Ducci para a Câmara.

clique para ampliarclique para ampliarO nome de Mandetta foi anunciado por Bolsonaro em reunião com a bancada da saúde em Brasília (Foto: CRM-PR)

CONFIRMAÇÃO

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), confirmou nesta terça-feira (20/11) o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) como futuro ministro da Saúde. Este é o 10º nome anunciado para o próximo governo e o terceiro ministro do Democratas. “Estamos aqui como soldados para gente saber qual o melhor caminho para enfrentar a batalha”, disse pouco depois de ter sido confirmado ministro da Saúde. O nome de Mandetta foi defendido por grupos próximos a Bolsonaro, como o futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o governador eleito de Goiás, Ronaldo Caiado.

O nome de Mandetta foi anunciado por Bolsonaro em reunião com a bancada da saúde em Brasília. Logo depois, ele publicou a escolha em suas redes sociais. “Com o apoio da grande maioria dos profissionais de saúde do Brasil, anuncio como futuro Ministro da Saúde, o Doutor Luiz Henrique Mandetta”, escreveu. A deputada federal Carmen Zanotto (PPS-SC), membro da Frente Parlamentar da Saúde, afirmou que a nomeação de Mandetta foi escolhida por Bolsonaro e é respaldada pelo grupo de deputados.

Médico ortopedista, com foco em pediatria, Mandetta já atuou no Hospital Militar e no Hospital Geral do Exército, no Rio de Janeiro, e foi diretor da Santa Casa de Campo Grande e da Unimed. Também foi secretário municipal de saúde de Campo Grande, cargo que assumiu em 2005 e onde ficou até 2010, saindo para candidatar-se a deputado federal, cargo que ocupa desde então. Mandetta, no entanto, não se candidatou às eleições neste ano. Durante a campanha, Mandetta deu dicas para Bolsonaro. É dele, por exemplo, a ideia de investir em projetos para melhorar a saúde bucal de gestantes.

O deputado não se mostrou abalado pelo fato de responder a uma ação civil pública de atos relativos ao período de seis anos em que foi secretário de Saúde em Campo Grande, tendo demorado em responder ao convite do presidente eleito exatamente para que a sua situação fosse avaliada.

DESAFIOS

Mandetta terá muitos desafios a enfrentar na gestão da saúde no Brasil. Área apontada em pesquisas como uma das principais preocupações da população, a saúde vive um paradoxo. Em 30 anos, o SUS (Sistema Único de Saúde) consolidou-se como o maior sistema de saúde gratuito do mundo, atendendo a quase 75% da população do país. A oferta de serviços, porém, é desafiada por um quadro crônico de subfinanciamento, que pode piorar nos próximos anos. Ao mesmo tempo, diante de uma projeção de aumento nos gastos, o sistema desperdiça recursos por conta da ineficiência. E quem sofre é a população, que enfrenta filas, tem dificuldade de acesso a especialistas, passa longo tempo à espera por cirurgias eletivas e encontra emergências superlotadas.

APOIO

O Conselho Federal de Medicina (CFM) encaminhou na tarde desta terça-feira (20) carta ao presidente da República eleito Jair Bolsonaro cumprimentando-o pela escolha do deputado federal Luís Henrique Mandetta para o cargo de Ministro da Saúde.

 
No documento a autarquia afirma que Mandetta é um médico com condições de coordenar em nível nacional as ações da Pasta na condução de suas políticas e programas. No texto, o CFM diz esperar que seja inaugurado um canal de diálogo entre o Governo e a categoria médica, por meio de suas entidades de representação."O CFM se coloca à disposição para colaborar com a construção de um sistema de saúde mais justo e solidário, orientado por compromissos com a ética e a vida".
 
Leia a seguir o ofício encaminhado ao presidente da República eleito:

Fontes: Uol, Agência Brasil e CRM-PR.

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